Quinze minutos depois, Isabela desceu até a entrada do prédio da Montenegro Engenharia. Vestia um capacete branco e um colete refletivo, sentindo o peso do compromisso que estava prestes a enfrentar. O motorista particular de Gabriel já a aguardava ao lado de um carro preto de luxo.
Ela observou seu chefe sair do prédio com passos firmes e decididos. Diferente do habitual, ele estava sem gravata e com as mangas da camisa social dobradas, um visual que o deixava ainda mais intimidador. Sem perder tempo, ele apenas abriu a porta do carro e ordenou:
"Entre."
O trajeto até o canteiro de obras foi silencioso. Isabela revisava mentalmente os detalhes do projeto, enquanto Gabriel digitava algo no celular. Ela sabia que ele a observava de vez em quando, mas fingiu não notar.
Ao chegarem, foram recebidos por Gustavo Mendes, engenheiro-chefe da obra, um homem de cabelos grisalhos e olhar analítico.
"Montenegro, bom dia." Gustavo apertou a mão de Gabriel antes de se virar para Isabela. "Senhorita Monteiro, prazer conhecê-la pessoalmente."
"Prazer," respondeu Isabela, mantendo o tom profissional.
Gabriel foi direto ao ponto. "Quero validar a proposta que Isabela trouxe. Precisamos analisar se os materiais sugeridos realmente podem ser implementados sem riscos."
"Entendido. Vamos começar pela fundação," Gustavo indicou, guiando-os pelo terreno empoeirado.
O canteiro de obras era um caos organizado – operários trabalhando, máquinas pesadas em movimento e estruturas sendo erguidas. Isabela caminhava com confiança, embora sentisse o olhar avaliador de Gabriel sobre ela a cada passo.
Ela começou a explicar sua proposta diretamente para Gustavo, apontando áreas da estrutura onde os materiais alternativos poderiam ser aplicados sem comprometer a segurança. O engenheiro a ouviu com atenção, analisando os cálculos que ela exibia no tablet.
"Os números fazem sentido," Gustavo assentiu após alguns minutos. "Se conseguirmos um fornecedor confiável para esses materiais, podemos implementar sem grandes riscos."
Isabela sorriu discretamente, satisfeita por seu trabalho estar sendo reconhecido. Mas antes que pudesse aproveitar o momento, Gabriel interveio.
"Isso não basta." Seu tom era firme. "Quero mais do que projeções. Precisamos testar esses materiais antes de qualquer decisão final."
"Podemos providenciar amostras para teste," Gustavo confirmou.
Isabela cruzou os braços, encarando Gabriel. "Então, basicamente, você quer uma prova física do que os dados já mostram?"
Ele a observou por um instante, antes de dar um meio sorriso. "Eu confio em dados, Isabela. Mas confio mais ainda em resultados."
A troca de olhares durou um pouco mais do que deveria. Havia um desafio silencioso ali, algo que ambos pareciam reconhecer, mas nenhum verbalizava.
No caminho de volta para o carro, Gabriel quebrou o silêncio.
"Você fez um bom trabalho hoje."
Isabela arqueou uma sobrancelha. "Isso foi um elogio?"
"Foi um fato."
Ela riu, balançando a cabeça. "Que generoso da sua parte."
Ele não respondeu, mas o canto de seus lábios se ergueu levemente.
Enquanto o carro deixava o canteiro de obras para trás, Isabela percebeu que, a cada dia, estava mais envolvida nesse jogo de poder e provocações.
E a verdade era que, por mais que tentasse negar, Gabriel Montenegro estava se tornando um enigma que ela queria decifrar.
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Atualizado até capítulo 44
Comments
Rosangela Amorim
misericórdia senhor esse Gabriel tem que mudar
2025-03-25
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