Capítulo 5

Luma Ferreira:

O que essas velhas estavam falando?

Já fazia exatamente um tempo que eu bebia, não estava nem entendendo mais a mim mesma. Depois que descobri que o cara que eu me segurei, digamos assim, no elevador, era o Arthur, fiquei em estado de choque e vergonha.

Como eu poderia ter feito aquilo?

Que vergonha.

Por isso, estou bebendo em um canto escondida e, no máximo, evito conversar com as pessoas. Eu vi Arthur depois do elevador apenas na hora em que ele começou a falar sobre sua festa de noivado. Fiquei em choque.

Primeiramente porque ele estava totalmente diferente. Um gostoso. Em segundo lugar porque ele estava se casando com Rebeca, aquela garota que infernizou nossa vida no colégio, não só a nossa, mas a de todo mundo.

Uma vez, briguei com ela e ainda arranquei seu aplique de cabelo, coisa que ela sempre falava que seu longo cabelo era natural. A gente se odeia; eu acho que ela ainda me odeia. Por outro lado, não guardo tanto rancor. Brincadeira, ela roubou meu par no baile da escola e eu tenho vontade de roubar o noivo dela para ela aprender.

Respiro fundo e olho ao redor, foi quando meus olhos se encontraram com os dele. Ele estava um pouco afastado de todos, assim como eu.

Vejo quando ele me chama com a mão e rapidamente paraliso. Será que ele se lembrou de mim? Será que ele vai falar sobre o que aconteceu no elevador? Ah, que vergonha.

"Ela se imaginava em meio aos convidados, todos rindo, sussurrando as partes mais humilhantes da história. 'Olha, é a garota que pulou noivo!' Os olhos de todos a observavam com um tipo de divertimento que ela não conseguia suportar. Era uma cena que se desenhava claramente, como um filme em que ela era a protagonista da vergonha."

Acordei dos meus pensamentos vergonhosos e rapidamente falei para minha mãe que eu precisava ir; nos encontraríamos em casa.

Saí correndo de lá, pegando o elevador e rapidamente apertando o botão do térreo. Quando cheguei ao meu destino, saí correndo como nunca corri na minha vida em direção à rua. Eu não sabia para onde estava indo, eu só queria ir o mais rápido possível para longe dali.

Alguns minutos depois, eu estava andando por um parque. As crianças andavam com seus pais e alguns já mais velhos brincavam. Sentei-me em um banco e respirei fundo.

É bom estar de volta em casa, mas eu mal cheguei e já quase me meti em encrenca. Imagina o escândalo que seria se todos soubessem o que fiz no elevador e acabassem distorcendo as histórias. Eu até já via as manchetes de jornais e sites de fofocas:

"Filha do Governador Embarca em Romance Proibido: O Escândalo que Põe Tudo a Perigo",

"Traição nas Sombras: Filha de Governador Se Envolve com Marido de Outra",

"A Volta à Polêmica: Filha do Governador em Relacionamento Escandaloso com Homem Casado",

"Filha do Governador: Amor Proibido ou Busca de Atenção? O Que Está por Trás da Polêmica",

"No Olho do Furacão: Filha do Governador e o Romance Que Pode Custar-Caríssimo!",

"Escândalo Familiar: Filha de Governador e o Amor Proibido que Abalou o Estado",

"Chocante! Filha do Governador Rompe Todas as Regras ao Se Envolver com Homem Casado".

Sinto um frio na espinha só de pensar nisso.

Bem! Dessa eu me livrei. Espero nunca mais me envolver em assuntos que possam gerar críticas. Meu pai arrancaria minha cabeça fora ou, melhor, tiraria minha pele e trocaria pela bandeira no mastro à frente da nossa casa.

Sinto um cheiro bom e rapidamente saio dos meus devaneios.

Olho ao redor e encontro um carrinho de cachorro-quente. Havia várias crianças lá, todas animadas para comer. Sinto minha barriga roncar e minha boca salivar. Me levanto e começo a andar em direção ao homem que vendia aquela delícia, paro no caminho apenas para tirar aqueles saltos que estavam me incomodando.

— Boa noite, senhor. — falo para o homem que acaba de entregar um cachorro-quente a um garoto. Ele me olha e sorri.

— Boa noite, moça mascarada. — diz e sorri ao lembrar que ainda estou de máscara. — O que deseja?

— Quero dois cachorros-quentes. — falo e lembro que não tinha mais nenhuma nota de dinheiro, mas que meu pai já havia organizado minhas contas digitais. — Aceita Pix?

— Sim. Aqui está o QR code. — diz ele, me entregando uma plaquinha.

Entro no meu aplicativo do banco e rapidamente faço a leitura do QR code.

— Quanto custa o preço dos dois? — pergunto.

— São 30 reais. — ele diz e rapidamente faço o pagamento.

— Aqui está, bela jovem. Aproveite. — diz ele, me entregando dois cachorros-quentes enormes cheios de coisas gostosas, além de me dar os sachês de ketchup e maionese.

Ando até o banco mais próximo e me sento enquanto pego meu lanche. Aquilo estava tão cheiroso que eu dei uma mordida muito grande, maior que minha própria boca, e quase não consegui mastigar.

Passo algum tempo ali apenas comendo e observando. Tudo parecia tão tranquilo, uma paz inexplicável. Mas claro, não devemos nos enganar pelas aparências. Todo lugar tem seu perigo, e sei que pode ter algum ladrãozinho por aí. Por isso, sempre fico em alerta.

Quando finalmente termino de comer e me sinto satisfeita, me levanto e começo a andar. Ando até a rua onde há alguns homens parados com várias motos. Leio o nome em seus coletes, onde diz que eles são moto-táxis. Nunca andei de moto.

— Olá, senhor. — falo para um homem moreno que segurava um capacete e conversava com um senhor de idade.

— Senhorita. — diz ele, me dando atenção.

— Quanto custa para o senhor andar comigo pela cidade e depois me levar para casa? — falo, sorrindo. — Apenas pelas ruas principais.

— A corrida eu cobro 10 reais, mas como você quer andar pela cidade, eu cobro 40. — diz ele.

— Ótimo. Agora você será meu motorista particular. — falo, tomando o capacete da mão dele e colocando na minha cabeça. Vejo ele sorrir enquanto balança a cabeça e logo pega outro capacete e monta na sua moto; faço o mesmo, sentando na garupa.

Ele rapidamente sai comigo, andando por algumas ruas. Eu estava descalça e ainda usava a máscara por baixo do capacete. Depois do meu passeio, que levou vinte minutos, o homem finalmente me levou até minha casa e fiz o pagamento. Logo em seguida, ele foi embora.

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