Laços de Sangue e Segredos
No profundo silêncio do Areaponto, Jiyeon encontrou-se com Woo Jin, ambos carregando o peso da perda de um pai.
Jiyeon: "Você veio."
Woo Jin: "É... Vim."
Embora fossem meio-irmãos, o encontro marcou o primeiro contato entre eles. Woo Jin, frio e rebelde, foi ao encontro de Jiyeon, cuja calma e gentileza contrastavam com sua própria natureza.
Jiyeon: "Você está bem?"
Woo Jin: "Não é da sua conta."
Jiyeon: "Sinto muito pela perda do nosso pai."
Woo Jin: "Não precisa fingir que se importa."
Jiyeon: "Eu não estou fingindo. Eu realmente sinto muito."
Woo Jin: "..." Ele permanece em silêncio, mas seu olhar denota uma mistura de emoções não expressas.
Enquanto aguardava, Jiyeon observava o horizonte, ansiando pela chegada de Woo Jin. Quando ele finalmente apareceu, vestido com fone de ouvido, camisa preta, casaco, calça cargo e tênis da Nike, a aura de mistério que o envolvia intrigava Jiyeon ainda mais.
Jiyeon: "Vamos para casa juntos?"
Woo Jin: "Tanto faz."
O Areaponto tornou-se o palco onde suas histórias se entrelaçaram, dando início a uma jornada de descobertas e conexões inesperadas. Embora o luto os unisse, a barreira invisível que os separava parecia intransponível. Woo Jin sempre viveu à margem, rejeitando qualquer laço com a família que nunca teve de verdade. Jiyeon, por outro lado, crescera ouvindo histórias sobre o irmão que nunca conheceu, imaginando que um dia, de alguma forma, poderia estender a mão e alcançar o coração frio de Woo Jin.
Os passos ecoavam no chão de concreto enquanto seguiam lado a lado, em silêncio, como se nenhuma palavra fosse suficiente para preencher o abismo entre eles. Jiyeon queria dizer algo, quebrar aquela tensão sufocante, mas cada tentativa era recebida com olhares indiferentes e respostas curtas.
Woo Jin, apesar da máscara de indiferença, sentia algo diferente naquele encontro. Não era apenas o peso da perda, mas a estranha sensação de que, pela primeira vez em anos, alguém tentava se aproximar sem exigir nada em troca. Ele não sabia lidar com isso.
A noite avançava, e o caminho até a casa que um dia pertencera ao pai que nunca os uniu parecia cada vez mais longo. Woo Jin olhou de soslaio para Jiyeon, percebendo sua expressão serena, mas determinada. Ele queria afastá-lo, mas algo em seu olhar o impedia.
Talvez, apenas talvez, aquele encontro fosse o começo de algo que ele não estava pronto para enfrentar: a possibilidade de não estar tão sozinho quanto pensava.
A caminhada até a casa foi silenciosa, mas carregada de uma tensão invisível. O vento noturno soprava levemente, balançando as folhas das árvores que margeavam a rua deserta. O som dos passos de Jiyeon e Woo Jin ecoava no asfalto, ritmado, mas desconectado, como se cada um estivesse em seu próprio mundo, apesar de estarem lado a lado.
Jiyeon, ainda relutante em deixar o silêncio vencer, arriscou mais uma tentativa de aproximação.
Jiyeon: "Eu cresci ouvindo sobre você."
Woo Jin não respondeu de imediato. Apenas enfiou as mãos nos bolsos do casaco e continuou andando, como se as palavras do irmão fossem apenas mais um ruído perdido no vento. Mas Jiyeon percebeu a leve contração em sua mandíbula, um sinal sutil de que aquelas palavras não passaram despercebidas.
Jiyeon: "Eu sempre quis te conhecer."
Woo Jin soltou uma risada baixa, carregada de ironia.
Woo Jin: "Que comovente."
Jiyeon suspirou, mas não desistiu.
Jiyeon: "Não estou tentando te provocar. Só estou sendo sincero."
Woo Jin parou abruptamente, forçando Jiyeon a fazer o mesmo. O olhar que lançou ao irmão era frio, mas havia algo mais ali—algo contido, quase doloroso.
Woo Jin: "Sincero? Você não sabe nada sobre mim. Cresceu na casa grande, com tudo o que queria, com a família perfeita. E agora quer agir como se nos conhecêssemos? Como se pudéssemos ser irmãos?"
A acusação pegou Jiyeon de surpresa, mas ele não recuou.
Jiyeon: "Você acha que foi fácil para mim também? Acha que o nosso pai estava realmente presente na minha vida?"
Woo Jin estreitou os olhos, mas não respondeu. Jiyeon respirou fundo e continuou.
Jiyeon: "Eu não vim aqui para fingir que somos uma família feliz. Só acho que deveríamos, pelo menos, tentar nos entender. Mesmo que só um pouco."
Woo Jin desviou o olhar, seus punhos cerrados dentro dos bolsos do casaco.
Woo Jin: "Tanto faz."
Era uma resposta vaga, mas para Jiyeon, aquilo já era um começo.
Eles retomaram a caminhada, agora em um silêncio menos pesado, como se algo invisível tivesse começado a se dissolver entre eles.
Quando finalmente chegaram à casa, Jiyeon destrancou a porta e entrou, esperando que Woo Jin o seguisse. Por um instante, Woo Jin hesitou, olhando para a fachada da casa como se ela pertencesse a um passado ao qual ele não queria retornar. Mas, no fim, suspirou e entrou, fechando a porta atrás de si.
A noite estava apenas começando, e com ela, a jornada de dois irmãos que, apesar do sangue compartilhado, ainda precisavam aprender o significado de serem uma família.
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Atualizado até capítulo 93
Comments
Anatalice Rodrigues
História intrigante e emocionante. Ainda não me situei.
2025-02-28
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