Mousse(Brian Dias)

Mousse(Rato)

Braço direito e homem de confiança de Lucas Scannell

Eu tinha sete anos quando minha vida virou de cabeça para baixo. Antes disso, minha família era tudo o que eu poderia pedir. Cresci cercado de amor, carinho e proteção. Meus pais estavam sempre ali, garantindo que eu fosse feliz, sem saber o que era a dor. Mas isso tudo se desfez em um piscar de olhos. Cheguei em casa de um dia de escola e encontrei a destruição. Minha casa estava em ruínas, e minha família… não estava mais lá. Minha irmã… eu nunca soube o que aconteceu com ela, mas ela desapareceu. Não houve explicações, não houve despedidas. Apenas a sensação de que o mundo tinha me arrancado tudo de uma vez.

Homens apareceram e começaram a me perseguir. Fui forçado a fugir para as ruas, sozinho, sem ninguém para me proteger, sem saber o que estava acontecendo. O medo tomava conta de mim, mas o desespero era maior. Nas ruas, aprendi rápido que o mundo não tinha piedade de quem era fraco. Fui forçado a enfrentar o pior da humanidade – violência, abuso e a dor de ser apenas uma criança tentando sobreviver.

Aos poucos, fui me acostumando com a maldade humana. Vi crianças mais velhas do que eu se afundando em drogas, vi as ruas se tornarem um campo de batalha. Fui me tornando parte disso, um pequeno pedaço dessa máquina suja, até que um dia, uma mulher me encontrou. Ela era dona de um bordel, uma cafetina que me viu como um projeto. Ela me recrutou para pequenos roubos, trabalhos sujos e depois me forçou a fazer coisas ainda piores. Ela me ensinou tudo o que eu precisava saber para sobreviver nesse mundo, mas ela me destruiu de uma forma muito mais cruel: emocionalmente. Fui abusado, usado e manipulado e deixado para morrer por dentro, até que eu não soubesse mais o que era sentir.

E então veio o trabalho que mudou tudo. Fui mandado para roubar um galpão. Eu achava que era apenas mais um serviço, mais uma coisa suja que eu teria que fazer para conseguir sobreviver. Mas, claro, fui pego. Fui torturado, espancado, até que não conseguia mais distinguir dor de escuridão. Foi nesse momento que eles apareceram: Maximilliano e Lucas Scannell. Homens que poderiam me dar uma chance, ou me acabar de vez.

Quando Lucas me perguntou se eu preferia morrer ou entregar quem me mandou, eu sabia que poderia ser a última escolha da minha vida. Mas eu não sou um traidor. Nunca fui. Então, olhei para ele e disse: “Não sou x9.” Aquilo fez os dois sorrirem. Eles queriam saber como alguém como eu tinha chegado nesse ponto. Contei o que sabia, cada pedaço de dor, cada escolha errada que fiz. E foi aí que a proposta veio.

Maximilliano me ofereceu uma chance: trabalhar para eles. Eu estava em um beco, e a morte parecia certa. Então, aceitei. Não tinha mais nada a perder. Eles me chamaram de “rato”, e talvez isso tenha sido o começo de tudo. Uma nova vida, com novos propósitos. E foi assim que a minha jornada no submundo começou.

Fui treinado por Morte, o homem nas sombras que nunca me olhou com simpatia, mas me preparou para o que seria a minha realidade daqui para frente. Eu estava vivo, e isso era o que importava. Me tornei o braço direito de Max. Quando Lucas assumiu a máfia, foi um movimento natural, e agora era ele quem eu servia. Ele me deu tudo o que eu precisava: poder, respeito e um lugar para chamar de meu. E eu me dediquei. Dei tudo o que tinha para ele, porque ele foi o homem que me tirou das ruas, que me deu a chance de me vingar de quem destruiu minha vida. A lealdade a ele é tudo o que eu tenho.

Mas aos vinte anos, algo aconteceu que me fez questionar ainda mais. Chloe, a filha de Max, sempre foi a patricinha que conhecia seu lugar, mas um dia ela invadiu meu quarto. Ela se entregou a mim de uma forma que eu não esperava. Quando ela me revelou que estava apaixonada por mim, eu não consegui mais esconder a verdade: também a amo, mas eu não poderia, nem se quisesse, corresponder a esse sentimento. A lealdade ao Max e Lucas sempre foi mais forte. Eles foram o único que me deu um propósito, os únicos que me tirou do abismo. Por respeito a eles, e por respeito à posição que ocupo na família, eu a rejeitei. Sei que a machuquei, mas não sou ninguém, que possa lhe oferecer um futuro. Eu sabia o que significava traição nesse mundo, e eu não estava disposto a me tornar mais um a quebrar essa confiança. Chloe pode ser linda, mas a minha lealdade aos meus chefes vem antes de qualquer outra coisa.

Agora, eu sou Mousse para aqueles que me conhecem. Meu nome verdadeiro? Ninguém sabe, exceto Lucas e Max. Não me importa o que falam de mim, mas, se você souber o meu nome, melhor é se lembrar que é um segredo guardado a sete chaves.

Tem um o primo que comanda o Submundo do jogo bicho, os chamados bicheiros. Eu o descobrir há pouco tempo. Ele só não sabe o quanto pode ser útil para os meus dons. Ele só não sabe ainda.