O primeiro encontro

A noite era densa, pesada. O vento sussurrava entre as árvores como se o próprio mundo tentasse alertá-los do que estava por vir. O destino já estava traçado, mas Theo e Lúcia ainda não sabiam que tudo mudaria naquela noite.

Azrael e Elyra haviam resistido por tempo demais. Por anos, observaram de longe, torturados pelo desejo de se aproximar, de sentir a presença daqueles que amavam. Mas agora, a dor da distância se tornara insuportável. O pacto seria quebrado.

E o destino, enfim, os uniria.

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Theo e o Encontro com a Sombra

Theo estava sozinho naquela noite. Sentado na sacada de seu quarto, observava a cidade adormecida sob a luz pálida da lua. Ele não entendia o peso no peito, a inquietação constante que o fazia questionar sua própria existência. Havia um vazio dentro dele, como se estivesse esperando por algo... ou por alguém.

Então, tudo mudou.

O ar ao seu redor pareceu congelar. A escuridão se tornou mais densa, como se algo estivesse rasgando o próprio tecido da realidade. Uma presença surgiu atrás dele, e um arrepio percorreu sua espinha antes mesmo de se virar.

— Você sente isso, não sente? — A voz era profunda, um sussurro carregado de algo proibido.

Theo se virou bruscamente e viu uma figura emergindo das sombras. Alto, imponente, envolto em um manto negro que parecia feito da própria escuridão. Os olhos vermelhos ardiam como brasas vivas, cravando-se nele com intensidade.

O estranho não era humano.

— Quem... quem é você? — Theo perguntou, a voz falhando por um instante.

O homem sorriu de um jeito que não era cruel, mas carregava uma dor oculta.

— Meu nome é Azrael.

O nome ecoou na mente de Theo como se já tivesse sido sussurrado a ele em sonhos que jamais lembrava ao acordar. Havia algo de familiar naquele homem, algo que o atraía de um jeito que ele não conseguia explicar.

— Eu não devia estar aqui. — Azrael disse, sua voz carregada de conflito. — Mas eu não consegui mais evitar.

Theo sentiu seu coração acelerar. O que era aquilo? Medo? Não. Não era medo. Era algo mais perigoso. Algo que queimava dentro dele de uma maneira que nunca sentira antes.

Azrael se aproximou lentamente, cada passo seu parecia ecoar na alma de Theo. Ele parou perto o suficiente para que Theo sentisse o calor que emanava dele, algo contraditório à escuridão que o envolvia.

— Por que eu sinto que te conheço? — Theo sussurrou, os olhos presos nos dele.

Azrael hesitou. O pacto estava quebrado, mas revelar a verdade... ainda era cedo.

— Você saberá. — Ele tocou a mão de Theo por um breve instante, e a pele do jovem formigou como se uma corrente elétrica passasse por ele. O toque do demônio não queimava, mas trazia algo novo, algo que fazia Theo se perguntar se já havia sentido aquilo antes, em outra vida.

E então, Azrael desapareceu, se dissolvendo na noite como se nunca tivesse estado ali.

Mas Theo sabia. Algo mudou para sempre.

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Lúcia e o Chamado da Luz Fria

Lúcia estava sozinha na floresta. Precisava de um tempo para si mesma, para fugir das emoções confusas que sentia em relação ao irmão e ao mundo ao seu redor. Mas, no fundo, ela sabia que algo estava prestes a acontecer.

Ela sentiu antes mesmo de ver.

O vento cessou. O mundo ficou em silêncio absoluto, como se toda a existência estivesse prendendo a respiração. Então, uma névoa fria começou a se formar à sua frente, tomando forma aos poucos.

Uma mulher emergiu da neblina. Alta, esguia, vestida com um manto etéreo que parecia feito de luz e sombra ao mesmo tempo. Seu cabelo era prateado, caindo suavemente sobre os ombros. Seus olhos eram de um azul impossível, profundos, como se guardassem segredos que nunca poderiam ser desvendados.

Ela não parecia ameaçadora. Mas também não parecia humana.

Lúcia sentiu um arrepio.

— Quem... quem é você?

A mulher a observou em silêncio por alguns segundos antes de responder. Sua voz era suave, mas carregava um peso milenar.

— Meu nome é Elyra.

O coração de Lúcia bateu forte. O nome parecia ecoar dentro dela, como se já tivesse sido sussurrado por entre os ventos de seus sonhos.

Elyra se aproximou, os pés nem tocando o chão. Ela estendeu a mão, hesitante, como se quebrar essa distância fosse algo proibido.

— Eu jurei nunca te ver. Mas não consegui mais ficar longe.

Lúcia não entendeu. Mas, ao olhar nos olhos daquela mulher, sentiu algo crescer dentro de si. Uma conexão silenciosa, profunda, como se algo tivesse sido arrancado dela e agora estivesse sendo devolvido.

Ela deu um passo à frente, sentindo uma atração inexplicável. Elyra era bela, mas não era apenas isso. Havia algo nela que fazia Lúcia querer ficar ali, perto dela, para sempre.

— Por que você me olha assim? — Lúcia perguntou.

Elyra hesitou. Ela não podia contar a verdade. Mas, mesmo assim, seus olhos entregavam o que sua boca não podia dizer.

— Porque você é a única coisa que eu sempre quis... e nunca pude ter.

Lúcia sentiu algo apertar dentro dela. Como se algo proibido estivesse nascendo ali, algo perigoso e, ao mesmo tempo, inevitável.

Ela piscou, e num instante, Elyra se dissolveu na névoa.

Mas Lúcia sabia. Algo dentro dela jamais seria o mesmo.

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