Merlin se sentou em sua mesa de estudos, o peso do cansaço estampado em seu rosto, mas seus olhos brilhavam com determinação. A sala ao seu redor era um santuário de conhecimento: prateleiras abarrotadas de livros, diagramas pendurados nas paredes e anotações espalhadas em um caos meticulosamente organizado. No centro de tudo, o que parecia impossível—um círculo mágico instável flutuava em sua mão. Ondas de mana tremulavam em torno dele como uma chama prestes a se extinguir. Era frágil, imperfeito, mas era um começo.
Ele se esforçava para manter o círculo estável, puxando a mana escassa de dentro de si. A sensação era excruciante, como se cada fibra de sua existência fosse drenada para alimentar aquele fragmento de magia. Por fim, o círculo implodiu, e Merlin caiu, exausto, de cara em sua mesa.
Porém, ele não desistiu.
Dia após dia, ele repetia o processo, entoando e tentando manifestar os círculos mágicos básicos que qualquer estudante aprendia na academia. Bola de fogo. Jato de ar. Manifestação de pedras. Choque elétrico. Cada fracasso era uma lição; cada sucesso, uma revelação. Aos poucos, ele começou a notar os padrões. Runas que pareciam familiares. Circuitos que seguiam lógicas implícitas. Ele estava se aproximando de algo que ninguém mais havia visto: a ciência por trás da magia.
...Um Padrão Oculto...
Um dia, enquanto analisava o círculo de um jato de ar, uma runa chamou sua atenção. Era um símbolo que se assemelhava a um "h". Ao compará-la com outras magias básicas, ele notou algo intrigante: essa runa aparecia tanto no jato de ar quanto na bola de fogo. No jato de ar, havia variações como "hh", enquanto na bola de fogo, ela sempre aparecia isolada. Intrigado, ele começou a relacionar essas observações com algo que havia lido anos atrás, em um livro de química de sua adolescência.
"Hidrogênio," ele murmurou para si mesmo, a palavra ecoando em sua mente. "O componente fundamental da água, do ar e... do fogo."
A ideia parecia absurda à primeira vista. Magos nunca haviam se preocupado em entender os elementos de maneira tão literal. Para eles, as runas eram ferramentas práticas, não conceitos a serem decifrados. Mas Merlin não era como os outros magos. Ele começou a traçar paralelos entre as runas e os elementos da tabela periódica, algo que ninguém jamais havia considerado.
Outra runa chamou sua atenção: um símbolo que lembrava um "u". Esse símbolo aparecia frequentemente em magias relacionadas à água e às propriedades de refrigeração. Merlin começou a suspeitar que as runas não eram apenas símbolos místicos, mas representações de elementos e forças fundamentais do universo.
Ele conectou os pontos. O "h" representava hidrogênio; o "u", talvez oxigênio. Juntos, eles formavam a base para criar água—não em sentido químico, mas mágico. Era como se as runas fossem uma linguagem codificada, traduzindo as leis da natureza em poder arcano.
...A Descoberta do Código...
A partir desse insight, Merlin começou a examinar cada círculo mágico com uma abordagem científica. Ele não via mais os símbolos como algo inexplicável; para ele, eram fórmulas esperando para serem desvendadas. O que os magos chamavam de "runas" eram, na verdade, representações de processos naturais que governavam o mundo físico.
Com o tempo, ele percebeu que as runas podiam ser agrupadas em padrões, como blocos de construção. Algumas eram fundamentais, formando a base para qualquer feitiço. Outras eram modificadoras, ajustando a intensidade, direção ou forma do feitiço. Cada combinação de runas seguia uma lógica intrínseca, como uma equação matemática.
Merlin começou a catalogar essas descobertas em um livro que chamou de "Os Fundamentos da Magia Científica." Ele preenchia suas páginas com diagramas detalhados, comparações com princípios da física e hipóteses sobre como as runas interagiam umas com as outras. Ele estava determinado a provar que a magia não era um mistério incompreensível, mas um sistema lógico que poderia ser dominado.
...A Primeira Conquista...
Após meses de estudo intenso, Merlin decidiu testar sua teoria. Ele voltou ao círculo mágico básico da bola de fogo. Dessa vez, ele não o reproduziu cegamente como aprendera na academia. Em vez disso, ele ajustou as runas com base no que havia descoberto. Refinou a combinação de "h" e outras runas relacionadas ao calor e à combustão. O círculo flutuou em sua mão, estável e brilhante, como nunca antes.
— "É isso," ele sussurrou, a voz carregada de emoção. Ele sentia a magia fluir através de suas mãos, mas não como algo misterioso. Era como pilotar uma máquina perfeitamente projetada, onde cada engrenagem tinha um propósito.
O círculo se ativou, e uma chama saltou de suas mãos, brilhante e quente, mas controlada. Pela primeira vez, Merlin não apenas conjurou magia; ele a compreendeu.
— "Não é magia. É ciência." Se orgulhou por voltar a repetir essas palavras para si mesmo após tanto tempo.
...O Caminho à Frente...
Essa descoberta reacendeu a determinação de Merlin. Ele sabia que ainda estava nos primeiros passos de uma jornada monumental. Havia milhares de runas para decifrar, combinações infinitas para explorar. Mas ele também sabia que estava no caminho certo.
Enquanto apagava a chama com um gesto suave, um sorriso curvou seus lábios. O homem que havia sido abandonado pela magia agora estava prestes a dominar suas fundações. Merlin não queria apenas usar magia. Ele queria entendê-la, transformá-la e, acima de tudo, reescrever o mundo com ela.
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Atualizado até capítulo 38
Comments
Takagi Saya
Estou tão presa na trama que nem sinto o tempo passar.
2025-01-15
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