No Bar "The Last Bullet"

O **"The Last Bullet"** era um bar escondido nos becos sombrios de uma cidade decadente. Uma mistura de mercenários, assassinos, e caçadores de recompensas fazia do local seu refúgio, um lugar onde discussões sobre contratos sujos, conspirações e mortes eram tão comuns quanto um brinde de uísque. O cheiro de tabaco, álcool forte e suor enchia o ar enquanto uma jukebox velha tocava uma melodia rouca e nostálgica.

**Ares**, o dono do bar e ex-general implacável, estava sentado no fundo, cercado por suas ferramentas e peças espalhadas pela mesa. Seus olhos estavam fixos no que ele chamava de seu **"Arsenal Vivo"**, manipulando com precisão cada peça de metal que brilhava à luz fraca do bar. A habilidade de transformar qualquer objeto em uma arma era seu maior trunfo, e ele sempre aprimorava esse dom com seu toque frio e calculista.

Do outro lado da mesa, uma figura fantasmagórica flutuava ao redor, sua presença difícil de ignorar. **Bryan**, um antigo colega de batalhas que havia morrido anos atrás, tinha se tornado um espírito inquieto que, de alguma forma, permanecia preso ao lado de Ares. Seu vocabulário era uma constante fonte de grosserias e insultos, algo que já não incomodava mais o ex-general, embora ainda fosse uma distração irritante.

"Você vai ficar *fingindo* que essas armas de merda vão te levar a algum lugar, Ares? Puta que pariu, você sempre foi obcecado com essas coisas!" Bryan flutuou até uma das peças, passando a mão espectral por cima dela, incapaz de tocá-la. "Sabe, eu até que sinto falta de quando a gente só precisava meter bala nos desgraçados."

Ares, ainda concentrado, sorriu de canto, sem desviar o olhar das armas. "Você continua falando como se entendesse alguma coisa, Bryan. Talvez se tivesse usado a cabeça mais do que o gatilho, você não teria acabado assim."

"Vai se foder." Bryan resmungou, cruzando os braços enquanto flutuava para o teto, visivelmente irritado. "Acho que prefiro ser um fantasma a ter que lidar com esse seu **ego de merda** o tempo todo."

Ares soltou uma risada baixa e sombria, finalmente levantando os olhos para Bryan. "Você pode ser um fantasma, mas ainda está preso aqui. Talvez eu não seja o único com uma obsessão."

Bryan grunhiu, voando em círculos pela sala como uma criança emburrada. "Eu tô preso a você porque você não consegue seguir em frente, seu imbecil! Eu não sou o problema aqui. Mas vai em frente, continue brincando com seu 'Arsenal'. Vamos ver até onde isso te leva."

Ares ignorou a provocação, continuando a ajustar uma adaga recém-formada a partir de um pedaço de metal enferrujado. Ao seu redor, o bar estava cheio, mas os frequentadores sabiam que era perigoso demais interromper Ares enquanto ele estava concentrado. Ele tinha uma reputação, e todos ali a respeitavam.

A conversa entre Bryan e Ares, por mais rude que fosse, havia se tornado uma rotina quase cômica. Eles haviam lutado lado a lado em diversas guerras e missões sombrias, até que Bryan encontrou seu fim em uma batalha brutal. Desde então, ele permanecera ao lado de Ares, como um eco sombrio do passado — e talvez até como uma lembrança indesejada do que Ares costumava ser.

Enquanto Ares testava o equilíbrio da adaga, um homem corpulento com cicatrizes pelo rosto se aproximou da mesa, hesitante. Era um dos muitos mercenários que frequentavam o bar, mas mesmo para os padrões dos assassinos de aluguel, ele parecia nervoso.

"Ares... a gente... a gente tem uma situação. Um contrato novo, e parece ser sério." O homem olhou em volta, claramente desconfortável com a presença do fantasma. "É sobre aquele garoto... Kenji."

Ao ouvir o nome de Kenji, Ares parou por um momento, um brilho perigoso surgindo em seus olhos. Ele jogou a adaga sobre a mesa e cruzou os braços, olhando diretamente para o mercenário. "Continue."

"Os caras do governo estão atrás dele, mas parece que ele tem algo... diferente. Dizem que ele pode alternar entre Yin e Yang, o que faz dele uma peça importante. A recompensa está subindo."

Ares, ainda com aquele meio sorriso no rosto, olhou para Bryan que já estava flutuando ao seu lado, observando a conversa com interesse renovado.

"Alternar Yin e Yang, hein?" Bryan coçou o queixo, apesar de não ter mais um corpo físico. "Isso é interessante. Talvez esse garoto seja a chave para você, Ares. Mas, vamos ser sinceros, você vai foder isso como sempre."

Ares ignorou o fantasma e olhou de volta para o mercenário. "Eu já sei quem é Kenji. E já tenho planos para ele. Você não precisa se preocupar com o resto. Apenas faça seu trabalho e espalhe a palavra — quero mais informações. E rápido."

O mercenário assentiu rapidamente, aliviado por não ter irritado Ares, e se afastou, voltando para as sombras do bar.

Bryan riu novamente, sua risada ecoando pelo ar ao redor de Ares. "Você está sempre três passos à frente, né? Mas me diz uma coisa, você acha que vai mesmo controlar esse garoto? Ou será que ele vai acabar com você?"

Ares, agora mais focado do que nunca, pegou outra peça de metal e começou a trabalhar nela, moldando-a em algo letal. "Ele não tem ideia do que está por vir, Bryan. Mas eu, eu sempre tenho um plano."

Bryan apenas balançou a cabeça, ainda flutuando em círculos. "Você sempre diz isso. Vamos ver se dessa vez você não acaba morto de novo, pelo menos. Ou, sei lá, me faz um favor e acaba com essa merda logo. Eu cansei de te seguir como uma sombra."

Ares, sem desviar os olhos do trabalho, sorriu para si mesmo. Kenji, o garoto que poderia alternar entre Yin e Yang, estava se aproximando de seu destino, e Ares pretendia ser aquele a controlá-lo — ou destruí-lo.

No fundo, Bryan observava, ainda amaldiçoando, mas sabendo que algo grande estava para acontecer.

No "The Last Bullet", o tempo nunca parava, e nem Ares.

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