Capítulo 2 - Sentimentos Proibidos

O jantar daquela noite marcou algo dentro de Júlia. Nos dias seguintes, ela tentava ignorar a presença de Eduardo, mas era impossível. Cada encontro parecia uma armadilha do destino, testando sua força de vontade.

Na manhã seguinte, Júlia preparava o café da manhã quando Eduardo entrou na cozinha. Estava de camiseta e calça de moletom, diferente do homem sempre impecável que ela conhecia. Seus cabelos estavam ligeiramente bagunçados, e ele parecia mais jovem, mais acessível.

— Bom dia — disse ele, sua voz rouca.

— Bom dia, senhor Mo… Eduardo — corrigiu-se rapidamente, lembrando-se do pedido dele.

Ele sorriu de canto e se serviu de café, observando-a preparar a mesa. O silêncio entre eles era carregado de algo não dito.

— Você sempre cozinha tão bem assim? — perguntou ele, quebrando o silêncio.

Júlia riu, tentando aliviar a tensão.

— Só quando estou inspirada.

Eduardo tomou um gole do café e a observou com um olhar que a fez prender a respiração.

— Fico feliz que esteja inspirada aqui.

Júlia desviou o olhar, ocupando-se com os pães. Sentia o coração acelerado e detestava essa sensação. Não deveria sentir isso. Eduardo era o pai de seus amigos. Um homem que jamais poderia ver com outros olhos.

Nos dias seguintes, ela se esforçou para manter a distância. Passava o mínimo de tempo possível na cozinha quando sabia que Eduardo estava por perto. Mas o destino parecia gostar de brincar com seus sentimentos.

Certa noite, Júlia saiu para respirar um pouco no jardim da casa. A noite estava quente, e a brisa trazia um alívio bem-vindo. Foi quando ouviu passos atrás de si.

— Fugindo de mim? — A voz grave de Eduardo fez sua espinha se arrepiar.

Ela se virou lentamente e o encontrou parado a poucos metros dela. Vestia uma camisa aberta e segurava uma taça de vinho nas mãos.

— Claro que não — respondeu, tentando soar casual.

Ele caminhou até ficar ao seu lado e olhou para o céu estrelado.

— Gosto desse horário. A casa fica silenciosa… Dá tempo para pensar.

Júlia assentiu, sem saber o que dizer. Eduardo a fitou, e o silêncio entre eles se tornou insuportável.

— Júlia… — Sua voz era baixa, quase um sussurro. — Você sente isso também, não sente?

O coração dela disparou.

— Eu… — Ela não conseguiu terminar a frase.

Eduardo deu um passo à frente, a distância entre eles quase inexistente.

— Diga que eu estou enganado e nunca mais tocarei nesse assunto — murmurou ele.

Júlia sabia que deveria afastá-lo, dizer que tudo aquilo era um erro. Mas naquele momento, sob a luz suave da lua e com o olhar intenso dele sobre si, tudo o que conseguiu fazer foi segurar a respiração.

A noite nunca pareceu tão perigosa

Eduardo desviou o olhar por um instante, bebendo o último gole de vinho. Júlia usou essa breve distração para recobrar a sanidade e dar um passo para trás.

— Acho melhor eu voltar para dentro — murmurou, virando-se para sair.

Antes que pudesse dar mais um passo, sentiu a mão quente de Eduardo segurando delicadamente seu pulso. Seu toque era firme, mas ao mesmo tempo carregado de hesitação.

— Júlia… — Sua voz carregava algo que ela não queria interpretar.

Ela se virou lentamente, os olhos encontrando os dele. Havia algo ali—um turbilhão de emoções contidas, uma luta interna que espelhava a sua própria.

— Isso é errado — sussurrou, quase para si mesma.

— Mas parece tão certo — Eduardo retrucou, sem soltá-la.

O ar entre eles ficou denso. Júlia sentia cada batida do próprio coração martelando contra o peito, como se sua própria consciência gritasse para que fugisse dali. Mas seus pés estavam colados ao chão, enraizados naquele momento perigoso.

De repente, o som de passos vindos da casa os fez despertar do transe. Júlia puxou seu pulso de volta e deu um passo apressado para trás.

— Boa noite, Eduardo — disse, antes de se virar e praticamente correr para dentro da casa.

Eduardo ficou parado ali, observando-a desaparecer pela porta, seu olhar carregado de pensamentos não ditos.

Júlia entrou no quarto e se jogou na cama, cobrindo o rosto com as mãos. O que estava acontecendo? Como ela deixara as coisas chegarem a esse ponto? Aquilo não podia continuar. Não podia.

Mas no fundo, uma voz sussurrava dentro dela: e se já fosse tarde demais

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Comments

LMCF

LMCF

Sim... é tarde demais!!

2025-02-15

0

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