Capítulo 4 - A Marca do Caçador

O ar dentro da cabana estava denso.

Lara sentia o coração martelando no peito, os lábios ainda formigando do beijo que Damien lhe deu momentos atrás. Sua mente gritava para se afastar, para correr, para se esconder daquele homem perigoso, mas seu corpo dizia outra coisa.

Ele estava ali, parado à sua frente, os olhos cravados nela como um caçador que finalmente encurralou sua presa.

— Você sabe que isso não pode acontecer — ela murmurou, a voz mais fraca do que gostaria.

Damien não se moveu.

— E ainda assim, você está aqui.

Lara não conseguia respirar direito. O olhar dele a queimava, a puxava para um abismo do qual ela não sabia se conseguiria sair.

Ela deveria fugir.

Deveria gritar.

Mas tudo o que conseguiu fazer foi esperar.

Esperar pelo lobo atacar.

Sombras do Passado

Damien deu um passo à frente.

Lara instintivamente recuou, as costas batendo contra a parede de madeira da cabana. Ele sorriu, satisfeito.

— Você tem medo de mim?

Ela ergueu o queixo, desafiadora.

— Não.

Ele inclinou a cabeça, os olhos analisando cada detalhe dela.

— Mentirosa.

Lara sentiu um arrepio percorrer sua espinha.

O problema era que ele estava certo.

Damien era perigoso. Ela sabia disso. Mas o perigo, ao invés de afastá-la, a atraía de um jeito insano.

Seus olhos desceram para os lábios dele.

Lábios que a devoraram minutos atrás.

Lábios que ela queria sentir de novo.

O silêncio entre eles ficou mais pesado.

Então, Damien estendeu a mão, os dedos roçando sua cintura. O toque era quente, firme, quase possessivo.

— Eu não sou um homem bom, Lara.

Ela engoliu em seco.

— Eu sei.

— Então por que ainda está aqui?

Ela não tinha resposta para isso.

Talvez porque nunca tivesse sentido algo tão intenso antes.

Talvez porque, pela primeira vez na vida, estivesse disposta a se perder.

O Perigo Bate à Porta

Antes que Damien pudesse fazer qualquer outra coisa, um som veio da floresta.

Lara se sobressaltou, e Damien virou-se para a porta num instante, os músculos tensos.

— Eles voltaram — ele disse, a voz fria como aço.

O coração de Lara disparou.

— Quem são eles?

Damien pegou a arma da mesa e verificou o pente, sem tirar os olhos da janela.

— Pessoas que querem me ver morto.

Um arrepio de pavor percorreu a espinha dela.

Ela deveria estar aterrorizada.

Mas, por algum motivo, a adrenalina pulsava mais forte do que o medo.

Damien apagou a luz e fez um sinal para que ela ficasse quieta. Lara prendeu a respiração, o coração martelando.

Lá fora, o silêncio era absoluto.

E então, o barulho veio de novo.

Passos.

Alguém estava ali.

Damien se moveu rápido, indo até a porta com passos silenciosos. Lara sentiu o estômago revirar.

Se aquelas pessoas estavam ali para matar Damien…

Então estavam ali para matá-la também.

O Lobo Mostra os Dentes

A porta se abriu num baque.

Tudo aconteceu rápido demais.

Damien puxou Lara para trás de si no momento exato em que o primeiro homem surgiu na varanda.

Um segundo depois, um tiro cortou o ar.

Lara gritou, tampando os ouvidos.

Damien reagiu num piscar de olhos, disparando de volta. O homem caiu para trás, sangue escorrendo pelo peito.

Mas não estavam sozinhos.

Mais dois vultos surgiram da floresta.

— Droga! — Damien rosnou, puxando Lara pela mão.

Eles correram pelo corredor estreito da cabana enquanto os tiros zuniam ao redor. Damien empurrou uma porta e os dois entraram num cômodo pequeno.

O porão.

Lara mal conseguia respirar.

— O que diabos está acontecendo?!

Damien trancou a porta e encostou-se nela, o peito subindo e descendo rapidamente.

— Estão atrás de mim.

— Não me diga! — ela sibilou, os nervos à flor da pele.

Ele ergueu a mão, tocando seu rosto.

— Eu vou tirar você daqui.

Lara piscou.

— Como?

Ele olhou para a janela pequena no fundo do porão.

— Vamos ter que correr.

Fuga na Noite

Os passos no andar de cima ficavam mais próximos.

Damien se moveu rápido, pegando uma mochila velha no canto do porão e puxando Lara pela mão.

Ele abriu a janela, olhando para fora.

— Eu vou primeiro. Você vem logo depois.

Lara hesitou.

— E se eles me pegarem?

Os olhos dele ficaram frios.

— Não vão pegar.

Antes que ela pudesse responder, ele escalou a janela e desapareceu.

O coração de Lara martelava enquanto ela subia e se esgueirava para fora.

O vento gelado cortou sua pele assim que pisou na terra úmida.

Damien já estava ali, esperando.

Ele pegou sua mão e a puxou para dentro da floresta.

Eles correram.

Os tiros ecoavam atrás deles, mas Lara só conseguia pensar na mão forte que segurava a sua, no corpo quente de Damien tão perto, no fato de que, mesmo com o perigo ao redor, uma parte dela…

Se sentia viva como nunca antes.

A Marca do Caçador

Depois do que pareceu uma eternidade, eles finalmente pararam.

O peito de Lara subia e descia rápido.

Ela olhou para Damien, sujo de sangue, terra e suor.

E nunca quis tanto alguém como naquele momento.

Damien olhou para ela.

E viu o mesmo desejo refletido em seus olhos.

Ele a empurrou contra uma árvore, a respiração quente contra seu rosto.

— Você quase morreu por minha causa — ele murmurou, a voz rouca.

Lara segurou a camisa dele, puxando-o para mais perto.

— E não me arrependo.

Os olhos dele brilharam.

Então, sem aviso, Damien a beijou.

O beijo não foi suave.

Foi selvagem.

Foi brutal.

Foi exatamente o que ela queria.

As mãos dele desceram por sua cintura, puxando-a contra si. Lara gemeu contra seus lábios, sentindo o mundo desaparecer ao redor.

Ali, no meio da floresta, no meio do perigo…

Ela se perdeu de vez.

E, desta vez, não havia mais volta.

Continua...

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