Capítulo 5

No dia seguinte, acordei sentindo um leve cansaço físico, talvez por não ter dormido bem à noite. Esperei uns trinta minutinhos antes de encarar a tela do celular, para evitar forçar meus olhos logo cedo (Isso acaba com as vistas). Quando finalmente chequei o aparelho, estava ansiosa pela resposta da Deolane: nada.

Sim, ela simplesmente não respondeu. Deolane não costuma conversar muito comigo por mensagem; nossas interações são mais frequentes no orfanato. Somos próximas, mas nem tanto.

Enquanto aguardava os trinta minutos passarem, segui minha rotina matinal. Fiz meu skincare diário, escovei os dentes (primeira atividade do dia), preparei uma tapioca com ovo para o café da manhã e, só então, fui "fuçar" o meu celular. As manhãs parecem sempre passar voando. Uma hora estou acordando, e quando percebo, já estou preparando o almoço e me arrumando para ir ao trabalho. Estou com muita expectativa de mudar a minha vida com isso. Me julguem, mas é isso o que eu quero.

Eu estava preparando o almoço quando Lizzy entrou pela porta da cozinha.

Lizzy: — Hum! Que cheiro bom! — exclamou, inspirando fundo e fechando os olhos por um instante.

Ayme: — Bom dia, Liz! — respondi, enquanto mexia nas panelas.

Lizzy: — Bom dia. O que você está fazendo para nós? — perguntou, espiando por cima do meu ombro.

Ayme: — Hoje não é nada demais. Arroz, feijão e filé ao molho branco.

Lizzy: — Ai! Molho branco de novo? — reclamou, fazendo uma careta.

Ayme: — Da próxima vez, você vem aqui e faz, uai. Só assim você come tudo o que te dá gosto — retruquei, lançando-lhe um olhar rápido.

Ayme: — Quando a gente depende dos outros assim, não tem muito o que reclamar, não — completei, continuando a mexer nas panelas com firmeza.

Lizzy revirou os olhos e caminhou até a geladeira, pegando um suco de caixinha. Ela abriu o suco e se serviu, bebendo direto da embalagem.

Ayme: — Cadê o seu namorado? Já voltou de viagem? — perguntei.

Lizzy: — Ainda não. Não nos falamos hoje — respondeu, dando de ombros.

Ayme: — Hum... Estão brigados, é? — provoquei, torcendo para que ela dissesse que sim.

Lizzy: — Não, Ayme. Não estamos — disse, com um tom seco, sem levantar os olhos do celular.

Lizzy: — Acontece que ele fica muito ocupado boa parte do tempo nessas viagens. Quase não tem tempo no dia da competição — explicou, enquanto seus dedos deslizavam rapidamente pela tela do celular.

Ayme: — Ah! É hoje a competição? — perguntei, tentando soar interessada.

— Então esse filho da puta não contou que não foi viajar... Será que ele foi mesmo para a balada? Meu Deus — Coloquei a mão na testa, incrédula com o nível desse descarado.

Lizzy: — É — respondeu desinteressada, sem desviar a atenção do celular.

Ayme: — Que bom. A comida está pronta. Já pode comer — anunciei, limpando as mãos no avental.

Me servi, peguei o celular que tinha deixado em cima do balcão e saí da cozinha. Eu e Lizzy não éramos tão péssimas irmãs assim, só ficamos desse jeito depois das brigas que começaram a rolar... e também, por causa da mamãe.

Hoje, eu queria chegar mais cedo no serviço. Deolane realmente não vai responder à minha mensagem, então prefiro ouvir pessoalmente mesmo. (Ela tem disso, de contar as coisas emocionantes olho no olho).

Antes de ir para o trabalho, enquanto me arrumava, lavei os cabelos e os sequei cuidadosamente. Fui toda produzida.

Kayla: — Oi, Ayme! — Sorriu, deitando a cabeça para o lado. — Que milagre você por aqui, tão cedo!

Ayme: — É, caí da cama — respondi, abraçando-a de lado, com um braço por cima do ombro. — Tudo bem? — perguntei, afastando-me logo em seguida.

 Mal sabe ela que só vim com interesse no OnlyFans da Deh.

Kayla: — Sim, e você?

Ayme: — Bem também.

Kayla: — Hoje tudo aqui tem que ficar bem limpo e cheiroso! Não esquece.

