A mansão Luz-Tempestade repousava no alto da colina, envolta em silêncio, mas aquele não era um silêncio de paz. Era um silêncio cheio de segredos, de dor não expressada. A lua iluminava o jardim de rosas vermelhas que cercava a casa, mas o brilho prateado apenas destacava a decadência dos arbustos antes perfeitos.
No salão principal, Helena — a última irmã sobrevivente além de Isadora — encarava o retrato da mãe, pendurado sobre a lareira. Os olhos da matriarca pareciam julgar a filha, como se sua alma ainda estivesse presente entre aquelas paredes antigas.
Helena (sussurrando, com amargura):
– "Você teria feito diferente, não é, mãe? Teria protegido Isadora melhor do que eu fui capaz."
Ela segurava um cálice de vinho, os dedos trêmulos. Os acontecimentos recentes haviam reaberto velhas feridas. Lorenzo estava desaparecido, mas a sombra do homem ainda pairava sobre a família, lembrando a todos do que haviam perdido — e do que ainda temiam.
No outro canto do salão, o patriarca, Samuel Luz-Tempestade, estava sentado em uma poltrona, a cabeça baixa, como se carregasse o peso do mundo. Afastado da liderança familiar após anos de traições e manipulações, ele agora era uma figura pálida do homem que fora.
Helena (desafiadora, voltando-se para Samuel):
– "Você ainda se acha digno de falar em nome da nossa família? Depois de tudo que fez? Das alianças que quebrou? Das vidas que destruiu?"
Samuel levantou a cabeça, seus olhos cansados, mas cheios de um orgulho vazio.
Samuel:
– "Eu fiz o que era necessário para proteger todos vocês. Se acha que entende o peso das minhas escolhas, Helena, então está mais ingênua do que pensei."
Helena deu um passo à frente, o rosto contorcido de raiva.
Helena:
– "Necessário? Você sacrificou tudo. E agora... agora Isadora é quem paga o preço. Ela carrega sozinha os segredos que você nunca teve coragem de enfrentar. Mas isso termina aqui."
Samuel:
– "Você acha que pode controlar a tempestade que se aproxima? Isadora está brincando com forças que não entende."
Helena:
– "Não, pai. Você é quem nunca entendeu Isadora. Ela nasceu para isso. A diferença entre vocês dois é que ela sabe onde termina o dever e começa a obsessão."
O som de um trovão distante ecoou lá fora, como se o universo estivesse respondendo à tensão na sala. Helena lançou um último olhar de desprezo ao pai antes de sair, deixando-o sozinho com seus fantasmas.
Entre o chá e a vingança:
A chaleira soltava um vapor suave, o aroma de chá de jasmim preenchendo o ambiente. A loja de Isadora estava tranquila, um refúgio de calma que contrastava com o caos de sua mente. Ela se sentou à mesa, com um livro de capa desgastada em mãos. Era uma leitura densa, sobre feitiços antigos, mas servia como distração.
Por alguns minutos, Isadora parecia apenas uma mulher comum. Seus dedos deslizavam pelas páginas, seus olhos âmbar absorvendo as palavras. Mas sua mente vagava.
Enquanto ela tomava um gole do chá, a lembrança da noite anterior invadiu seus pensamentos. A presença que a havia seguido, o mistério não resolvido. Havia algo ou alguém que a queria vulnerável, distraída.
Ela colocou o livro de lado e suspirou. Seus olhos percorreram a loja vazia, onde tudo estava perfeitamente arrumado, como ela gostava.
Isadora (pensando, enquanto limpava o balcão):
– "Eles acham que podem me intimidar... mas não sabem o que estão provocando."
Ela pegou um pano úmido e começou a limpar a poeira que insistia em aparecer nas prateleiras de madeira escura. A loja, com suas cortinas pesadas e o brilho tênue de velas, era um reflexo dela: elegante, mas cheia de segredos.
Enquanto organizava pequenos frascos de ervas e cristais, a determinação de Isadora só aumentava. Ela não sabia quem estava por trás de tudo — se era Lorenzo, Victor ou outra figura que ela ainda não conseguira identificar —, mas sabia que, no final, seria ela quem escreveria o desfecho daquela história.
Isadora (murmurando, quase como um mantra):
– "Não há tempestade que eu não possa atravessar... e nenhuma que eu não possa criar."
Quando terminou a limpeza, acendeu uma vela de canela no balcão e voltou para sua poltrona. O chá ainda estava quente, e ela permitiu que o momento de calma a envolvesse, pelo menos por alguns minutos.
Do lado de fora, a rua estava tranquila, mas Isadora sabia que a guerra já havia começado. A vingança, ela pensava, era como o chá que bebia: precisava de tempo para alcançar a temperatura certa.
E quando estivesse pronta, sua tempestade não deixaria nada intacto.
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Atualizado até capítulo 7
Comments
Carrie Candy 𝄞☹︎ᵕ̈
Não tive maturidade lendo essa frase😔
2024-12-26
1
Carrie Candy 𝄞☹︎ᵕ̈
😲.
2024-12-26
1
Carrie Candy 𝄞☹︎ᵕ̈
aiai
2024-12-26
1