A casinha parecia menor do que Celeste lembrava.
As paredes descascadas, o portão que ainda rangia, o jardim que agora era só mato crescido... e mesmo assim, tudo ali pulsava como se tivesse ficado esperando por ela.
Ela empurrou o portão devagar, o som enferrujado ecoando entre a memória e o presente. O chão de pedra, o batente da porta com a marquinha que ela e Matteo tinham riscado com canivete — um "C + M", tímido, escondido, mas ainda lá.
O coração dela apertou de um jeito estranho. Quente. Familiar. Quase dolorido.
Enquanto isso, do outro lado da cidade, Matteo parou no meio do que fazia.
Não havia som. Não havia razão. Só um arrepio que correu pelas costas e a sensação clara, absurda, inegável:
Ela voltou.
Ele não sabia como sabia. Só… sabia.
Talvez fosse o vento, talvez o silêncio diferente, talvez o fato de que aquele dia, desde o amanhecer, parecia outro. Ou talvez fosse simplesmente o coração dele — que nunca aprendeu a esquecer.
Sem pensar, Matteo pegou a chave do carro e saiu. O caminho até a casa dela era tão conhecido quanto o próprio nome. O bairro antigo, a rua das árvores tortas, a curva onde ela sempre tropeçava na infância… tudo estava igual. Exceto o tempo.
E então ele a viu.
De costas, no pequeno quintal, o cabelo solto dançando com o vento.
O mundo parou.
Matteo estacionou e saiu devagar, como se tivesse medo de que ela sumisse se ele se aproximasse rápido demais.
Celeste virou, sentindo algo dentro dela estremecer. E então os olhos deles se encontraram.
Foram segundos. Mas nesses segundos, tudo voltou.
A infância no quintal, os sorrisos compartilhados, os desenhos na calçada, as lágrimas da despedida, as mensagens não respondidas, as palavras que nunca disseram… e o amor. O amor quieto, escondido, antigo — mas ainda vivo.
— Matteo... — ela disse, como quem respira depois de muito tempo submersa.
Ele não respondeu com palavras. Só caminhou até ela. Os olhos brilhando, a boca entreaberta como se o coração falasse primeiro. Quando ficou perto o suficiente, ele a olhou como quem encontra algo perdido há anos.
— Eu sabia, — ele sussurrou. — Eu sabia que você tinha voltado. Meu peito me avisou antes de qualquer coisa.
Ela sorriu entre as lágrimas.
— Esse lugar… esse momento… parece um sonho.
— É real. Você tá aqui. Eu tô aqui. E talvez seja agora que tudo começa de novo.
Ela estendeu a mão, hesitante.
Ele pegou com ternura, os dedos se entrelaçando como antes, como sempre.
O reencontro não foi feito de explicações. Foi feito de sentimento.
Porque quando duas almas se reconhecem, não é preciso dizer muito. O que é verdadeiro se entende no silêncio.
Ali, no quintal da casinha antiga, com o cheiro de saudade e céu limpo, eles se olharam como se o tempo tivesse se curvado para permitir que aquele momento existisse.
E existiu.
Com todo o amor guardado. Com toda a intensidade de quem nunca deixou de sentir. Com toda aquela paixão avassaladora. Ela estava de volta em seu lar.
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Atualizado até capítulo 46
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