Capítulo 4

Arthur Almeida:

As horas pareciam intermináveis naquele elevador, ou era só a minha falta de paciência devido à mulher à minha frente batucando seu pé no chão. Foi quando ouvi um barulho vindo e, do nada, as luzes se apagaram.

Senti um corpo se jogar contra o meu e aquele delicioso aroma me atingiu em cheio. A mulher me abraçou como se a sua vida dependesse daquilo, e eu gostei. Gostei do fato dela achar, ou eu parecer, ter essa aparência protetora.

Segurei na cintura dela e a apertei contra mim; não pude negar, eu estava cheirando o cabelo dela... aquele cabelo escuro que me deixou fascinado desde o momento em que a vi pela primeira vez há algum tempo atrás.

Foi quando a luz de emergência ligou e ela se afastou um pouco, suas mãos em meus ombros e as minhas na sua cintura, segurando-a fortemente. Mas paralisei ao olhar para seu rosto; ela era linda por completo... por mais que eu não visse seu rosto, aqueles olhos escuros me atingiram em cheio. Eu fiquei sem respirar por alguns segundos encarando-a.

Porra, o que eu estou fazendo? Estou indo para a minha festa de noivado e fico aqui sentindo desejo por uma desconhecida.

Ela parece perceber a mesma coisa e rapidamente se afasta, falando algo que não entendi muito bem, mas que fiquei decorando para pesquisar o que ela havia pronunciado. Não era português, então, o que essa mulher está fazendo aqui?

Foi quando a luz voltou e voltamos a subir, meu olhar queimando sobre suas costas nuas e... cala a boca, Arthur. Me repreendo.

Quando as portas abriram, ela não perdeu tempo e saiu em disparada para o meio das pessoas, fazendo-me perdê-la de vista.

Andei até onde minha família se encontrava e, como várias câmeras estavam praticamente na minha cara, abracei minha noiva e a beijei. Sorri e olhei para minha mãe.

- Está atrasado. - diz ela baixinho.

- Desculpe, tive um contratempo no trânsito. Depois faltou energia e fiquei preso por alguns segundos no elevador. Mas nada demais, o importante é que estou aqui. - falei e ela acenou. - Onde está meu pai?

- Como sempre, no meio dos políticos fazendo campanha. Só sabe fazer isso enquanto me deixa plantada aqui como um efeito. - diz ela.

- Amor. - diz Rebeca.

- Oi, querida. - sorri sem graça, odeio demonstração de afeto, mas como estamos cercados por pessoas, preciso fazer isso.

- Você irá fazer um discurso em alguns minutos. - diz ela e rapidamente nego.

- O que irei falar? Não preparei nada. - falei já me odiando por ter aceito essa palhaçada.

- Fala sobre nosso noivado, o quanto você me ama e que logo estaremos casados construindo nossa família. Ah! Fala sobre filhos; as pessoas gostam disso. - diz ela e reviro os olhos.

- Você nem sequer quer ter filhos para não estragar seu corpo. - falo para ela.

- Mas as pessoas não precisam saber. E tem mais, posso soltar uma nota triste algum dia dizendo que não posso ter filhos e que mesmo assim iremos adotar. - diz ela, abrindo um largo sorriso. - As pessoas gostam de gente rica que faz adoção.

Eu não falo mais nada, apenas fico em silêncio esperando o momento do discurso. Aproveito para olhar ao redor e ver se encontro a moça misteriosa. Foi quando a vi falando com a esposa do governador Lenandro Ferreira. De onde elas se conhecem?

Vejo a mesma conversar com outras mulheres que estão com a senhora Ferreira e depois pega uma taça, virando de uma vez. Sorri vendo o jeito com que ela faz careta ao sentir o líquido descer pela sua boca.

- O que tanto você olha? - pergunta Rebeca.

- Estou apenas observando a decoração. Ficou bonita. - falo, mas estou sendo sincero, realmente me agradou muito. Tirando as máscaras.

- Eu também gostei. Agora se prepara que você já irá falar. - diz ela, apontando para um homem de terno que segurava um microfone.

Suspiro fundo e ando até o homem olhando o maldito microfone.

- Boa noite a todos. Sou Arthur Almeida e queria falar algumas palavras antes de festejarmos. - falo e meu olhar se encontra com o da moça misteriosa que segurava outra taça de champanhe. - Recentemente fiquei noivo de Rebeca Santos, filha de um grande amigo do meu pai e prefeito da nossa cidade, Eduardo Santos. Rebeca é uma mulher doce, carinhosa e será uma boa esposa. Juntos vamos unir nossas famílias e seremos felizes.

- Senhor? - diz um homem que estava como fotógrafo. - Vocês pretendem ter filhos?

- Sim, claro... em um futuro breve teremos um bebê. Um bebê Almeida. E minha futura esposa, Rebeca Almeida, será uma grande mãe. - falo sentindo um gosto amargo na boca.

Rebeca rapidamente anda até mim e segura meu braço. Entrego o microfone para ela, que rapidamente começa a falar.

- Estamos felizes e agora vamos comemorar. Aproveitem. - diz ela e rapidamente entregamos o microfone ao homem que ainda esperava e voltamos para perto da nossa família.

- Que lindo discurso, meu filho. - diz minha mãe.

- Vocês com certeza nos darão lindos netos. - diz minha sogra, Letícia.

Apenas aceno para ela e volto a procurar a moça misteriosa. Mas não a vejo. Onde será que ela se meteu?

[...]

Algum tempo depois, eu já estava um pouco bêbado; a falta de ter o que fazer enquanto minha noiva desfila para cima e para baixo me deixa tonto, será a bebida?

Me sentei em uma cadeira um pouco afastada de todos; eu não queria falar com ninguém. Muitos haviam chegado a mim puxando assunto, mas falei poucas palavras e me afastei. Olho ao redor e finalmente encontro a mulher do elevador.

Ela deve sentir meu olhar sobre ela porque também olha na minha direção e ficamos nos encarando. De repente, levanto minha mão e a chamo com o dedo. Mas, no mesmo momento, me toco que estou na minha festa de noivado e arregalo os olhos. Será que alguém viu isso?

A mulher parece se assustar com o que eu fiz e fala algo para a mulher do governador e rapidamente sai, entrando no elevador.

Vejo que ninguém nota nada e me levanto, indo atrás dela. Eu queria pedir desculpas pelo que fiz; afinal, ela pode espalhar por aí o que eu fiz e pegaria muito mal eu chamando outra mulher na minha própria festa de noivado.

Entro em outro elevador na tentativa de alcançá-la no térreo. Porém, foi uma tentativa falha. O elevador que ela havia descido já estava vazio e ela havia desaparecido...

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Comments

Dulce Gama

Dulce Gama

Que situação vai ser uma páreo pra se acertar se eles forem os principais personagens oque vai ter de cobra 🐍🐍🐍🐍 pra infernizar a vida deles ❤️❤️❤️❤️❤️👍👍👍👍👍🎁🎁🎁🎁🎁🌹🌹🌹🌹🌹🌹🌟🌟🌟🌟🌟

2025-04-20

0

bete 💗

bete 💗

aguardando ansiosa ❤️❤️❤️❤️❤️

2025-04-12

0

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