O dia tinha sido longo e cansativo. Giovanna saiu da escola sentindo o peso da rotina, mas também aquele vazio que não conseguia preencher desde que foi mandada embora de casa. Fazia semanas que estava morando com a tia, e mesmo que ela fosse gentil, não era o mesmo. Nada era o mesmo.
Ela subiu os degraus da casa, girou a maçaneta e entrou. Assim que deu o primeiro passo para dentro, congelou.
Seus pais estavam ali.
Sentados no sofá da sala, sérios, como se nunca tivessem feito nada de errado. O estômago dela revirou.
— O que vocês estão fazendo aqui? — a voz dela saiu mais dura do que pretendia.
A mãe foi a primeira a se levantar.
— Viemos conversar.
— Agora vocês querem conversar? — Giovanna riu sem humor, jogando a mochila no chão. — Depois de me expulsarem de casa como se eu fosse um lixo?
O pai suspirou, esfregando o rosto.
— Giovanna, você precisa entender que fizemos isso pelo seu bem.
— Pelo meu bem? — Ela sentiu a raiva borbulhar no peito. — Me mandando embora porque não gostaram de quem eu sou? Vocês acham mesmo que isso é pro meu bem?
A mãe cruzou os braços, impaciente.
— Você ainda não entende…
— Não! Eu entendo perfeitamente! — Giovanna interrompeu. — Eu nunca fui boa o bastante pra vocês. Vocês não querem uma filha, querem uma boneca que obedeça tudo sem questionar!
O silêncio na sala ficou pesado. A tia de Giovanna observava tudo da cozinha, sem intervir.
O pai tentou novamente:
— A gente quer você de volta.
Giovanna piscou, surpresa.
— O quê?
— Volte para casa — ele continuou. — Podemos esquecer tudo isso. Você pode mudar…
Aquelas palavras foram a gota d’água.
— Mudar? — Ela deu um passo à frente, o olhar queimando. — Vocês ainda acham que eu posso me consertar, né?
A mãe desviou o olhar. O pai apertou os punhos.
— A gente só quer o melhor pra você.
— O melhor pra mim? — Giovanna riu, mas não havia alegria ali. Só dor. — O melhor pra mim teria sido ter pais que me amassem como eu sou. Mas vocês não são esses pais.
O silêncio veio de novo. Dessa vez, carregado de algo irreversível.
A mãe suspirou, derrotada.
— Então é isso? Você realmente escolhe isso?
Giovanna sentiu o peito apertar. Mas se manteve firme.
— Eu não escolhi ser quem eu sou. Mas hoje eu escolho não me odiar por isso.
Os pais dela se entreolharam. A mãe pegou a bolsa. O pai levantou sem dizer mais nada.
Eles foram embora sem olhar para trás.
E pela primeira vez, mesmo com o coração em pedaços, Giovanna se sentiu livre porque além do país nunca ter apoiado ela em nada no momento que ela sentiu livre sem a dor do desprezo dos pais sua sorte foi sua tia de longe que apoiou ela até esse triste momento mais ao mesmo tempo alívio nem ela queria que chegasse a esse ponto queria só o apoio dos dois meio por fim foi isso afastamento de amor que nunca poder ser substituído amor de sua filha
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Atualizado até capítulo 22
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