Capítulo 3-O Jogo Começa

A noite estava apenas começando, mas Isabela já sentia o peso do ambiente ao seu redor. O clube onde começara a trabalhar era diferente de qualquer outro lugar que conhecia. O luxo mascarava a escuridão por trás de cada mesa, de cada olhar furtivo e cada conversa sussurrada.

— Veio pelo anúncio? — Uma mulher loira perguntou assim que Isabela entrou pela porta dos fundos.

— Sim, me disseram que estavam contratando.

— Precisamos de garçonetes. Pagamos bem, mas os clientes exigem discrição.

O tom da mulher era sério, quase um aviso. Isabela hesitou por um momento, mas assentiu. Ela precisava do dinheiro.

Naquela noite, vestiu o uniforme e começou a servir. O clube estava lotado. Homens de terno e mulheres deslumbrantes ocupavam os sofás luxuosos, enquanto garçons transitavam entre as mesas com bandejas de bebidas caras.

Ela tentava se manter focada no trabalho, mas um olhar fixo sobre ela fez seu corpo inteiro arrepiar. Virou-se lentamente e congelou.

Damian a observava do camarote VIP. Um copo de uísque descansava entre seus dedos, mas seus olhos estavam cravados nela com um interesse indecifrável.

Ele a reconheceu.

— Interessante… — murmurou, com um sorriso de canto.

Do seu lado, Enzo, seu braço direito, notou sua reação.

— Algum problema?

Damian não respondeu de imediato. Seus olhos acompanharam cada movimento da garota.

— Quero que descubram quem ela é e por que está aqui.

Isabela desviou o olhar rapidamente e voltou ao trabalho, tentando ignorar a tensão crescente em seu corpo. Mas sabia que aquele homem não a deixaria em paz tão facilmente.

***

O clube fervilhava de gente importante. Empresários, políticos, criminosos. Isabela servia as mesas, tentando ignorar o ambiente perigoso ao redor.

Depois de uma hora, foi ao bar pegar mais pedidos.

— Primeira noite? — O bartender perguntou.

Ela assentiu.

— Dica: evite os clientes do andar de cima. Eles não são como os outros.

Isabela engoliu seco. Sentiu um arrepio.

No camarote, Damian continuava a observá-la. Ele não gostava de distrações. Mas algo nela o intrigava. Ela não parecia confortável ali.

— Ela não tem ideia do que está fazendo — murmurou.

— Quer que eu avise para não voltar? — Enzo perguntou.

Damian sorriu de canto.

— Não. Quero ver até onde ela aguenta.

***

Pouco antes do fim do expediente, Isabela se viu obrigada a subir ao andar superior. Um cliente VIP a chamou com um aceno preguiçoso.

— Você, garota, traga outra dose para mim.

Ela hesitou, mas não podia recusar. Pegou a bebida e subiu as escadas. Seu coração martelava forte.

O homem que a chamara era um dos clientes mais influentes do clube. Rico, arrogante e conhecido por não aceitar "não" como resposta.

— Sente-se aqui. Quero conversar.

— Desculpe, senhor, mas não posso — respondeu com cautela.

Ele riu, puxando seu pulso com força.

— Eu disse para sentar.

Antes que ela pudesse reagir, a mão dele foi arrancada de seu braço com brutalidade.

— Ela disse que não pode. — A voz de Damian soou fria.

O cliente arregalou os olhos.

— Damian... eu só queria conversar.

— Então aprenda a pedir direito.

Damian lançou um olhar mortal, e o homem recuou.

Isabela o encarou, ainda assustada.

— Você devia escolher melhor seus empregos — ele murmurou, encarando-a.

E então, sem mais uma palavra, saiu do camarote.

O coração de Isabela batia descompassado. O que diabos estava acontecendo?

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