Capítulo 5 – Entre Choques e Faíscas

O carro se movia suavemente pelo trânsito da cidade, mas o silêncio entre Isabela e Gabriel era carregado de tensão. Ela olhava pela janela, tentando ignorar a presença dele ao seu lado. Mas era impossível. A energia que ele exalava preenchia o espaço de um jeito irritantemente irresistível.

"Você está muito quieta," ele comentou, sem tirar os olhos do celular.

"Estou processando o fato de que você quase me elogiou hoje," respondeu ela, com um leve tom irônico.

Ele ergueu uma sobrancelha, finalmente olhando para ela. "Quase?"

"Sim, porque dizer ‘você fez um bom trabalho’ sem nenhuma emoção não conta como elogio."

Gabriel soltou um suspiro, mas havia um brilho divertido em seus olhos. "Você precisa de validação constante, Isabela?"

Ela cruzou os braços, desafiadora. "Não. Só acho que quando alguém reconhece o esforço de outra pessoa, pode muito bem expressar isso de maneira decente."

Ele se inclinou levemente na direção dela. "Se você precisa que eu seja mais claro, então aí vai: você é competente. Sua análise foi precisa. E você provou que vale a pena considerar sua proposta."

Por um segundo, Isabela ficou sem palavras. Não esperava que ele realmente fosse direto assim.

"Mas," ele continuou, com um sorriso discreto, "isso não significa que vou pegar leve com você daqui pra frente."

Ela riu. "Nem esperava que pegasse."

O carro parou em frente à sede da Montenegro Engenharia. Gabriel saiu primeiro, sem esperar por ela, e Isabela bufou antes de descer também.

Assim que pisou no saguão, seu celular vibrou com uma mensagem de sua melhor amiga, Luísa:

Luísa: Ei, não esquece do nosso jantar hoje! Preciso te contar uma fofoca surreal.

Isabela sorriu, precisando urgentemente de um tempo longe da intensidade de Gabriel Montenegro.

—

Horas depois, no restaurante, Luísa gesticulava animadamente enquanto contava sua história, mas Isabela não conseguia se concentrar totalmente. Sua mente insistia em voltar para o canteiro de obras, para a forma como Gabriel a desafiava e testava seus limites.

"Ok, o que tá rolando?" Luísa estreitou os olhos. "Você está aqui de corpo presente, mas sua mente tá claramente em outro lugar."

"É só trabalho," Isabela desconversou, mexendo no copo de vinho.

Luísa riu. "Trabalho ou o CEO gato e insuportável?"

Isabela arregalou os olhos. "Como assim?"

"Ah, por favor! Você fala desse homem com ódio demais. E onde tem ódio assim, tem…"

"Luísa!"

A amiga gargalhou. "Olha, só toma cuidado. Esses caras poderosos têm um jeito de bagunçar a cabeça da gente."

Isabela revirou os olhos, mas uma pontada de inquietação a atingiu.

Porque, no fundo, ela sabia que Gabriel Montenegro já estava mexendo com ela mais do que deveria.

—

Depois do jantar, Isabela chegou em casa, tirou os sapatos e se jogou no sofá, exausta. Pegou o celular e, sem pensar muito, abriu o e-mail. Havia uma nova mensagem.

De: Gabriel Montenegro

Assunto: Sua próxima tarefa

"Isabela, revise a proposta final da implementação e me envie até amanhã cedo. Quero garantir que não haja erros antes de seguirmos com a execução. Não me decepcione."

Ela revirou os olhos. "Não me decepcione"? Que arrogante.

Mas, no fundo, sabia que ele não diria isso para qualquer um. Ele confiava nela.

E essa constatação a fez sorrir antes de abrir seu laptop e começar a trabalhar.

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