Ruth Souza narrando
Acordei com o celular tocando insistentemente.
Ainda sonolenta, levantei e peguei o aparelho sobre a cômoda. Era o Tomás, ligando para me parabenizar. Vinte e quatro anos... treze deles aturando esse mimado.
Na verdade, à medida que fomos crescendo, as desavenças ficaram para trás. Hoje nos tratamos como irmãos — para o desespero da madrasta dele.
Tomás avisou que não poderia vir, pois estava ocupado. Eu sabia bem quem ficaria desapontada com isso. Antes de desligar, ele mencionou que mandaria entregar o meu presente.
Depois da ligação, arrumei a cama, tomei banho, lavei os cabelos e deixei que secassem naturalmente. Vesti uma calça jeans e um cropped de crochê, e desci as escadas em direção à cozinha.
Três funcionárias estavam atarefadas com o preparo do meu almoço de aniversário. Aproveitei para afanar algumas frutas vermelhas, mas fui gentilmente expulsa por dona Débora, rindo da minha travessura.
Abri a porta da sala e vi meu pai entrando, carregando algumas caixas. Ele as entregou para mim, e levei tudo para o quarto. Tenho muitos amigos que foram meus alunos. Os jovens de hoje têm tanta pressa em se tornarem adultos... Conheço casais que mal saíram da adolescência e já estão casados. Acho um desperdício — crianças gerando crianças, sem saber ainda o que é a vida.
Comecei a abrir os presentes. Entre os cartões e embrulhos, encontrei um notebook novinho, presente do meu irmão. Havia também várias cartinhas dos meus alunos, com brincos, pulseiras e um colar feitos de sementes locais. Amei cada um deles.
Mas um embrulho em especial chamou minha atenção. Abri e encontrei um conjunto de joias com pedras que pareciam diamantes. Eram lindas. Dentro havia um cartão, escrito em caligrafia cursiva:
> “Parabéns. Felicidades. Em breve, nos encontraremos.
Alfred Waladares.”
Li e reli o cartão, depois o guardei dentro de uma caixa de madeira onde costumo guardar as cartinhas dos meus alunos.
Aquela caixa tem um valor inestimável para mim — foi um presente do meu amigo Edgar, que a fez com as próprias mãos, especialmente para mim. Passei a mão pelos entalhes delicados na madeira e senti uma pontada de saudade. Já se passou um ano e meio desde a última vez que o vi, ele foi morar no estrangeiro.
Para afastar a tristeza, desci para comemorar com todos que amo. O almoço foi um churrasco, e como a vice-diretora Ruth era muito conhecida e amada, o sítio estava lotado com a presença de todos da localidade. Houve brincadeiras, mimos para os participantes, jogamos peteca, corrida de saco, brincadeira de ovo na colher, carteado, e encerramos com o bingo da Rutinha. Comemos, bebemos, e embora estivesse cansada, me sentia feliz. Ele não veio, mas mandou um presente caro e um cartão assinado. Isso não encheu meus olhos, apesar da curiosidade de saber como ele é.
Enquanto isso, em Curitiba, Alfred Waladares assistia à peça no teatro, elogiada pelos críticos. Ele estava rendido à sua amada, Vera, que recebia convites para ser a cara de algumas marcas. Isso o deixava enciumado, especialmente com sua exibição em roupas sensuais. Seu secretário sentou ao seu lado e sussurrou: "Senhor, o empresário Adriano Reis está sentado na segunda fileira." Alfred olhou para o homem que observava Vera com desejo, sentindo um impulso de protegê-la desses aproveitadores que usam mulheres inocentes e depois as descartam.
Fechando os olhos, Alfred lembrou de algo desagradável. "Droga, hoje é o aniversário dela", pensou. Olhou para Luís e sentiu que ultimamente ele o julgava. "Você enviou o presente para ela com um cartão no meu nome?" Alfred não sentiu vontade de ir ao sítio da sua noiva caipira, por isso incumbiu Luís de mandar-lhe uma joia cara.
Luís pensou: "Eu sei muito bem sobre quem o meu mestre estava falando. Ela era a sua noiva, Ruth Souza, a aniversariante do dia. Segundo meu informante, todos os anos a senhorita Souza transforma este dia em um grande acontecimento com brincadeiras, sorteios, leilões e até um bingo." Os olhos do mestre Waladares estavam atentos à jovem atriz no palco. "Eu sei que ele pagou para ela ser convidada para o elenco. O meu patrão faria de tudo para ver a senhorita Vera Lemos feliz..."
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Joelma Oliveira
tomara q descubra logo q é corno e enganado pela falsa virgem
2025-08-19
1
Bernadete Lopes
Tem homem que nasceu pra ser corno, pois ficam cego.
2025-04-22
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bete 💗
vai se arrepender de ter feito tudo isso ❤️❤️❤️❤️❤️
2025-06-23
0