Assim que a porta se fechou, Giovanna sentiu as pernas fraquejarem. O peito dela doía como se tivesse levado um soco. Ela tentou engolir o choro, mas não conseguiu. Caiu sentada no sofá, cobrindo o rosto com as mãos, e começou a soluçar.
A tia se aproximou devagar e sentou ao lado dela.
— Ei… — a voz dela era suave, acolhedora. — Eu sei que isso machuca. Sei que dói demais.
Giovanna não respondeu, apenas chorou mais forte. A dor era sufocante, como se estivesse se partindo por dentro.
A tia passou um braço ao redor dela, apertando-a num abraço quente.
— Você não está sozinha, meu bem. Você tem a mim. E você tem uma vida inteira pela frente. Eu estou aqui pra te apoiar, não importa o que aconteça.
Aquelas palavras não apagavam a dor, mas aqueciam um pouco o vazio dentro de Giovanna. Ela respirou fundo, tentando se acalmar.
Depois de um tempo, quando os soluços diminuíram, ela se levantou e enxugou o rosto.
— Eu… eu vou sair um pouco. Andar de bicicleta.
A tia sorriu.
— Vai, sim. Vai sentir o vento no rosto, respirar um pouco. Mas, se precisar de mim, é só ligar, tá?
Giovanna assentiu e saiu.
Ela pedalou sem rumo pelas ruas, sentindo o ar fresco da tarde bater contra o rosto. Aos poucos, a dor no peito foi se tornando mais suportável. O céu estava começando a mudar de cor, o sol se pondo devagar, tingindo tudo com tons dourados.
Foi então que ela a viu.
Parada na calçada, ao lado de uma bicicleta vermelha, estava uma mulher. Não parecia muito mais velha que Giovanna, mas havia algo nela… algo que chamava atenção de um jeito diferente.
Ela era linda.
O cabelo escuro caía em ondas sobre os ombros, e os olhos tinham um brilho misterioso, quase hipnotizante. Usava um vestido leve, que balançava suavemente com o vento. Giovanna sentiu o coração acelerar sem motivo aparente.
A mulher olhou diretamente para ela e sorriu.
Mas não foi um sorriso qualquer. Foi um sorriso que parecia saber de algo. Algo que Giovanna ainda não entendia.
E naquele momento, sem saber exatamente por quê, Giovanna sentiu que sua vida estava prestes a mudar.
Giovanna freou a bicicleta e parou na calçada, observando a mulher à sua frente. O sorriso dela era leve, mas parecia carregar um segredo. Giovanna tentou desviar o olhar, mas algo naquelas feições a fazia querer ficar ali, mesmo que sentisse uma estranha ansiedade no peito.
A mulher deu um passo em sua direção, o olhar suave, mas intenso.
— Você parece perdida — disse ela, com uma voz tranquila, como se estivesse falando sobre algo mais profundo do que apenas a aparência de Giovanna.
Giovanna engoliu em seco, tentando esconder a confusão.
— Eu… Eu não sei o que estou fazendo. Só queria fugir um pouco. Aconteceu tanta coisa…
A mulher sorriu novamente, como se soubesse exatamente o que Giovanna estava sentindo, como se conhecesse cada pedaço de sua dor.
— Às vezes, fugir é a única coisa que conseguimos fazer. Mas não por muito tempo. O que você realmente busca?
Giovanna não soube o que responder. Ela nunca tinha se perguntado aquilo, nunca tinha realmente parado para pensar sobre o que ela queria para si mesma.
A mulher deu um passo à frente, com uma energia cativante, quase mística.
— Eu sou Lia. E acho que você tem mais perguntas do que imagina.
Giovanna sentiu um arrepio, algo que não podia explicar, mas que a atraía. Ela não sabia como, mas sentia que aquela mulher sabia de algo que poderia mudar sua vida, e talvez até a ajuda-la a entender mais sobre quem ela realmente era.
— Como você sabe…? — Giovanna começou, mas a mulher a interrompeu, com uma expressão séria agora.
— Porque eu já passei por isso. E sei o que significa se perder. Mas também sei o que é se encontrar, mesmo que seja no lugar mais improvável.
Giovanna sentiu os olhos se encherem de lágrimas novamente, mas dessa vez era uma dor diferente. Uma dor que parecia estar se transformando em algo novo, algo que ela ainda não compreendia totalmente.
— Eu… eu não sei mais em quem confiar — ela sussurrou. — Minha família… eles não querem mais saber de mim.
Lia olhou profundamente nos olhos de Giovanna, como se tentasse ver sua alma inteira.
— Às vezes, é preciso perder tudo para encontrar a verdadeira força. E você… você tem uma força incrível dentro de si, Giovanna. Só precisa aprender a escutar.
Giovanna sentiu o peso das palavras dela. Algo estava mudando, algo dentro dela. E aquele encontro, aquela mulher que apareceu de repente em sua vida, parecia ser a chave para algo que ela ainda não conseguia entender.
A mulher deu um sorriso gentil, mas com algo enigmático por trás dele.
— Se você quiser, posso te ajudar a encontrar as respostas. Mas, antes, precisa fazer uma escolha. Você está pronta para descobrir quem você realmente é?
Giovanna sentiu o mundo ao seu redor desacelerar, e o que antes parecia um simples passeio de bicicleta agora parecia o início de algo muito maior. Ela não sabia se estava pronta, mas sentia que não tinha mais escolha.
— Sim. Eu quero saber — respondeu, sem hesitar.
Lia deu um passo para trás e, com um sorriso misterioso, disse:
— Então venha.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 22
Comments