Novo dia, uma oportunidade de ajudar o Nani a cavar a própria sepultura.
Desci as escadas ainda meio sonolento, Bella já estava sentada á mesa a tomar o pequeno almoço, Mike olhava para ela á distância. Parei no fundo das escadas e olhei para eles, Mike tinha uma diferença não muito grande da minha, penso que eram dez anos, e a minha mãe mesmo tendo os seus quarenta anos estava ainda muito jovem, as amigas dela tinham uma inveja enorme dela. Eles ficavam bem juntos, isso era um facto que ninguém podia ignorar.
Mike era um dos meus melhores amigos, olhei para ele e sorri entrando na sala, mal me viu entrar ele perguntou-me os planos que eu tinha para esse dia.
- O Nani ainda trabalha com o pai dele\, certo?
- Sim\, é uma empresa de contabilidade\, o pai dele gere algumas empresas do estado. O Nani é apenas o moço de recados.
Eu ri, era óbvio que ele tinha de ser um moço de recados, na escola já o era, os séniores usavam ele sempre para fazer o trabalho sujo e não terem de se preocupar com nada. Se alguém fosse apanhado seria sempre ele.
- Tenta ver se eles têm vaga para uma reunião hoje, tenho pressa, não quero esperar muito mais tempo.
- Okay\, eu vou para o escritório\, acho que o teu pai despediu a secretária dele\, aquela que veio aqui ontem\, preciso de lá ir para orientar as coisas\, mas enquanto lá estiver vou ver isso.
- Obrigado.- disse-lhe e sentei-me á mesa com a minha mãe que tinha estado a ouvir a conversa.
- Sky...
- Não comeces mãe...- disse-lhe mal ela abriu a boca para falar.
- Estás a levar isto longe demais\, tens de esquecer o passado\, isso não te leva a lado nenhum!
- Quando te ligaram da clínica a avisar que eu estava em coma sem qualquer prognóstico se ia acordar ou não\, como te sentiste?- vi no olhar dela que tinha tocado num ponto sensível.
- Tu sabes bem como fiquei!- ela levantou ligeiramente a voz e vi lágrimas aparecerem nos olhos dela.
- Desculpa!- abracei-a\, por vezes a minha maneira de ser fazia com que as pessoas á minha volta saíssem magoadas e magoar ela estava fora de questão.
- Ainda me lembro de ti ligado ás máquinas...- ela fungou no meu ombro.
Parabéns Sky, foste longe demais!
Fiquei em silêncio um bom bocado de olhos presos no meu pequeno- almoço, ela saiu da mesa pouco tempo depois em direção ao nosso jardim.
Sim, eu tinha passado por um mau bocado, mas quem é que sabia disso? Nani tinha ficado curioso, mas nunca tinha procurado saber como é que eu estava, para ele tinha sido uma partida que até podia ter corrido mal, mas que no final eu até me tinha safado...Eu precisava de lhe mostrar que não era bem assim.
A minha lista de alvos era curta, tinha poucas pessoas, mas eu sabia que podia ficar a minha ira nessas pessoas, se as coisas corressem bem a minha vingança estaria completa e aí sim nunca mais iam ouvir falar de mim.
Primeiro alvo: Nani; segundo alvo: Bright, ele era o és líder da gangue onde o Nani estava, nos dias de hoje ele era apenas um empregado num bar asqueroso numa das zonas mais velhas de Winchester; terceiro alvo: Ben, o meu querido pai ia sentir a dor do que me tinha feito, mas ampliada e a dor ia ser onde lhe doía mais; quarto alvo: Nat, ela tinha sido uma das que tinha gozado comigo sempre, nunca me tinha estendido a mão quando eu tinha precisado e no final, no dia do incidente no ginásio ela tinha assistido a tudo e nem ajuda tinha chamado. A vingança dela ia ser servida ao mesmo que a de Nani.
Ainda de manhã recebi uma chamada de Mike a dizer que eu podia ir a uma reunião com o pai de Nani, ele deu-me os pormenores, como tinha de orientar as coisas no escritório enquanto não vinha uma nova vítima, quer dizer, secretária, ele não podia sair dali.
Esperei algum tempo impaciente e depois de ter almoçado fui para a empresa do pai de Nani. Ele veio receber-me á porta, estava com uma cara de poucos amigos.
- Não me pareces bem...- comentei quando ele me cumprimentou. Ele encolheu os ombros.
- Sempre a mesma coisa\, não posso ser eu a gerir nenhum cliente\, o moço que entrega a correspondência tem mais liberdade que eu!- ele resmungou entrando no elevador comigo. Eu acenei com a cabeça\, estava a tentar ser compreensivo\, mas na realidade não tinha pena nenhuma dele.
O pai dele veio ter comigo á porta, ele continuava o mesmo tipo asqueroso que eu me lembrava dos nossos tempos de escola: baixo, com cabelos pelos ombros oleosos e óculos com armações pretas grossas, tinha uma barriga de cerveja que estava apertada por um cinto que tinha todas as condições para rebentar a qualquer momento. A pele era pálida e oleosa como o cabelo dele e ele tinha um bigodinho fininho que tinha sido demasiado aparado.
- Nunca esperei ver-te aqui rapaz!- ele exclamou estendendo mão para me cumprimentar. Apertei a mão dele\, estava escorregadia\, suada\, respirei fundo na tentativa de aguentar estar na mesma sala que ele.
- Gosto em vê-lo.- respondi quando lhe larguei a mão. Nani ia a retirar-se\, ele já tinha cumprido a função dele\, mas no segundo final agarrei-o por um braço.
- Quero que sejas tu a gerir o meu processo. Pode ser\, certo?- olhei para o pai dele que estava agora vermelho que nem um tomate.
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