Capítulo 3: A Profundidade da Investigação
A manhã seguinte me encontrou desperta antes mesmo do primeiro raio de sol ousar cruzar o horizonte. A sensação de ansiedade, uma sombra constante desde o dia anterior, pairava sobre mim, impedindo qualquer vestígio de relaxamento. A expectativa de mais um dia sob o olhar perspicaz e a avaliação implacável do doutor Henrique me impulsionava para fora da cama, como se uma força invisível me puxasse. Um café rápido, consumido em goles apressados, e uma revisão frenética das minhas anotações foram meus únicos companheiros antes de me aventurar no escritório.
Cheguei ao MS Associados antes das oito, encontrando o prédio em um silêncio quase sepulcral. Apenas o zumbido monótono das luzes fluorescentes ecoava nos corredores vazios, testemunhas silenciosas da minha chegada precoce. A calma momentânea, embora perturbadora, me permitiu organizar meus pensamentos e mergulhar novamente nos documentos do caso, buscando respostas para as lacunas que ainda me perturbavam. As palavras impressas, antes confusas, começaram a se alinhar, revelando padrões e inconsistências que me instigavam a investigar mais a fundo.
As horas se arrastaram enquanto eu me perdia em meio a cláusulas e precedentes, conectando informações e desvendando os meandros da fusão empresarial. As peças do quebra-cabeça, antes dispersas, começaram a se encaixar, revelando um quadro mais claro da situação. Preparei minhas anotações com cuidado meticuloso, antecipando as perguntas afiadas e as exigências implacáveis de Henrique, ciente de que não haveria espaço para hesitação ou respostas vagas. A pressão aumentava a cada minuto, mas minha determinação se fortalecia na mesma proporção.
Por volta das oito e meia, o escritório começou a despertar, preenchendo o silêncio com o som de vozes e telefones. A hora de enfrentar o dia havia chegado, e eu me preparei para o desafio, determinada a provar meu valor e superar as expectativas de Henrique. A cada passo em direção à sala dele, sentia o coração acelerar, mas mantinha a postura firme e o olhar determinado.
Às nove em ponto, munida de minhas anotações, caminhei até a sala do doutor Henrique. A porta se abriu após minha batida, revelando a figura imponente de Henrique, sentado atrás de sua mesa impecável. Ele me indicou a cadeira com um gesto, sem proferir uma palavra, mas seus olhos penetrantes já me avaliavam, como se pudessem ler meus pensamentos e intenções.
"Catarina," começou ele, sua voz cortando o silêncio como uma lâmina afiada, "analisei seu trabalho. Você identificou os pontos cruciais do caso, as lacunas contratuais e os conflitos de interesse. Agora, quero suas soluções. Quero ouvir suas propostas, suas ideias, sua visão sobre como podemos resolver essa situação complexa."
Respirei fundo, controlando o tremor nas mãos, e me preparei para o embate, para o desafio que se apresentava. "Doutor Henrique, proponho a renegociação das cláusulas de divisão de lucros para evitar conflitos entre os acionistas. Além disso, sugiro a implementação de um mecanismo de mediação obrigatória para resolver disputas antes de irem a tribunal. Acredito que essas medidas garantiriam um acordo mais justo e eficiente para todas as partes envolvidas."
Henrique me encarou, pensativo, seus olhos analisando cada palavra minha, cada gesto, cada expressão. "Mediação obrigatória... interessante. Mas como convencer as partes de que essa é a melhor solução? Como podemos garantir que elas aceitem essa proposta?"
"Incluir a cláusula no contrato de fusão como condição essencial," respondi, confiante, tentando transmitir a certeza que sentia. "Isso garantiria segurança e clareza para ambas as partes, estabelecendo um precedente e demonstrando nosso compromisso com a resolução pacífica de conflitos."
Ele se recostou na cadeira, avaliando minhas palavras com um olhar crítico, como se estivesse pesando cada sílaba. "Raciocínio estratégico, um bom começo. Mas precisa ir além. Traga precedentes legais que sustentem sua proposta e compare com casos semelhantes. Quero ver a profundidade da sua pesquisa, a solidez dos seus argumentos. Pense como um membro deste escritório, como um advogado experiente e perspicaz."
"Entendido, doutor Henrique," anotei mentalmente suas instruções, sentindo o peso da responsabilidade sobre meus ombros. "Aprofundarei a pesquisa e prepararei uma análise mais robusta, com argumentos sólidos e precedentes relevantes."
Com um aceno de cabeça, ele me dispensou, voltando sua atenção aos documentos em sua mesa. Saí da sala com o coração acelerado, mas determinada. Henrique era implacável, mas reconhecia o esforço. O próximo passo seria crucial para provar que eu estava à altura do desafio, para mostrar que eu pertencia àquele escritório.
Após a conversa, decidi que a pesquisa teórica não seria suficiente. Uma visita à empresa envolvida na fusão seria essencial para entender o contexto e as nuances do caso. A informação seria a chave para impressionar Henrique e me firmar no escritório. A cada passo, a cada descoberta, sentia que estava me aproximando do meu objetivo, de provar meu valor e de me tornar a advogada que sempre sonhei ser.
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Atualizado até capítulo 120
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