A noite do evento de arte estava se aproximando, e Leon sabia que precisava lidar com a tensão crescente entre ele e Ethan. O projeto estava tomando forma, mas a colaboração entre os dois parecia estar em um ponto de ruptura. Leon sabia que não podia deixar que a situação se deteriorasse, mas não sabia como reverter as coisas. Ele nunca foi bom em lidar com o que não conseguia controlar.
Ethan, por outro lado, estava acostumado a viver com seus próprios conflitos internos. Ele sabia que algo entre ele e Leon estava mudando, mas a intensidade da atração que sentia por Leon o deixava desconfortável. Ethan preferia fugir do que não entendia, mas não conseguia afastar os pensamentos sobre o pianista. Ele odiava como Leon conseguia mexer com sua cabeça sem nem tentar. E ainda mais odiava como, a cada dia, se via mais e mais fascinado por ele.
Foi durante um ensaio para o evento que algo inesperado aconteceu, algo que mudaria completamente o rumo da relação deles.
Ethan estava ensaiando uma coreografia complicada quando Leon entrou no estúdio, como sempre, com sua postura imponente e foco absoluto. Ele estava ali para supervisionar, mas havia algo de diferente em seu olhar. Quando seus olhos se encontraram, houve um silêncio, como se o tempo tivesse desacelerado, e tudo ao redor deles sumido por um instante.
Ethan, sentindo o peso da tensão no ar, não sabia o que fazer. Ele continuou com a dança, tentando manter o foco, mas a presença de Leon no estúdio era quase palpável. A cada movimento, ele sentia os olhos de Leon sobre ele, como se o observasse com uma intensidade que não estava acostumado.
Leon, por sua vez, não podia tirar os olhos de Ethan. A dança de Ethan era pura e expressiva, como uma melodia sem palavras. A forma como o corpo de Ethan se movia, como ele se entregava a cada passo, algo nele parecia tão natural, tão livre. Foi como se, pela primeira vez, Leon estivesse realmente vendo Ethan não como um obstáculo, mas como alguém que poderia despertar nele uma nova forma de ver a arte.
Sem dizer uma palavra, Leon se aproximou e se posicionou ao lado de Ethan. Ele não tinha planejado aquilo, mas algo dentro dele o impulsionou a fazer o que não fazia há anos: se permitir ser espontâneo. "Tente algo diferente", disse Leon, sua voz suave, mas carregada de algo que Ethan não podia identificar. “Sinta a música, não apenas a coreografia."
Ethan, surpreso com o tom de Leon, hesitou por um momento. Mas algo naquelas palavras fez com que ele se entregasse completamente. Ele fechou os olhos, permitindo-se sentir o ritmo da música em seu corpo. Ele não dançava mais para impressionar Leon ou para seguir um padrão. Ele dançava por si mesmo, deixando-se levar pela melodia.
E Leon o observou. Pela primeira vez, ele viu a dança de Ethan não como algo caótico ou desordenado, mas como uma expressão verdadeira de liberdade. Era como se cada movimento de Ethan tivesse um significado, algo mais profundo do que simples passos. Ele entendeu, naquele instante, que a dança não era apenas sobre técnica. Era sobre a emoção por trás dela.
Quando Ethan terminou a sequência, os dois ficaram em silêncio. Ethan estava ofegante, mas não de cansaço, e sim da intensidade do momento. Leon, por outro lado, sentia algo estranho no peito. Era uma sensação de satisfação, mas também de inquietação. Ele não sabia como explicar, mas havia algo de surpreendentemente bom no que acabara de acontecer.
Ethan olhou para ele, o olhar desafiador, mas agora com uma ponta de algo mais. “Eu sei que você não gosta de improviso, Leon, mas talvez você precise aprender a se permitir, como eu fiz.”
Leon não respondeu imediatamente. Ele estava absorvendo cada palavra, cada movimento. Por mais que quisesse manter sua distância, algo dentro dele o impelia a se aproximar ainda mais.
“Talvez você tenha razão”, ele disse, finalmente. “Talvez eu precise aprender a ser mais livre.”
E, pela primeira vez, Leon não parecia estar falando apenas sobre a música.
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Atualizado até capítulo 30
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