Bocejo ao entrar no avião. Desde que voltei para casa para me arrumar para nossa viagem, tenho evitado Ryan a todo custo. Não estou com nenhuma paciência para lidar com ele, além de estar exercendo uma maior responsabilidade agora.
— Agora que estamos num relacionamento e ainda sou sua secretária, é meu dever saber o que você fez para meter a empresa num processo? — pergunto sem o encarar.
— Eu contratei algumas pessoas com habilidades para conseguir informações privilegiadas e as subornei. — Ele diz como se não fosse nada.
— E como eu nunca soube disso?
— Sou bom no que faço.
— Resumindo, você pagou pessoas para entrar de maneira ilegal na empresa dos outros e depois os ameaçou caso contassem, o que não deu certo porque agora a gente precisa cuidar de um processo que pode acabar com a empresa.
— Não disse se é verdade ou não. — Ele me olha como se tudo isso fosse uma brincadeira.
— Um dia eu ainda morro graças aos seus problemas.
— Não seja tão negativa.
— Seja assistente do maior CEO do país e verá se estou sendo negativa.
Suspiro, voltando a analisar alguns emails.
— Seus pais mandaram convites para a festa anual deles.
— Cancele, não estou afim de ficar em uma festa para velhos.
— Respeite seus pais, além disso, é bom, assim podemos encontrar novos investidores.
— O que houve com os nossos atuais?
— Sr. Llody se aposentou, Sra. Prescott desistiu após saber que perdeu os primeiros passos da filha por estar atolada de trabalho, Srta. Santiago se demitiu para seguir a carreira de detetive e Sr. Russell foi para a concorrência, alegando que não somos de confiança.
— E quando isso aconteceu que nem notei?
— Eis a questão, você nunca nota nada, eu cuido de tudo, é o único motivo da empresa ainda existir.
— Mantenha o respeito comigo, senhorita Clarke.
— Sim, senhor. — Volto o meu rosto para o tablet e coloco meus fones, tentando ignorar a presença dele.
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Chegamos à Virgínia e desço com a minha bolsa no ombro, ignorando a mão estendida de Ryan.
— Vai continuar assim?
— Assim como, senhor Scott?
— Ranzinza, como se eu tivesse feito algo de errado.
Olho para ele em silêncio e coloco meus óculos, seguindo em direção ao carro.
— Para o hotel Miserni, por favor.
— Sim, senhorita.
Analiso os perfis dos advogados que vão nos representar e mordo o lábio. Eu conheço eles de algum lugar...
— O que foi?
— Nada. Se concentre em explicar o porquê de fazer tudo isso, ou como pretende provar a sua inocência.
— Eu não estou gostando do seu tom, Clara.
— E qual seria esse tom, senhor? Estou mantendo o respeito, não estou aumentando meu tom de voz. — Abaixo meu óculos e o observo abrir um sorriso. — Não vejo o motivo do sorriso, senhor Scott.
— Está se adaptando muito ao título de Senhora Scott.
— O mundo é dos espertos, se for burro, os outros passam em cima.
— E é por isso que te contratei.
Coloco o óculos novamente e volto a mexer no meu tablet, ainda com a ideia de que eu realmente conheço esses dois advogados.
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Chegamos ao hotel e vejo uma mulher e um homem sentados na mesa em que reservamos.
— Clara Montgomery e Ethan Carter?
Eles se levantam e nos cumprimentam.
— Sr e Sra. Scott, é um prazer conhecê-los. Sentem-se.
Me sento ao lado de Ryan e eles sorriem.
— Anel lindo, parabéns aos dois. — O advogado diz, fazendo com que sua parceira dê um suspiro.
— Agradecemos pelas felicitações, estamos muito felizes. — A contragosto, eu e Ryan entrelaçamos as mãos sorrindo. — Já estão a par da situação?
— Sim, senhora. Bom, tudo o que discutirmos aqui ficará em sigilo profissional, nada do que dissermos aqui será vazado, nossa missão é proteger você, sua reputação e, claro, os interesses da empresa.
— Para isso, todos nós precisamos ser transparentes, vamos abordar os fatos como eles são, sem rodeios. Não importa o quão complicado ou comprometedor algo possa parecer, a verdade nos ajuda a traçar uma defesa consistente e sólida. — Clara completa a linha de raciocínio do parceiro.
