Cap. 3

Quanso Valentina chegou ao edifício onde Renan residia, viu um carro que logo reconheceu a placa. Era o carro de Susan que estava parado em frente a portaria, o que a fez lembrar que a amiga não tinha ido aula naquele dia.

_ Não... não pode ser...

Cada passo parecia mais pesado enquanto tentava convencer a si mesma de que a presença do carro de Susan era apenas coincidência. O porteiro que conhecia Valentina deixou ela entrar sem problemas. No corredor, hesitou em bater na porta, mas antes que pudesse decidir, a porta se abriu de repente.

Renan, que estava descendo para pegar um pedido de comida na portaria, ficou irritado ao ver Valentina.

_O que você está fazendo aqui? Pergunta Renan, cruzando os braços.

_Renan... Precisamos conversar. Você está agindo estranho desde que falei dos meus avós... Eu posso entrar?

Renan suspirou, visivelmente impaciente.

_ Não, eu não quero conversar com você agora, você poderia voltar depois?

_Por que? Eu pensei que tínhamos algo especial, não entendo o que está acontecendo porque tenho que voltar depois

Renan ri, um som seco e cruel.

_Especial? Olha, você é bonita, mas você está chata, cheia de cobranças e eu não gosto disso.

Enquanto Renan falava, uma voz familiar surgiu  dentro do apartamento.

_Renan, quem está aí?

Valentina congelou ao ver Susan vindo do quarto de Renan usando uma das camisas dele A expressão de Susan foi de surpresa, mas seus olhos brilharam de satisfação.

_Valentina, eu... Não sabia que você viria aqui hoje

_ Como você pode fazer isso comigo? Perguntou Valentina, notando que Susan e Renan pareciam não se importar com a sua presença.

_ Olha Valentina, Você não é mulher para mim, eu estava apenas curtindo com você, e agora acabou a graça. Falou Renan com um riso cínico no rosto.

_ Como?

_ Isso mesmo que você ouviu. Vaza! Disse fechando a porta na cara dela.

_ Renan... Renam... Ela chamou algumas vezes sem resposta, percebendo ele não estava arrependido do que disse. Sem conseguir suportar a humilhação, ela foi embora, com lágrimas escorrendo pelo rosto.

Quando Valentina entrou em seu quarto, o silêncio parecia gritar ao seu redor. Ela fechou a porta que parecia isolar o som do mundo, mas não abafava a tempestade dentro dela. Com o coração pesado, ela desabou na cama, apertando o travesseiro contra o rosto para sufocar os soluços que vinham de forma descontrolada.

As lágrimas escorriam incessantemente, quentes e amargas, encharcando o tecido do travesseiro. A cada lembrança das palavras de Renan e do sorriso cruel de Susan, um novo soluço emergia, mais profundo, mais doloroso.

Valentina sentia-se esmagada por um misto de emoções: raiva, tristeza e vergonha.

_Como eu não percebi que a Susan não gostava de mim, e que ele so queria me usar… Ela chorou até o corpo ficar exausto, até os olhos incharem e arderem. Quando o sono finalmente veio, foi fragmentado, cheio de pesadelos que a faziam acordar ofegante, apenas para lembrá-la da realidade.

Na manhã seguinte, Valentina acordou com o rosto inchado e pesado, como se tivesse envelhecido anos em uma única noite. Apesar da dor, vestiu-se o melhor que pôde e foi para o trabalho, ainda tentando processar a confusão da noite anterior.

Ao entrar na empresa, sentiu olhares sobre ela, como se todos já soubessem algo que ela desconhecia. Cada passo em direção à sua mesa parecia mais pesado, como se algo sombrio estivesse prestes a acontecer.

Pouco depois, foi chamada à sala do Senhor Almeida, pai de Susan. Ao entrar, o ambiente estava carregado. O semblante dele era frio, e, para seu desgosto, Susan estava lá, sentada ao lado do pai, fingindo uma preocupação que agora Valentina podia reconhecer como falsa, e naquele momento ela sentiu vontade de bater na falsa amiga.

_Valentina, precisamos conversar sobre a sua performance no trabalho. O senhor Almeida começou a falar encarando Valentina.

Ela franziu a testa, confusa.

_Minha performance?

Almeida suspirou, empurrando para ela uma pilha de documentos.

_Temos enfrentado uma série de problemas nos últimos meses relacionados ao seu trabalho. Arquivos incompletos, dados incorretos... Tudo isso nos custou tempo e dinheiro.

O impacto das palavras foi imediato. Valentina ficou paralisada, incapaz de acreditar no que está ouvindo. Ela pegou os documentos com as mãos trêmulas, folheando rapidamente, mas sua mente parecia incapaz de absorver o que via.

O que ela não sabia era que Susan, além de se envolver com Renan, tinha tramado um plano para tirá-la de vez da sua vida. Usando o acesso que tinha aos sistemas da empresa do pai, Susan manipulou documentos e registros, forjando evidências de que Valentina não estava desempenhando bem o seu trabalho.

_Mas... eu fiz tudo com cuidado, revisei… Valentina tentou justificar, sentindo a voz falhar. _Talvez tenha havido algum mal entendido.

_Valentina, eu sei que você sempre tenta dar o seu melhor, mas erros como os que você cometeu… Susan interveio, com um olhar que parecia cheio de falsa preocupação._... Prejudicam a empresa.

Valentina olhou para ela, chocada. Susan estava mentindo descaradamente, mas fazia isso com uma suavidade que fazia parecer verdade.

_Isso não é justo! Eu... eu trabalhei duro! E você está fazendo tudo para me prejudicar, não bastou se envolver com o…

_Valentina! Almeida a interrompeu, com a voz firme. _ As evidências são claras, e já discutimos a sua posição na empresa, e mesmo a minha filha tenha tentando te proteger,  não podemos manter alguém que não entrega o que é necessário. Você está demitida.

