sombra do destino

Capítulo 2 – Desafios e Segredos

Ana Clara estava de volta ao seu escritório, cercada por pilhas de documentos e anotações. A atmosfera na "AetherTech" ainda pairava em sua mente, como uma sombra que se recusava a se dissipar. A presença de Henrique D'Almeida, tão marcante e imponente, continuava a ecoar dentro dela. Ela tinha sido designada para editar seu livro, mas o que ele realmente queria dela? Ela não sabia, e isso a inquietava.

— "Então, Ana, o que você achou?" — A voz de Beatriz, sua colega de trabalho e amiga, soou do lado da sua mesa, quebrando seus pensamentos.

Ana levantou os olhos, tentando disfarçar sua inquietação.

— "Achou o quê?" — perguntou ela, enquanto reorganizava algumas folhas sobre a mesa, tentando manter uma fachada de normalidade.

Beatriz sorriu de forma astuta, sentando-se na cadeira em frente à sua mesa.

— "O CEO misterioso. Henrique D'Almeida? Como é ele pessoalmente?" — Beatriz a provocou, inclinando-se para frente, os olhos brilhando de curiosidade.

Ana hesitou, mas logo soltou um suspiro.

— "Ele... é exatamente como todos falam. Frio. Reservado. Mas... há algo nele. Algo que não consigo explicar." — Ela parou, refletindo por um momento. — "Ele tem esse poder, sabe? Uma presença que domina o ambiente. Não sei se ele faz isso de propósito ou se é apenas natural."

Beatriz a observou, os olhos estreitos de interesse.

— "Você está... interessada nele?" — perguntou Beatriz, com um sorriso travesso.

Ana olhou para sua amiga, incrédula.

— "Interessada? Não, Beatriz, claro que não!" — respondeu Ana, tentando afastar o pensamento. — "Eu só estou tentando entender o que ele quer com esse livro."

Beatriz arqueou uma sobrancelha, mas não disse mais nada, deixando Ana com seus próprios pensamentos.

Ela sabia que não era só o livro. Algo em Henrique D'Almeida a fascinava. Talvez fosse a aura de mistério que o cercava, ou talvez fosse o próprio desafio de tentar entender o homem por trás da lenda. De qualquer forma, ela não podia negar que se sentia atraída por algo que não conseguia explicar. Mas isso não tinha espaço em sua vida, não enquanto o projeto estivesse em andamento. O profissionalismo vinha em primeiro lugar.

Nos dias seguintes, Ana mergulhou nas anotações de Henrique sobre sua trajetória. Era um material difícil de decifrar. Havia algo evasivo nas palavras dele, como se ele estivesse tentando se esconder, mas também revelando pedaços de sua alma. As falas sobre o nascimento da "AetherTech" eram cheias de ambição, mas o que realmente a fazia questionar eram as pequenas referências ao "preço da liderança" e ao "sacrifício". O que isso significava? O que ele estava tentando esconder de todos?

Finalmente, depois de dias de trabalho intensivo, Ana recebeu um novo e-mail de Henrique, convidando-a para uma reunião. Era a chance que ela precisava para esclarecer suas dúvidas diretamente com ele. Mas, ao mesmo tempo, sentia-se ansiosa. Não sabia o que esperar, nem o que ele realmente queria dela.

O escritório de Henrique, no topo do prédio da "AetherTech", era ainda mais impressionante do que da primeira vez. Ele estava sentado atrás de sua mesa, os olhos fixos em algum ponto fora da janela, como se estivesse perdido em pensamentos. Quando Ana entrou, ele não se moveu, nem fez menção de lhe dar atenção imediatamente.

— "Entre, Ana." — sua voz soou, grave e controlada. — "Sente-se."

Ela se aproximou da mesa, sentando-se diante dele, o coração acelerado. Sentia o peso da expectativa, mas também a tensão no ar. Henrique D'Almeida era um homem difícil de ler, e ela sabia que só tinha uma chance de entender o que estava por trás do seu olhar penetrante.

— "Eu li os seus rascunhos." — disse ele, finalmente quebrando o silêncio, seus olhos agora fixos nela. — "Está indo bem. Mas eu preciso que você vá mais fundo."

Ana engoliu em seco. Ir mais fundo? O que ele queria dizer com isso?

— "Eu não entendo completamente o que você espera deste livro." — ela começou, hesitante. — "Você fala muito sobre liderança, sobre sacrifícios... O que você realmente quer transmitir?"

Henrique a observou por um longo momento, como se estivesse avaliando suas palavras. Então, com um suspiro baixo, ele se inclinou na cadeira e se tornou ainda mais enigmático.

— "Você quer saber a verdade, Ana?" — Ele pausou, os olhos intensos. — "Às vezes, liderar significa perder o que mais amamos. Significa se distanciar das pessoas, dos sentimentos, e até de nós mesmos. Eu fiz isso. Eu sou... uma sombra do homem que um dia fui."

Ana sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Ele não estava apenas falando de negócios. Havia algo mais, algo pessoal que ele estava deixando transparecer, mas não estava disposto a revelar completamente.

— "Você se arrepende disso?" — perguntou Ana, sem pensar, sua curiosidade tomando conta.

Henrique sorriu de forma melancólica, mas a expressão rapidamente desapareceu, substituída por uma dureza implacável.

— "Não. Eu não me arrependo. Porque, no fim das contas, o que importa é o legado. O que importa é o que deixamos para o mundo." — Ele pausou novamente, com o olhar distante. — "Mas isso não significa que não existam sacrifícios."

Ana ficou em silêncio, absorvendo as palavras dele. Ela sabia que ele estava tentando esconder algo. Ele falava sobre sacrifícios como se fosse algo que pesava sobre ele, algo que ele nunca compartilhara com ninguém. E isso a deixou ainda mais fascinada, mas também preocupada. Qual era o verdadeiro custo de estar ao lado de um homem como ele?

Antes que ela pudesse perguntar mais, Henrique se levantou abruptamente, interrompendo o momento de tensão.

— "Eu preciso que você termine a revisão. Quero ver o progresso até o fim da semana." — ele disse, a voz firme e decidida, voltando à sua postura de CEO. — "Nos vemos em breve, Ana."

Ela se levantou, ainda atordoada com o que ele tinha dito, mas sem conseguir fazer mais perguntas. Ele a havia dispensado, mas, ao mesmo tempo, ela sabia que estava mais próxima do que nunca de descobrir o segredo que ele estava escondendo.

Ana sabia que o caminho à frente não seria fácil. Ela não apenas estava editando um livro — ela estava prestes a mergulhar em um mundo onde o destino de Henrique D'Almeida e o seu próprio poderiam se entrelaçar de maneiras inesperadas.

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Vera Lúcia

Vera Lúcia

eita

2024-12-13

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