Ethan começou a frequentar a empresa de arte de Leon, mas não por causa dele. A oportunidade que surgira era uma colaboração entre a escola de dança onde Ethan trabalhava e a empresa de Leon, uma parceria que poderia beneficiar ambos. Ethan estava mais interessado no potencial artístico do que no homem por trás da empresa, mas não pôde evitar que sua curiosidade sobre Leon crescesse à medida que os dias passavam.
Ele sabia que Leon era o CEO de uma das galerias de arte mais renomadas da cidade. Mas a figura que ele via por trás da mesa de escritório, sempre imerso em trabalho, era distante e enigmática. Leon nunca parecia estar realmente presente. Sempre ali, mas nunca completamente. Ethan, com sua energia vibrante e corpo sempre em movimento, parecia ser o oposto de tudo o que Leon representava.
O primeiro encontro deles, em um ambiente profissional, foi cordial, mas sem grande interação. Leon cumprimentou Ethan com um aperto de mão firme, mas o olhar entre eles, por um momento, foi o mesmo de antes: aquele silêncio que falava mais do que qualquer palavra. Ethan se sentiu desconfortável, como se fosse uma interrupção no ambiente controlado de Leon. Ele, no entanto, se concentrou no que tinha a fazer: a dança.
A proposta era simples. A empresa de Leon queria patrocinar um evento que integraria arte e dança, uma colaboração entre os mundos que, até então, pareciam totalmente distintos. O desafio era que ambos os lados tinham uma visão muito diferente sobre como a arte deveria ser apresentada. Enquanto Leon defendia uma estética mais clássica e refinada, Ethan via a dança como uma forma de se expressar livremente, sem restrições. Eles começaram a discutir sobre a direção do projeto, mas a conversa logo se transformou em um jogo de tensões sutis.
“Você realmente acha que a arte precisa ser limitada a essas convenções?” Ethan perguntou, a voz levemente desafiadora. “Eu acredito que a dança deve ser algo espontâneo, algo que viva, que respire. Não algo engessado por regras.”
Leon, por sua vez, se manteve firme. “Não se trata de convenções, Ethan. A arte tem um peso, uma história que precisa ser respeitada. Não podemos simplesmente jogar tudo para o alto por causa da ideia de liberdade.”
O conflito entre eles não era apenas artístico, mas algo mais profundo, mais pessoal. Ethan percebeu que Leon não era apenas um homem que levava a arte a sério; ele levava sua vida a sério de maneira controlada, quase imutável. E isso o incomodava. Ele, que vivia com intensidade e sem medo de se entregar ao que sentia, viu em Leon uma resistência que ele não conseguia compreender.
O projeto avançava, mas a interação entre eles permanecia cheia de pequenas tensões. Embora os dois se vissem várias vezes por semana, as conversas eram sempre pontuadas por um respeito frio, sem que houvesse mais do que um simples relacionamento profissional. Mas, ao mesmo tempo, cada vez que seus olhos se encontravam, uma nova camada de compreensão parecia se formar. Havia uma curiosidade crescente de ambos, algo que os atraía, mas ao mesmo tempo os afastava.
Durante uma dessas reuniões, enquanto discutiam mais sobre o evento, Leon olhou para Ethan com uma expressão que parecia ser mais um questionamento do que uma afirmação. “Você realmente acredita que eu sou capaz de mudar minha visão sobre a arte?” Ele não sabia por que perguntou, mas a curiosidade estava ali, marcando sua fala.
Ethan, sem hesitar, respondeu com um sorriso suave, um brilho nos olhos que falava de uma confiança inabalável. “Eu acho que todos podem mudar, Leon. A arte tem esse poder.”
A resposta ficou no ar por um tempo, como uma melodia não resolvida, uma promessa silenciosa de que, talvez, mais do que a arte, fosse possível mudar também a maneira como viam o mundo um do outro.
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Atualizado até capítulo 30
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