uma visita a Itália

Akif chegou à Itália com a mesma postura firme e o olhar atento de sempre.

A visita a Cassandra era um compromisso que ele valorizava, e, mesmo estando habituado a ambientes de poder e reuniões tensas, sempre gostava de dedicar um tempo para ver a prima, especialmente agora, com tantas mudanças na família.

Ao entrar no salão da mansão, deparou-se com uma cena que não esperava: Cassandra estava acompanhada por Laura, Duda, Sofia e… uma garota que ele ainda não conhecia.

Alice, sentada ao lado das amigas, levantou os olhos quando ele entrou, e seus olhares se cruzaram por um momento que pareceu durar uma eternidade.

Ela era incrivelmente bela, mas havia algo mais ali. Akif ficou imóvel, tomado por uma sensação que não conseguia descrever. Os olhos dela, grandes e curiosos, eram de uma pureza quase perturbadora para alguém como ele, acostumado aos jogos de poder e à dureza das batalhas. Aquela doçura em Alice o desarmou de um jeito que ele jamais imaginaria possível.

Alice, por sua vez, ficou intrigada com o homem que a observava. Ele era diferente de tudo que já havia visto.

Os traços fortes, o semblante sério e o jeito misterioso a deixaram curiosa. Ela o encarou com uma curiosidade genuína, sem saber que esse olhar inocente seria o que gravaria seu rosto profundamente na mente de Akif.

Antes que pudesse pensar em algo para dizer, os homens da família começaram a se aproximar, cumprimentando Akif e iniciando as formalidades.

Era hora de ir para o escritório e tratar dos assuntos da família. Ele assentiu com a cabeça, afastando-se, mas não conseguiu evitar olhar para trás, apenas para vê-la uma última vez.

Algo nele resistia a desviar o olhar, como se quisesse guardar aquela imagem da jovem de olhos brilhantes por mais um segundo.

Enquanto seguia para o escritório, Akif percebeu que algo dentro dele mudara naquele breve encontro.

Havia conhecido inúmeras mulheres, mas aquela combinação de inocência e beleza o deixara profundamente tocado. E, enquanto os homens iniciavam a conversa sobre os assuntos sérios, ele se pegou distraído, revisitando em sua mente o breve instante em que aqueles olhos o haviam olhado tão genuinamente.

No escritório, a atmosfera era densa e carregada. As paredes de madeira escura e os livros alinhados nas estantes contribuíam para a seriedade do ambiente. Sentados ao redor de uma mesa robusta, Akif, Suzan, Antony, Cesare e Lorenzo trocavam olhares cúmplices, cada um ciente da importância daquela reunião.

A presença de Akif, com sua experiência na Turquia e seu papel central nas alianças familiares, era altamente valorizada, e o respeito que os outros homens tinham por ele era evidente.

Suzan foi o primeiro a falar, com um tom firme e direto.

— Temos notícias de um possível vazamento de informações confidenciais. Alguns detalhes chegaram às mãos de inimigos na Espanha, Carlo está ciente e precisamos neutralizar a fonte — disse ele, com o olhar fixo nos outros homens.

— Isso é preocupante, especialmente considerando a sensibilidade das operações recentes — comentou Cesare, cruzando os braços. — Estamos muito expostos. Qualquer erro agora pode custar caro.

Akif inclinou-se para frente, com seu olhar atento e voz calma, mas assertiva.

— Precisamos agir rápido e evitar que o problema se expanda. Se houve vazamento, é provável que já estejam usando essas informações contra nós. O ideal seria fechar as pontas na Espanha antes que eles tomem qualquer atitude.

Antony, que sempre tinha uma visão mais estratégica, completou:

— Exatamente. Tenho alguns contatos em Madri que podem nos ajudar com isso. Podemos interceptar a comunicação e eliminar a fonte, mas será necessário um trabalho coordenado, Carlo virá e nos auxiliará com os nomes confiáveis ou não.

Lorenzo, conhecido pelo jeito discreto e observador, acrescentou com um tom ponderado:

— E não podemos nos esquecer de que uma ação na Espanha pode atrair a atenção de outros grupos. A posição de Arthur ainda gera temores e reverberações por lá, e qualquer movimento que façamos precisa ser cuidadoso. Não queremos acordar fantasmas antigos.

Os homens concordaram, e Suzan olhou para Akif, que parecia absorver cada palavra dita.

— Akif, precisamos da sua ajuda para que isso aconteça de forma eficaz e silenciosa. Sua experiência com operações de alto risco é essencial aqui.

Akif assentiu, com uma expressão determinada.

— Podem contar comigo. Vou falar com meus contatos e estabelecer uma estratégia de interceptação. Em menos de dois dias, teremos informações precisas para seguir com isso.

A reunião se estendeu por mais alguns minutos, onde finalizaram os detalhes e os próximos passos. Com os assuntos resolvidos, Akif se despediu dos outros e decidiu aproveitar o restante do tempo para relaxar. Ele passaria dois dias hospedado na mansão, e o ambiente ali era um contraste interessante à sua vida intensa de missões e negociações.

Ao sair do escritório, ele caminhava distraído pelos corredores, refletindo sobre a reunião, quando viu Alice novamente. Ela estava no salão, conversando com Cassandra e Duda, e ao notar sua presença, ela se virou, parecendo ligeiramente surpresa.

Sem pensar duas vezes, Akif se aproximou, decidido a se apresentar e entender mais sobre a jovem que havia despertado algo inesperado nele.

— Alice, certo? — disse ele, com um leve sorriso, estendendo a mão. — Sou Akif.

Alice, um pouco envergonhada, apertou a mão dele, sentindo a firmeza e o calor do toque. Ela ergueu o olhar para ele, encontrando aqueles olhos escuros que traziam uma intensidade impressionante.

— Sim, Akif... muito prazer em conhecê-lo — respondeu ela, sua voz suave, mas com uma sinceridade que Akif percebeu imediatamente.

— O prazer é meu, Alice — disse ele, observando o jeito inocente dela e o sorriso gentil. — Espero que esteja gostando de viver aqui. É um lugar interessante, não é?

Alice assentiu, sorrindo timidamente, e ele notou o brilho curioso em seus olhos, o mesmo que tinha visto antes.

— É, sim. Muito diferente de onde eu vivia antes. Ainda estou me acostumando — respondeu ela, com um leve sorriso que revelou a simplicidade e a sinceridade que a tornavam única.

Akif percebeu que havia algo nela que o fazia querer permanecer ali, conversando. Ela era um mistério envolto em beleza e pureza, e ele se perguntou até onde esse encontro o levaria nos dias seguintes.

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