Os dias seguintes passaram com a mesma lentidão dolorosa. Ana e Gabriel se mantiveram distantes, cada um em sua própria jornada, tentando lidar com as próprias questões. Ela, por sua vez, tentava encontrar um equilíbrio entre ser a pessoa que ele precisava e não se perder na luta constante por sua felicidade. Sabia que Gabriel estava enfrentando algo muito maior do que ela podia compreender, mas também sentia que ele estava se afastando.
Gabriel começou a explorar o mundo fora de sua casa. Os passeios diários pela praça, com a cadeira de rodas, eram um lembrete de tudo o que ele havia perdido. Ele observava as pessoas ao seu redor, o movimento do cotidiano, como se ainda fizesse parte daquele mundo. Mas ele não era mais o mesmo. Não fisicamente, não emocionalmente.
Uma tarde, ele estava sentado no banco do parque, olhando as crianças jogando bola, quando uma figura se aproximou. Era Marcos, um amigo de infância. Marcos havia sido alguém muito próximo de Gabriel antes do acidente, mas depois disso, eles haviam se distanciado. O acidente de Gabriel tinha sido um divisor de águas na vida de ambos, mas ao ver Marcos parado à sua frente, uma onda de nostalgia e saudade tomou conta dele.
“Gabriel, quanto tempo,” disse Marcos, sorrindo com uma expressão de surpresa, mas também de preocupação. “Como você está?”
Gabriel olhou para ele, hesitando antes de responder. “Estou... tentando,” ele disse, sorrindo sem entusiasmo. “E você?”
Marcos sentou ao seu lado. “Eu tenho visto como você tem lidado com tudo isso. Deve ser difícil, né?”
Gabriel suspirou. “Dificílimo. Eu sinto que estou perdendo tudo o que era antes. Não sou mais quem eu era, Marcos. Não sou mais aquele cara confiante e independente.”
Marcos olhou para ele com um olhar sincero. “Eu sei que a dor é grande, mas Gabriel, o que você está vivendo agora não é o fim. Não é quem você é. Quem você é, por dentro, ainda está aqui. Isso vai passar, mas você precisa lutar por si mesmo. E por aqueles que amam você.”
Gabriel olhou para o horizonte, suas palavras ecoando em sua mente. Talvez fosse isso que ele precisava ouvir. Não o fim, não a rendição. Mas a luta. A luta por si mesmo, por sua própria identidade. Mas ele não sabia como começar. Ele ainda não tinha encontrado um caminho. Mas Marcos parecia ser a chave para algo que ele precisava compreender. Ele não estava sozinho. E talvez, depois de tanto tempo, ele finalmente estava pronto para começar a reconstruir a sua vida. Mas ele não sabia o que isso significava.
Marcos continuou falando sobre como a vida deles havia mudado, sobre os momentos em que a vida parecia ter se dividido entre o antes e o depois do acidente. E, enquanto ouvia, Gabriel começou a entender que talvez, só talvez, o que ele precisava não fosse se afastar de todos que o amavam, mas se permitir ser amado. Era uma jornada longa, cheia de incertezas, mas ele sabia que não poderia mais caminhar sozinho.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 28
Comments