Vermelho Clandestino

Vermelho Clandestino

Asas Douradas

Capítulo 1 – Asas Douradas

Estela

"Não esqueça de sorrir, querida. Ninguém gosta de uma princesa entediada."

A voz da minha madrasta ecoava na memória enquanto eu descia as escadas principais da mansão, os degraus de mármore refletindo o brilho dos lustres. O vestido vermelho parecia gritar contra o dourado do salão. Exatamente como eu queria.

No salão, o perfume era uma mistura de dinheiro, champanhe e mentiras. Cada convidado parecia mais falso que o anterior, todos tentando adivinhar quem ia trair quem primeiro.

— Estela! — chamou minha madrasta, Antonella, se aproximando com um sorriso ensaiado. — Você está um escândalo, meu bem.

— Obrigada, Antonella. — sorri com doçura venenosa. — E você está... conservada.

Ela piscou, e eu fui embora antes que respondesse. Meu pai observava tudo do topo da escada, um deus entre homens, com o copo de uísque em uma mão e o controle do mundo na outra.

Eu não queria estar ali. E ainda assim, ali estava eu, rainha de um tabuleiro que nunca escolhi jogar.

Foi quando vi ele.

Alto. Paletó escuro. Um sorriso preguiçoso. E olhos que não pertenciam a ninguém dali.

Ele me olhou como se tivesse me visto despida. Mas não do vestido. Da armadura.

E andou até mim.

— Não me diga que alguém tão linda quanto você está entediada em sua própria festa. — a voz dele era baixa, rouca, como se risse de tudo.

— E não me diga que você é mais um dos convidados que acha que pode dizer qualquer coisa só porque veste um terno bem cortado.

— Posso dizer que seu vestido parece perigoso?

— Só se eu puder dizer que sua presença parece fora de lugar.

Ele sorriu.

— Leonardo Arantes — estendeu a mão.

— Estela Mancini — respondi, aceitando o toque. Mãos firmes. Mas frias.

— Mancini? — ele fingiu surpresa. — Ah... a anfitriã da noite.

— A boneca da vitrine, você quis dizer?

— Bonecas não olham desse jeito.

Arqueei uma sobrancelha.

— Que jeito?

— Como se estivessem à beira de quebrar... ou matar alguém.

Engoli em seco. Ele era perigoso. E isso me atraía mais do que deveria.

Vicente

Ela era tudo o que diziam — e nada do que esperavam.

Estela Mancini tinha o tipo de beleza que vinha com facas escondidas. E eu gostava disso. Gostava demais para o meu próprio bem.

Ela me estudava como um livro trancado. Não com a vaidade de quem espera ser desejada, mas com a cautela de quem aprendeu a não confiar em ninguém.

— Nunca ouvi falar de você — disse ela, erguendo uma taça de champanhe.

— Isso é bom ou ruim?

— Ainda estou decidindo.

— Talvez eu devesse me esforçar mais.

— Talvez devesse ir embora enquanto ainda pode — ela disse, olhando por cima do ombro discretamente. — Meu pai está observando.

Eu virei um pouco para o lado. Lá estava ele. Arturo Mancini. O homem que destruiu minha família.

— Que sorte a minha — sorri. — Mal cheguei e já estou sendo notado pelo rei.

— Meu pai não gosta de surpresas.

— E você?

— Eu... — ela hesitou. — Eu gosto de coisas reais. E reais são perigosas aqui dentro.

— Então talvez você devesse fugir comigo — brinquei.

Ela sorriu pela primeira vez. Um sorriso triste.

— Se eu fugir... eles me acham.

Silêncio.

O tipo de silêncio que grita. O que diz mais do que qualquer frase. E então ela se inclinou ligeiramente.

— Me encontre no jardim dos lírios. Dez minutos.

— E se eu não for?

— Você vai — ela disse, virando as costas. — Homens como você sempre vão.

E, diabos, ela estava certa.

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