Capítulo 1

Em meio à música alta, sob o reflexo das luzes cintilantes, o aroma sutil dos feromônios se misturava com o aroma das bebidas finas.

Um delicado cabelo da cor do pôr do sol, uns belos olhos cheios de vida e encanto realçavam a graça do jovem ômega, uma grata figura dançando no meio da multidão.

Uma figura que era seguida por vários olhares sutis e grosseiros, uma situação regular que acontecia entre as pessoas que frequentavam esses centros de entretenimento.

Sem se importar com os olhares sobre ele, o jovem ômega continuava com sua tão graciosa dança, no entanto, uma presença chamou sua atenção, a presença daquele homem que o olhava com calma.

Um Alfa dominante como a maioria dos que se encontravam no clube privado, mas que possuía uma aura chamativa.

O olhar do alfa estava dirigido ao jovem ômega.

Com um bonito sorriso, o jovem ômega se dirigiu até o alfa passando por todas as pessoas que estavam no centro da pista de dança.

Com uma leve troca de palavras, ambos abandonaram o clube privado com direção à casa do alfa.

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"Quer algo para beber?"

"Por acaso me trouxe para continuar bebendo? Não seria melhor começar com algo mais divertido?"

"Eu dizia por cortesia, mas como quiser"

Deixando os copos de cristal de lado, o alfa se aproximou do jovem ômega com um sutil sorriso nos lábios.

Uma grande figura que era difícil de rejeitar, com um corpo imponente que podia ser notado através do terno preto que vestia.

Aceitando a proximidade do alfa, o jovem ômega apressou seus passos com entusiasmo até chegar aos braços daquele homem.

Apenas seu corpo sentiu o calor daqueles braços, um forte calafrio percorreu o corpo do ômega, havia sentido um leve frio no momento de entrar na casa, mas não deu importância, só que agora, o frio se fez mais forte.

"Acontece algo?"

"... Não", deixando de lado o frio que percorria seu corpo, o jovem ômega rodeou o pescoço do alfa para beijá-lo.

No entanto, nesse momento, ouviu-se o forte estrondo de um objeto caindo no chão.

Surpreendido por tal estrondo, o ômega virou para ver na direção de onde proveio o ruído.

"... O que foi isso?", perguntou assustado.

"Um simples objeto que deve ter caído", respondeu o alfa com calma.

"... Não tem mais ninguém aqui, não é?", continuou perguntando o ômega com cautela.

"Quem mais poderia estar aqui?", sorriu o alfa.

Como era uma ampla casa, não seria estranho que algum objeto caísse de vez em quando; com um suspiro, o ômega voltou a rodear seus braços ao redor do pescoço do alfa, não perderia a oportunidade de estar com este homem só por uns quantos ruídos.

No entanto, quando seus lábios se aproximaram dos lábios do alfa, um forte peso foi sentido sobre seu corpo, era como se algo tentasse esmagá-lo.

Seguido daquela sensação, algo passou por trás dele, não era algo que fosse visível, tratava-se mais bem de uma presença, uma tenebrosa presença.

Sobressaltado e com medo, o jovem ômega se soltou dos braços do alfa e buscou com o olhar aquela presença que o fazia tremer.

"... Tem... Tem algo aqui", balbuciou.

"É assim?", com tranquilidade, o alfa foi se servir um copo de bebida.

Com o céu noturno visível através das janelas, o jovem ômega sentiu ainda mais temor, sobretudo porque aquela presença seguia junto a ele.

"Suponho que queira ir embora", mencionou o alfa com naturalidade enquanto segurava seu telefone celular com uma mão e tomava sua bebida com a outra.

Vendo a tranquilidade do alfa, o ômega não hesitou em pegar suas coisas e saiu disparado do lugar.

[Sim Senhor, escoltaremos o jovem até sua casa]

"Te encarrego disso"

[Que tenha uma boa noite]

Logo após terminar a chamada, o alfa jogou o telefone celular sobre a mesa e se deixou cair sobre o sofá enquanto segurava o copo de bebida.

Na espaçosa casa, tão logo se fez o silêncio, uma suave melodia começou a soar desde o sistema de som, uma suave e estranha balada que te faz recordar a primavera e a solidão.

"Ja ja ja ja", agitando o copo de cristal, a risada do alfa acompanhava a melodia.

Uma risada divertida e resignada.

"Ahh, sempre faz o mesmo", suspirou o alfa recostando seu corpo no encosto do sofá.

"Até quando será um incômodo?", perguntou ao vazio.

No entanto, não houve nenhuma resposta para o homem que falava consigo mesmo, só podia sentir esse forte frio ao qual já estava acostumado.

"Acha que gosto de falar sozinho? Sabe que odeio isso... Yeisan"

Ao pronunciar aquele nome, aquela fria presença se aproximou dele, uma figura brumosa foi se revelando, e pouco a pouco foi se formando uma figura humana.

O dono daquela gélida presença se tornou um jovem de aspecto delicado e elegante, um jovem que à primeira vista formava parte da realeza, vestindo um conjunto negro que realçava sua pálida pele sem vida, e coberto com um manto branco que escondia seu delgado corpo.

"Até quando fará isso? Também não me deixará em paz nesta vida?", com seu olhar fixo na bebida, o alfa se dispôs a beber dela, mas foi detido por uma delicada mão cujos delgados dedos cobriam o copo de cristal.

"É ruim beber demais", pronunciou o jovem com voz sedosa.

"Diz que me fará mal?", falou o alfa levantando-se do sofá.

Pôs-se de pé frente ao jovem e bebeu todo o conteúdo do copo sem deixar uma só gota.

"Beber isso me dá a sensação de calor da qual me tem privado, já que não posso sentir o calor de um corpo porque assim decidiu", com o som do copo de cristal caindo sobre o chão, o alfa caminhou até o andar superior.

"... Emmett", chamou o jovem, "Você me tem"

Olhando essa fria figura presente que não tinha vida, o alfa começou a rir com força.

"Ja ja ja ja, que diferença há entre não sentir nada, e estar contigo?"

"O que eu desejo, é sentir vida, não um corpo gelado que não tem pulso", acrescentou o alfa subindo pelas escadas.

"E meu maior desejo é que me deixe ser livre, não é nada meu, então desapareça de uma vez", disse por último e desapareceu no andar superior.

Sozinho no térreo, Yeisan não deixou de olhar ao alfa até que já não foi visível.

"... Sou seu esposo, é meu dever cuidar de você", murmurou.

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