— Sr. Scott, precisamos entender todos os detalhes das alegações apresentadas contra você e sua empresa. Mesmo informações que pareçam insignificantes podem ser cruciais neste momento.
— Antes de mais nada, vamos revisar os pontos principais do processo. Aqui está o que sabemos até agora:
Ela me entrega uma pasta e suspiro.
— Seu marido está sendo acusado de contratar especialistas em invasões cibernéticas para roubo de informações cruciais de empresas concorrentes, suborno e ameaça. Isso pode acarretar diversas coisas.
— Senhor, as acusações contra você são graves e podem arruinar sua carreira e a empresa. Se forem confirmadas, não é só uma questão de reputação ou perdas financeiras. Existe um risco real de processos criminais, o que pode levar à prisão preventiva e, em caso de condenação, à perda do controle sobre a empresa.
No lado corporativo, os investidores podem perder a confiança. Se os processos se arrastarem ou houver condenação, a empresa pode enfrentar falência, além de quedas nas ações e na valorização da marca.
Precisamos agir rápido. Negociar um acordo ou tomar medidas imediatas é essencial. Cada decisão agora pode definir o futuro da sua empresa e a sua liberdade.
A advogada diz num fôlego só e percebo seu nervosismo ficando aparente em suas mãos trêmulas.
— Certo, o que faremos agora?
— Precisamos de diversos documentos de sua empresa, pode ser fútil para o senhor, mas qualquer documento pode ser importante.
— Certo. Quais tipos de documentos? — pego meu tablet anotando.
— Precisaremos analisar registros financeiros, precisamos averiguar seus meios de comunicações em busca de algum contato com os hackers, contratos de suborno, pagamentos suspeitos.
— Certo, mas e se as alegações forem falsas? — digo, sentindo um bolo na garganta, apesar do trabalho cansativo, amo aquela empresa e amo meus amigos o suficiente para não deixar nada acontecer.
— Ainda assim, precisaremos verificar tudo em busca da inocência dele.
— Certo...
— Vai ficar tudo bem, querida. — Ryan cochicha no meu ouvido, me causando um arrepio. Mas, ao olhá-lo, percebo seu desconforto.
— Vou ao banheiro, com licença.
Me levanto, pego minha bolsa e vou até o banheiro que ficava próximo de onde estamos.
Me apoio na pia e me encaro no espelho. Minha expressão cansada só demonstra que estou fazendo mais coisas do que deveria e isso está me esgotando.
Jogo água para acordar e suspiro mais uma vez, seco e coloco um sorriso falso, olhando o relógio.
— Desculpe a demora.
— Tudo bem, Sra. Scott?
— Sim, Srta. Montgomery. Obrigada por perguntar. — Forço um sorriso.
— Bom, podemos continuar?
— Claro.
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Sou acordada pela vigésima vez por um cutucão do Ryan e ele sorri colocando a mão na minha cintura.
— Bom, seria prudente acabarmos por aqui, por hoje. Como podem ver, minha mulher está extremamente cansada e sonolenta.
— Certo. Podemos marcar para outro dia, sem problema, iremos comunicar nosso superior. Foi um prazer conhecê-los.
— O prazer é nosso, faremos questão de que tenham a melhor recepção aqui no hotel.
— Não há necessidade.
— Nós insistimos, Srta. Montgomery, fizeram muito por nós.
— Certo...
Enquanto Ryan ajusta tudo na recepção, Ethan e Lara sorriem.
— Tenho a impressão de que nos conhecemos.
— Pois é, tive a mesma suposição. Fizeram faculdade na Boulevard?
— Sim, como sabe?
— Acho que éramos colegas, lembram do meu apelido, Cissa?
Eles se olham e sorriem, provavelmente sentindo nostalgia.
— Incrível como você ficou mais bonita ainda. — Ethan coloca as mãos no bolso.
— Ela é nossa cliente, Ethan, mantenha o respeito.
— Não tem problema. Bom, foi um prazer reencontrá-los.
Aceno e caminho com Ryan.
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Atualizado até capítulo 53
Comments
Graça Barbosa
Não estou entendendo nada como uma empresa de um homem multimilionário não tem seus próprios advogados, isso não existe toda empresa no porte da empresa dele tem seus próprios advogados para defender esse tipo de acusação
2025-04-10
1
Jhay_Focas
Olha lá heim, o chef dela tá pertinho kkkk
2025-01-16
0
Jhay_Focas
Olha, só, não pode ouvir umas verdades que já apela
2025-01-16
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