A manhã seguinte trouxe um sol radiante, mas Gabriel ainda estava imerso em seus pensamentos. Não conseguia parar de refletir sobre as palavras de Marcos. A vida parecia estar tomando um rumo inesperado, e ele se perguntava se conseguiria encontrar o caminho de volta para si mesmo. O que mais o incomodava, no entanto, não era sua condição física, mas o vazio que preenchia sua alma. Ele sentia a ausência de Ana como uma sombra constante, mesmo que ela estivesse a apenas alguns passos de distância.
Ana, por sua vez, não conseguia afastar os pensamentos sobre Gabriel. Ela havia tomado a decisão de se afastar para que ele pudesse ter o espaço necessário para lidar com suas próprias questões. Mas, ao mesmo tempo, sentia que estava deixando para trás um pedaço de si mesma. O que ela sabia era que, se não estivesse disposta a lutar por ele, ninguém mais o faria.
As semanas passaram sem que ambos tivessem algum contato mais profundo. Gabriel focava em sua recuperação física, tentando buscar a força para dar o próximo passo, mas a ausência de Ana o fazia se sentir mais fraco. Ele não sabia o que queria para o futuro, mas sabia que sentia falta dela.
Foi em uma tarde fria de novembro que, finalmente, seus destinos se cruzaram novamente. Gabriel estava no café de sempre, tentando se concentrar em um livro, mas as palavras dançavam diante de seus olhos sem fazer sentido. Ele levantou os olhos e, para sua surpresa, viu Ana entrando no local. Ela estava diferente, mais séria, mas ainda com aquele olhar que ele tanto amava.
Ana hesitou por um momento, mas logo caminhou até a mesa de Gabriel. Seus olhos se encontraram, e em um instante, as palavras que ambos tentavam evitar foram ditas sem precisar ser pronunciadas. Ela sentou-se à sua frente, e o silêncio entre eles foi mais profundo do que qualquer conversa que pudessem ter tido.
"Eu... não aguento mais essa distância, Gabriel", disse Ana, quebrando o silêncio. "Eu só quero saber se você ainda me quer na sua vida."
Gabriel a olhou, a dor e o desejo misturados em seus olhos. "Eu não sei, Ana. Eu não sei o que sou sem você."
O clima entre eles era carregado, cheio de uma tensão que se acumulava em cada palavra, em cada gesto. Eles estavam prestes a se reencontrar de uma maneira que ambos temiam e ansiavam. O amor deles estava ali, mas também estava fragmentado, quebrado pelas inseguranças e pelos medos que ambos carregavam.
Ana não disse mais nada. Apenas estendeu a mão e tocou a dele, sentindo o calor que ainda existia entre eles. Gabriel não recuou. Ele sabia que a decisão que tomaria agora mudaria tudo, mas também sabia que não poderia mais viver na incerteza. A vida deles se entrelaçava, e as respostas que ele procurava só poderiam ser encontradas em sua relação com ela.
O silêncio foi quebrado quando Gabriel puxou Ana suavemente pela mão, levando-a para fora do café e para um dos jardins próximos. As folhas caídas pelo chão pareciam ter sido espalhadas ali para marcar o momento, como se a natureza estivesse ciente da intimidade que estava prestes a acontecer.
Eles estavam tão perto agora que podiam sentir o calor um do outro. Gabriel observou os olhos de Ana com intensidade. Havia algo de misterioso em seu olhar, como se ela soubesse mais do que estava disposta a revelar. Ele sabia que ela o havia amado incondicionalmente até o momento em que ele a afastou. Mas agora ele a queria de volta. Não apenas como antes, mas de uma maneira mais profunda, mais visceral. Ele precisava dela de uma forma que não sabia explicar.
"Você sempre foi a pessoa que fez meu coração bater mais forte", Gabriel murmurou, a voz baixa, quase como se ele estivesse dizendo a si mesmo mais do que a ela. "Eu... não sei o que aconteceu, mas agora que você está aqui, eu percebo que você é o que falta em minha vida."
Ana olhou para ele, seus olhos refletindo um turbilhão de emoções. Ela podia ver o quanto ele estava vulnerável, o quanto ele se sentia perdido. E, ao mesmo tempo, sentia que estava sendo chamada de volta, de uma maneira que ela não podia ignorar.
Sem palavras, ela se aproximou, e o toque entre eles foi como uma chama acesa. Gabriel a puxou para perto, seus lábios se encontrando com intensidade. Era um beijo longo, mas não apressado. Era a troca silenciosa de promessas não ditas. Eles se perderam no momento, sem se importar com o que o futuro reservava. O mundo ao redor deles desapareceu, e a única coisa que importava era o calor do toque e a conexão que estavam compartilhando.
Não foi um ato impulsivo, mas um despertar gradual de algo que ambos haviam guardado. Eles estavam em sintonia, os corações batendo mais forte, o desejo se intensificando a cada segundo. Não havia pressa, nem pressões. Apenas a entrega mútua àquele momento.
Quando se afastaram, ambos respiraram pesadamente, como se tivessem feito mais do que apenas trocar um beijo. Era como se estivessem se redescobrindo, encontrando um caminho que, até aquele momento, parecia perdido. Mas agora, parecia que o futuro deles estava mais claro, mais próximo, como se as sombras que os haviam separado começassem a se dissipar.
Mas, enquanto o presente entre Gabriel e Ana parecia tomar uma nova forma, o peso do passado ainda os assombrava. Gabriel sabia que, mesmo com a reconexão emocional que haviam vivido, havia muitas questões não resolvidas. O passado de ambos, com seus erros e arrependimentos, não podia ser ignorado. Eles estavam se apaixonando novamente, mas o que isso significava? Eles estavam prontos para reconstruir o que haviam perdido?
Ana olhou para Gabriel, seus olhos refletindo um misto de dúvida e determinação. "Gabriel, eu preciso saber de uma coisa. Você ainda me ama?"
A pergunta pairou no ar, carregada de peso. Gabriel não sabia se estava pronto para responder a isso, mas sabia que a verdade precisava ser dita. Ele olhou para ela, e com um suspiro profundo, falou com a voz embargada. "Eu nunca deixei de te amar, Ana. Eu apenas não sabia como lidar com isso. Com a dor. Com as mudanças que a vida me impôs."
Eles estavam em um ponto de inflexão. O que aconteceria a seguir dependeria de como eles enfrentariam juntos o que estava por vir. O passado de Gabriel, com suas inseguranças, e o de Ana, com suas feridas não cicatrizadas, ainda eram forças poderosas em suas vidas. Mas talvez, agora, com o renascimento de algo entre eles, fosse o momento de começar a reconstruir.
O que o futuro reservava? Eles não sabiam, mas uma coisa era certa: não seria fácil.
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Atualizado até capítulo 28
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