capt 4

O quarto era amplo, mas gelado como uma cela. As paredes de cimento cru pareciam absorver qualquer calor humano. No canto, uma cama de ferro com lençóis brancos e finos parecia mais um lembrete de isolamento do que conforto. Uma pequena mesa de madeira sustentava um prato com comida esfriando, e no alto da parede, uma câmera de vigilância observava tudo. Samanta entrou devagar, olhando em volta com cautela.
Yuri
Yuri
Vai ficar aqui até que seu irmão apareça. Se aparecer.
As palavras dele ainda ecoavam na mente dela. A porta se fechou com um estalo metálico, e o som da tranca girando foi como um soco no estômago. Ela correu até a maçaneta e a girou com força. Trancada. Óbvio.
Ela se encostou na parede, sentindo o frio atravessar o tecido da roupa. Respirou fundo. Estava sozinha, num lugar desconhecido, à mercê de um homem perigoso e impiedoso. Mas Samanta nunca foi frágil.
Caminhou pelo quarto, analisando cada canto. Não havia janelas. Nenhuma fresta. O teto era alto, e a única fonte de luz vinha de uma lâmpada embutida, fria e impessoal. Tudo ali parecia cuidadosamente calculado para quebrar a mente de quem estivesse preso.
Ela sentou-se na beirada da cama, mas não relaxou. Seu corpo inteiro estava em alerta. Passou as mãos nos bolsos — nada útil. Apenas um isqueiro pequeno que sempre carregava e um prendedor de cabelo.
Samanta
Samanta
(sussurrando): Eu não vou quebrar. Não por você, Yuri.
A câmera vermelha piscava de tempos em tempos, lembrando-a de que cada movimento era observado. Mesmo assim, ela se aproximou do canto cego, atrás do armário encostado na parede. Empurrou-o com esforço, tentando abrir espaço. Não sabia se era útil, mas precisava agir. Precisava se sentir viva.
O tempo passava lentamente. A comida continuava intocada. Ela não conseguia engolir nada com aquele nó na garganta. A raiva se misturava ao medo. Como Ethan pôde envolvê-la nisso? Como teve coragem de desaparecer e deixá-la à mercê de gente como Yuri?
Mas uma parte de Samanta... se perguntava quem realmente era Yuri. Havia algo nele que ia além da frieza. Os olhos dele carregavam algo sombrio, sim, mas também um fardo, uma história que talvez ela ainda não conhecesse. E isso a inquietava.
Ela se deitou de lado, de costas para a câmera, sem dormir. Fingir fraqueza talvez fosse sua melhor arma. Talvez, só talvez, conseguiria virar o jogo.
E quando a porta finalmente se abriu, horas depois, e Yuri surgiu com o mesmo olhar impassível, ela não disse nada. Apenas o encarou, silenciosa, como quem prepara o primeiro movimento de um jogo perigoso.
Capítulos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!