A palavra "demitida" soou como um golpe. Valentina sentiu as pernas enfraquecerem, mas segurou-se, recusando-se a chorar na frente deles, vendo Susan sorrir pelos olhos.

_Eu... entendo... Conseguiu dizer, com a voz baixa. Nada que dissesse mudaria aquela decisão, ja que Almeida era o pai de Susan.

Enquanto ela se levantava para sair, Susan a seguiu até o corredor.

_ Ah, a  a vida é cheia de reviravoltas, não é? Provocou Susan esperando que Valentina reagisse e a atacasse. Quando Valentina foi na direção de Susan, outra funcionaria interveio.

_ Não faça isso, ela só quer te prejudicar. Falou segurando Valentina que percebeu que era realmente isso que Susan queria.

_ Obrigada. Agradeceu a pessoa que a impediu de bater em Susan. Valentina saiu da empresa sem olhar para trás, antes que cometesse uma loucura que a prejudicasse ainda mais,  com um peso no peito e a sensação de que tudo estava desmoronando mais uma vez.

Depois de deixar a empresa, Valentina caminhou pelas ruas sem rumo O vento frio daquela manhã fazia as lágrimas em seu rosto parecerem ainda mais geladas, mas ela não conseguia impedir que escorressem. A humilhação e o peso do dia esmagavam seu peito, dificultando até mesmo respirar. Cada passo parecia um esforço, cada rosto que cruzava o seu era ignorado, como se ela estivesse presa em uma bolha de dor.

Ao se aproximar de casa, tentou se recompor, limpando as lágrimas com as mangas do casaco e respirando fundo para acalmar o tremor em seu corpo. Porém, a sensação de fracasso não a abandonava.

Assim que abriu a porta, encontrou os avós sentados na sala, conversando. Eles se calaram assim que a viram.

_Valentina, o que você está fazendo aqui a essa hora? Perguntou  à avó, Dona Clara, franzindo a testa.

Valentina respira fundo, tentando encontrar as palavras certas.

_Preciso contar algo... Eu fui demitida... Contou , tentando controlar o tremor na voz.

A avó arregalou os olhos, enquanto o avô, Raimundo,  sentado em sua poltrona, resmungou algo inaudível antes de levantar o olhar para ela.

_Como assim perdeu o emprego? Questionou a avó, levantando o tom da voz

_ A culpa não foi minha… Disse Valentina com a voz embargada. _A Susan, tenho certeza que ela sabotou o meu trabalho, disse que eu fiz coisas erradas, mas eu não fiz, e...

_Valentina, isso é muito grave. Como vamos acreditar que você está falando a verdade?

_Vocês me conhecem! Sabem que eu nunca faria algo assim, que eu me esforço para fazer o meu melhor.  Disse Valentina mplorando com o olhar.

_ Não importa se é verdade ou não. A questão é que você perdeu o emprego. E nós estávamos ajudando a pagar a sua faculdade. Sem isso, não tem como continuar, não podemos dar mais dinheiro a você, isso se você realmente estiver gastando ele como diz que gasta.

Valentina sente um nó na garganta diante da desconfiança.

_Por favor, vovô, não desistam de mim. Eu vou conseguir outro trabalho, vou resolver isso...

_Resolver? Como, Valentina?  Dona Clara a interrompeu. _Você só traz problemas. Pensa que não sabemos que esteve dormindo fora, e que ficava rindo pelos cantos mexendo no celular, e agora isso... Parece que você está seguindo os passos da sua mãe.

A menção à mãe de Valentina foi um soco no estômago. Ela abriu a boca para falar, mas as palavras pareciam presas

_Eu não sou como ela! Gritou Valentina, sentindo as lágrimas molharem novamente o seu rosto.

Dona Clara balança a cabeça, sem ceder.

_Isso é o que veremos. Mas, por enquanto, você vai ter que se virar sozinha. Não podemos mais ajudá-la, temos outros netos, e eles não nos dão tanto trabalho quanto você. O Henrique está fazendo cursinho, vai ser medico, e e ele sim tem um futuro. Há tempos estamos pensando em ajudá-lo, mas estávamos gastando dinheiro com você… se arrependimento matasse.

Valentina não conseguiu mais ouvir. Correu para o quarto com o rosto em chamas, enquanto as palavras da sua avó ecoando como um mantra cruel.

Ao entrar, fechou a porta e caiu na cama, abraçando o travesseiro com força, como se ele fosse sua única fonte de conforto.

Lágrimas quentes escorriam pelo rosto, molhando o tecido, enquanto soluços sacudiam seu corpo. Ela se sentia pequena, desamparada, como se o mundo inteiro estivesse contra ela.

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Comments

IJBitt🧚

IJBitt🧚

Quanta falta de sensibilidade desses avós. Essas atitudes me revoltam.
Amo meus netos e faço tudo por eles.
Esses velhos são mais e desalmados.😡😡

2025-03-16

1

Thaliaa Vieira

Thaliaa Vieira

Sabe qual é o problema, É pq ela é mulher, trabalha e estuda, pra avó dela ela não tem que fazer isso, tem que ser que nem ela, trabalhar com a barriga na volta do fogão e atendendo marido! eles não querem o crescimento dela , pq não acreditam que ela pode ser alguém na vida.

2024-12-18

41

Angelica De paulo

Angelica De paulo

aí ,aí, ..... cabeça de pessoas retrógradas ,que pensam que mulher nasceu pra lavar, passar ,cozinhar e cuidar de filhos ..... coitada ..... e quando ela souber que está grávida 🥺

2025-02-04

0

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