Ayme: — Antes de falar qualquer coisa, dei um sorriso irônico — E se eu te disser que eu esqueci?

Kayla: — Eu acreditaria — Sorriu — Mas te lembrando, então: As crianças têm visita do psicólogo hoje.

Ayme: — É aquele cara de novo? — Questionei descrente, franzindo a testa.

Kayla: — Não sei.

Ayme: — É bem ruim vê-lo depois do caso que tivemos.

Kayla me olhou com um sorriso malicioso, mas com uma expressão levemente confusa.

Kayla: — Pegou o gostosão do psicólogo e não me contou, senhorita Ayme? — Ela cruzou os braços, ainda mantendo o sorriso provocador.

Ayme: — Sabe como é, né, Kay? Eu não queria espalhar isso pra ninguém.

Ayme: — Nem mesmo para as minhas amigas de confiança... — Dei uma pausa, olhando para Kayla de lado — Quem sabe poderíamos ter um "replay" sem ninguém saber.

De repente, Eduardo apareceu atrás de nós, com um sorriso largo.

Eduardo: — Podemos, sim. Estava pensando a mesma coisa, acredita?

Meu Deus! Por que falei isso justo agora? E por que ele tinha que aparecer neste exato momento?!

Ayme: — Que susto, Eduardo! Nossa! — Coloquei a mão no peito e respirei fundo, tentando me recompor.

Eduardo: — Bom dia, meninas! Desculpa ouvir o melhor trecho da conversa de vocês. — Ele deu uma risadinha, olhando diretamente para mim, divertido.

Kayla: — Tá vendo, amiga? Ele também quer. — Ela me cutucou com o cotovelo, rindo.

Ayme: — Kayla! — Olhei para ela com seriedade — Vamos manter o profissionalismo, por favor.

Ayme: — Onde estão as crianças que ainda não desceram? E a Deolane?

Kayla: — Não sei, amiga.

Ayme: — Vou atrás deles. — Passei por Eduardo e saí do cômodo rapidamente, tentando disfarçar o embaraço.

Eduardo: — Estávamos só brincando com você, Ayme! — Ele gritou de forma educada, sem perder o tom leve.

Kayla: — Ah, vai! Ela quer, só ficou tímida quando você apareceu! — Ela ria, claramente se divertindo com a situação.

Eduardo: — Percebi. Não me julgue, mas já me peguei olhando as fotos dela no feed do Instagram várias vezes.

Eduardo: — Ayme é uma moça educada, gentil, sorridente, carinhosa... — Ele continuou, pensativo.

Com Ayme...

Subi as escadas rapidamente, tentando tirar da cabeça o que havia acabado de acontecer. Ao chegar no quartinho onde estavam os meninos menores, percebi que a maioria já estavam prontos. As meninas estavam sendo arrumadas, e Deolane ajudava com os penteados.

Ayme: — Noossa! — Bati palmas, admirada — Que lindas! Tia Deh arrasa mesmo, né? — Coloquei uma mão no ombro dela, enquanto ela se concentrava na trança elaborada que fazia no cabelo de uma das pequenas.

Ayme: — Você quer ajuda com alguma delas?

Deolane: — Bom dia, Ayme! — Ela sorriu, sem desviar o foco do que fazia.

Deolane: — Não precisa, amiga. Eu já estou quase finalizando.

Ayme: — Todas já estão de barriguinha cheia, né? — Perguntei, observando as crianças com carinho. Cada uma parecia mais linda que a outra.

As crianças confirmaram com sorrisos alegres. Algumas correram até mim para me abraçar. É incrível como, mesmo sendo abandonadas aqui, sempre encontram espaço para demonstrar tanto carinho por nós, as "tias do orfanato".

Continua...

Me siga no Instagram: Autora.limaa

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Comments

Carmen Lúcia da Silva Teixeira

Carmen Lúcia da Silva Teixeira

no meu ponto de vista ela não se respeita como mulher querendo vender seu corpo .

2025-02-04

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Alenya Daryane

Alenya Daryane

irmã o que é isso na sua cabeça? ah perdoe é seus chifres. 🙂‍↔️🙂‍↔️🙂‍↔️

2025-02-02

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Alenya Daryane

Alenya Daryane

odeio quando o motivo do assunto chega. 😂😂😂

2025-02-02

0

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