Conexão Perigosa

Conexão Perigosa

capitulo 1

Capítulo 1 – Prisão Dourada

Meu nome é Ana Clara, mas nas profundezas da rede, onde as sombras dançam entre códigos e segredos, me chamam de Cibernética.

Desde que me entendo por gente, sempre fui uma prisioneira. Primeiro, do mundo real. Depois, dos cabos, da eletricidade, das telas. E por fim, do homem que deveria ter me protegido: meu tio, Douglas — ou como todos o chamam nas ruas, Dogrado.

Aos sete anos, ele me ensinou a digitar mais rápido do que eu conseguia falar. Aos nove, estava invadindo contas bancárias para ele. Aos doze, montava firewalls de nível militar. Aos quatorze, ele já vendia meus serviços para criminosos. Ele dizia que era para “nos manter vivos”, mas a verdade era que ele só queria poder.

Meu quarto era um bunker de tecnologia, mas sem janelas. Câmeras me vigiavam. As fechaduras eram automáticas, controladas remotamente. Uma prisão de luxo onde eu tinha tudo... menos liberdade.

Tudo mudou quando ele resolveu se meter com a máfia.

Dogrado sempre foi ganancioso demais. Quando começou a trabalhar para um mafioso chamado Antonio Belmonte, eu sabia que estávamos ferrados. Belmonte não era como os outros. Ele era perigoso, frio e estrategista. Um homem que mandava matar com o mesmo olhar que usava para beber vinho.

A ordem era simples: invadir os servidores da Famiglia Ventura, uma organização rival. Mas não era só um ataque virtual — era uma declaração de guerra.

E eu... era a bomba.

Dogrado me trancou por três dias no porão, com caixas de pizza e cafeína, exigindo que eu rompesse as camadas de segurança da Ventura. Um labirinto de sistemas, códigos de verificação quádruplos, criptografia pós-quântica. Quase impossível. Quase.

No final do terceiro dia, consegui. E naquele momento, algo dentro de mim gritou. Um alerta. Um instinto que eu nunca tinha sentido antes.

Eles iriam atrás de mim.

Naquela noite, enquanto Dogrado festejava com seus capangas, aproveitei uma brecha. Peguei um tablet escondido, montei um script de rastreio reverso e encontrei um dos satélites abertos da Ventura. Enviei um pedido de socorro mascarado. Um código binário travestido de teste de penetração.

Se alguém da Ventura fosse esperto o suficiente... entenderia.

A resposta veio minutos depois.

Um nome: Valentim.

Um local: Distrito 8, Zona C – Armazém abandonado.

Horário: 02h00.

Às 01h46, vesti meu moletom mais discreto, peguei um pen drive com os códigos da invasão, e desativei as câmeras de dentro por 90 segundos. Tempo suficiente para fugir pela saída de emergência.

Correr pelas ruas escuras com o coração acelerado foi mais emocionante do que qualquer rede invadida. Pela primeira vez, eu estava fazendo algo por mim.

Cheguei ao galpão com o coração na boca. Luzes fracas piscavam. O lugar estava vazio, até que ouvi passos.

E foi aí que o vi pela primeira vez.

Alto, ombros largos, expressão de tédio e perigo. Usava um casaco escuro e um olhar que me despia por dentro. Ele não parecia com nenhum hacker que já vi. Ele parecia um homem criado para matar.

— Você é a Cibernética? — ele perguntou, voz baixa e rouca.

Assenti.

— Eu sou o Valentim.

Valentim me levou para o carro dele sem dizer uma palavra a mais. Era um carro blindado, com vidros fumê e cheirava a couro e pólvora. Sentei no banco traseiro e abracei meus joelhos. Por um segundo, me perguntei se tinha feito a escolha certa.

— Por que você me ajudou? — perguntei.

Ele olhou pelo retrovisor.

— Porque você é valiosa. E agora... está sob minha proteção.

Não sei se foi alívio ou medo que senti. Mas naquela noite, eu não voltei para a prisão de Dogrado. Eu fui levada para outro tipo de cativeiro. Um mundo onde segredos são mais letais que armas. Onde um olhar pode matar. Onde o amor... é uma fraqueza.

A mansão da Família Ventura era algo saído de um filme. Salões de mármore, câmeras escondidas, guardas armados. E lá, no centro de tudo, sentado como um rei em seu trono, estava ele: Enzo Ventura.

Viúvo, pai de três filhos, chefe da organização. Os boatos diziam que era um homem cruel. Mas ao encarar aqueles olhos cinzentos, senti algo inesperado: calma.

— Então... você é a hacker prodígio — disse ele, analisando cada centímetro de mim. — Bonita. Perigosa. Inteligente. Uma combinação rara.

Engoli em seco. Não respondi.

— A partir de hoje, você trabalha para mim. — Ele se levantou. — Mas diferente do seu tio, eu não uso pessoas. Eu as compro.

Enzo saiu da sala e um dos filhos dele se aproximou.

Ele era... devastador.

Moreno, olhos intensos, mandíbula marcada. Tinha a mesma aura de predador do pai, mas com algo mais selvagem, mais rebelde.

— Eu sou Leonardo — disse ele, estendendo a mão. — Mas pode me chamar de Léo.

Toquei na mão dele. E senti o choque.

Merda. Algo dentro de mim queimou.

Nos dias seguintes, fui instalada em um quarto monitorado, mas com janela. Um luxo. Instalaram um laboratório de tecnologia só pra mim. Tudo de última geração. Era um paraíso. Mas também um teste. Eles queriam saber até onde eu podia ir.

E eu fui longe.

Criei rastreadores invisíveis, drones com IA, antivírus que se autodefendiam como organismos vivos. E mesmo com toda a adrenalina, meu foco sempre era Léo.

Ele era rude, sarcástico, me provocava o tempo inteiro. Mas nos treinos, nos encontros na cozinha de madrugada, nos olhares... havia algo crescendo.

Um dia, estávamos sozinhos na sala de tiro. Eu tinha acabado de falhar miseravelmente tentando disparar com uma Glock.

— Você é boa com máquinas, mas ruim com armas — ele disse, rindo.

— E você é bom com armas, mas burro o suficiente pra me provocar.

Ele deu um passo na minha direção. Ficou tão perto que pude sentir o perfume dele. Almiscarado, quente.

— Eu deveria te beijar agora ou esperar até você parar de fingir que não quer?

— Se você me beijar, Léo... eu posso não querer parar — respondi.

Ele sorriu.

E então me beijou.

Um beijo quente, urgente, bruto. Como se soubesse que o mundo poderia acabar no segundo seguinte.

Mas o mundo não acabou.

Só ficou mais perigoso.

Porque Dogrado descobriu que eu estava viva. E agora... ele quer me recuperar.

Não por amor.

Mas porque ele me vendeu para um russo chamado Mikhail Drakovic. E para ele... eu sou a arma perfeita.

Uma guerra está prestes a começar. Entre máfias, entre famílias. Entre o passado que me criou e o futuro que eu quero construir.

E no meio disso tudo... estou eu.

Ana Clara. Cibernética. Pronta para reescrever meu destino.

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