Prioridade

Carol

Cheguei ao hospital.

Depois de ficar uns minutos em frente, tomando coragem para entrar. Lá estava eu, em frente a recepcionista. Quando ia perguntar se por acaso tinha algum paciente ali com os nomes dos meus familiares. Cris, Mônica ou Mavi, ouvi uma voz grave atrás de mim, chamar meu nome

" Carolina?!"

A mesma voz que me ligou. Anthony!

Me virei e dei de cara com ele, em pessoa e músculos.

Estava com semblante triste. Esteve chorando. Com certeza esteve.

Mavi! Minha Mavi.

Meu coração passou a bater acelerado.

Carol: Anthony! Agora você pode me dizer por que estou aqui?

Anthony: Vem, vamos nos sentar naquelas cadeiras.

Ele me indicou umas cadeiras mais afastadas. Fez um sinal para Jessy, como se pedindo para ela nos dar privacidade.

Eu não estava gostando nada daquilo.

Se fosse em outro lugar e outras circunstâncias, iria amar ter mais privacidade com aquele puro sangue ali a minha frente.

Mas eu sabia que o momento era outro. Estávamos em um hospital, e eu não tinha visto minha família ainda.

Algo estava errado. Muito errado.

Ele foi ao meu lado me guiando. Nos sentamos. Ele inclinou um pouco o corpo para frente. Passou as duas mãos pelos cabelos, descendo para o rosto.

Depois de um longo e profundo suspiro ele me falou.

Anthony: Carolina, seu irmão e a esposa sofreram um acidente.

Eu já sabia que era algo assim, mas não queria ouvir.

Ele continuou.

Anthony: Você precisa ser forte.

Pronto! A frase. A bendita frase. Eu já ouvi essa mesma frase quando ainda era uma menina entrando na adolescência. E a três anos atrás.

E agora essa frase novamente. Meu coração calejado já sabia o que vinha a seguir.

Carol: Fala logo Anthony. O que aconteceu com minha família?

Anthony: Sinto muito Carolina. Seu irmão e sua cunhada estão mortos.

Meu coração partiu em mil pedacinhos. O chão debaixo dos meus pés já não existiam mais. Eu chorei. Chorei muito.

Só não cai ou desmaiei ali, porquê dois braços fortes me ampararam.

Fiquei ali, naqueles braços, até não ter mais forças. Senti que estava sendo carregada. Os mesmos braços, que antes me abraçavam, agora me carregavam.

Acordei em um quarto de hospital, com soro no meu braço.

Jessy estava sentada na poltrona ao meu lado.

Carol: Jessy, o que aconteceu?

Jessy: Carol, que bom que acordou. Você desmaiou. Como está de sentindo?

Quando ela me perguntou isso, as palavras do Anthony voltaram com tudo. Meu irmão, meu único irmão. Morto. Está morto!

Comecei a chorar descontroladamente.

Jessy não sabia o que fazer para me acalmar.

Entre soluços eu perguntei a ela sobre Mavi.

Carol: Mavi... Mavi, onde ela está? Ela também estava no acidente?

Anthony: Se acalme Carolina, ou os médicos vão ter que te dar mais calmante. E a Mavi está bem. Está com meus pais. Ela não estava junto com os pais na hora do acidente. Tá bom? Agora respira.

Anthony entrou, e foi falando no intuito de me acalmar.

Ele se sentou ao meu lado, encostou suas costas na cabeceira da minha cama e me abraçou.

Fui me acalmando, e dormi ali, feito uma criança nos braços dele.

Acordei horas depois.

Anthony já havia resolvido tudo sobre o enterro.

Alguns familiares de Mônica vieram do Brasil, e assim ela pôde ser enterrada ao lado de seu amado marido.

Foi triste demais deixar meu irmão lá. Ele tão jovem ainda, com uma vida inteira pela frente.

Um pedaço do meu coração ficou lá. Queria ter ficado junto 😞

Mas tenho que cumprir uma promessa que fiz a ele ali naquele túmulo. Eu jurei que ia cuidar da sua amada filha.

Mavi agora era minha prioridade!

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