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*Matteo

Estava na casa da minha mãe vendo um filme com Amora, o dia na delegacia foi corrido e depois do expediente eu resolvi ficar com minha filha, ela adora assistir filmes e comer pipoca na verdade Amora ama todo tipo de programação que eu possa estar junto com ela, fico observando minha filha ali deitada no meu colo enquanto assiste e agradeço a Deus por ter me dado a chance de vê-la crescer, as vezes fico lembrando de tudo que passei na gestação da Amora com a Cecília e o quanto foi difícil ver ela tão pequena lutando todos os dias pela sua vida, desde pequena já é uma grande guerreira.

Susan- Querido está tudo certo para suas férias?

Matteo- Tá sim mãe, eu hoje já dei entrada nos papéis, a senhora pode viajar tranquila.

Minha mãe senta no sofá com a gente e me olha por um tempo.

Susan- Você tá quieto, aconteceu alguma coisa?

Olho pra ela que me encara.

Matteo- Não, só tô muito cansado.

Susan- Ela tá quase dormindo.

Minha mãe aponta pra Amora e eu a olho quase cochilando, puxo ela para os meus braços e a aconchego, não demora muito e escuto ela ressonando baixinho, levo ela pro seu quarto e coloco na cama, coloco o coberto e dou um beijo na sua cabecinha.

Matteo- Boa noite meu amorzinho.

Falo baixinho enquanto passo a mão no seu cabelo, me levanto devagar e saiu do quarto fechando a porta, vou até a cozinha e minha mãe está tomando um café.

Susan- Acompanha sua mãe em um café?

Matteo- Claro.

Dou um sorriso fraco e sento na mesa ao seu lado, minha mãe me serve uma xícara de café e eu tomo um gole generoso.

Susan- Filho, sei que não gosta quando eu falo sobre você arrumar alguém pra sua vida, mais acredito que você de fato deveria começar a pensar nisso.

Encosto na cadeira e dou um suspiro pesado, eu de fato não gosto de falar sobre isso.

Susan- Se não por você, pelo menos para Amora.

Ela me encara e acho estranho.

Matteo- Por que a senhora tá falando isso?

Minha mãe se ajeita na cadeira e fica de frente pra mim.

Susan- Meu amor ela não comenta com você, mais a Amora vem se sentindo triste ultimamente.

Logo meu lado protetor grita, por que minha filha está triste?

Matteo- Como assim mãe?

Encaro minha mãe já preocupado.

Susan- Meu filho, a Amora sente falta de uma presença materna, mesmo tendo a mim sempre com ela, esses dias ela chegou a comentar que todas as amigas da escola tem mamãe, menos ela e que isso a deixava triste por que ela não sabia por que ela não tinha mamãe.

Fecho os olhos quando sinto uma pontada no meu coração, minha mãe sempre falou sobre isso eu nunca dei atenção, afinal eu sempre achei que tudo que eu e minha mãe fizéssemos pra ela seria suficiente.

Matteo- Eu não sabia que isso pudesse afetar tanto ela mãe.

Susan- Querido não é sua culpa, desde que soube da gravidez da Amora você tem feito de tudo por ela, mudou sua vida, sua rotina pra ficar com ela, eu sei que você se cobra muito Matteo,mais o fato da Cecília ter tratado você e a Amora como um nada não significa que todas as mulheres do mundo vão fazer o mesmo.

Minha mãe suspira e segura minha mão.

Susan- Quando seu pai morreu eu senti a pior dor do mundo, meu coração parecia está sendo esmagado, arrancado do peito, mais eu sabia que precisava me manter firme por que eu tinha você, eu tentei ser tudo que você precisava,mais se eu tivesse tido a vontade de viver minha vida e encontrado outra pessoa você estaria incluído em tudo, meu filho eu sei que você perdeu a confiança e acima de tudo você coloca a Amora em primeiro lugar, mais pense um pouco, não seria somente uma mãe pra Amora, mais sim uma nova oportunidade de descobri o que é o amor, eu sei que você amou muito a Cecília e que ficou muito magoado, mais pense Matteo a vida é muito curta para não viver e ser feliz, meu filho você só vive para o trabalho e manter a mim e a Amora feliz e seguras, você não nos deixa faltar nada, mais e você? Você não está vivendo Matteo, se entregando cada vez mais a esse fundo do poço que você nem tenta sair, por favor meu filho pense bem no que eu estou te dizendo.

Vejo os olhos da minha mãe ficarem marejados e ela me abraça.

Susan- Eu sei que você tá machucado meu filho, mais precisa se permitir, caso contrário nunca irá saber o que é viver um grande amor, eu não tive escolha seu pai foi tirado de mim, de nós, mais você pode refazer sua vida Matteo, pode mudar sua história e seu futuro, e quem sabe construir uma família linda pra você e nossa pequena Amora.

Meus pensamentos vão pra Mili, o quanto meu corpo e minha mente ficaram afetados com sua beleza e simplicidade, mais não sei como agir diante disso.

Matteo- Eu prometo que vou tentar mãe, não por mim mais pela Amora, eu sei que ela é a mais prejudicada nisso tudo, ela não tem culpa do que aconteceu entre mim e a Cecília, mais por ela eu sou capaz de tudo, eu prometo que eu vou tentar.

Susan- Isso já é um começo meu amor.

Minha mãe da um sorriso e passa a mão no meu rosto, ficamos conversando mais um pouco sobre a sua viagem e os preparativos, falo um pouco sobre os últimos dias na delegacia, apesar de ser perigoso e não concorda com muitas coisas da polícia minha mãe gosta que sempre conte como anda as coisas por lá, o que estou investigando, ela diz que se sente mais segura. As horas vão passando e quando vejo já é quase meia noite, me despeço da minha mãe e vou pra casa a pé mesmo, afinal é no mesmo condomínio somente duas quadras acima, observo a lua e a brisa da noite que toca minha pele, fecho os olhos quando tenho a leve impressão de sentir o cheiro da adorada Mili, um cheiro doce e marcante assim como seus lindos olhos,e do nada me bate um vontade de vê-la, chego em casa troco de roupa e quando chego na porta eu travo.

Matteo- O que eu tô fazendo?!

Falo pra mim mesmo, minha cabeça nesse momento está confusa, eu não consigo pensar com clareza só tenho certeza de que quero vê-la. Fico nesse impasse quase meia hora até que decido sair, pego o carro e sigo em direção ao club, sei que a essa hora não vou conseguir ver nenhuma apresentação dela mais pelo menos tentarei de longe, estaciono o carro quase de frente a porta e fico observando. Já é quase 01:30 da manhã estou perdendo as esperanças quando a vejo saindo do club, ela está linda, sua mochila nas costas, vejo quando ela entra num carro e sai, suspiro em derrota pois nem mesmo a coragem de ir até lá dentro eu tive, bato no volante com força e sigo em direção a minha casa, pelo menos de algo valeu a pena, eu a vi, mesmo que de longe eu a vi.

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