— Professora, o João pegou meu lápis! — reclamou uma menina de imensas tranças avermelhadas.
Clara tinha a pele muito branca, o rosto redondo coberto de sardas e as mãos rechonchudas seguravam firmemente o estojo escolar repleto de canetinhas coloridas.
Ruth, a diretora adjunta, estava substituindo a professora Florisa, que se encontrava de licença-maternidade. O sinal do recreio pôs fim à discussão das crianças.
Na frente dos outros, chamei os dois, fiz João devolver o lápis à sua amiguinha e, para evitar novas brigas, dei um dos meus ao menino. Problema resolvido, ambos saíram correndo para brincar, deixando Ruth sozinha na sala de aula.
Ela então abriu sua pequena marmita com uma salada simples de...
Aos 23 anos, Ruth não tem uma vida social ativa. Passou praticamente toda a sua vida ali, na zona rural. Ainda assim, isso nunca a impediu de estudar, se formar e concluir a universidade.
É formada em Letras e Administração, além de dominar fluentemente inglês, alemão e mandarim. A Ásia, segundo pesquisas recentes, é o berço global das novas oportunidades — algo que sempre despertou seu interesse.
Seu pai, Sérgio, comprou um sítio e continua sendo o administrador da fazenda Nova Esperança.
Tomás, seu irmão, é delegado federal e mora em Brasília. Mulherengo, mas atualmente noivo de Lygia, nossa amiga de infância — a veterinária da fazenda. Minha madrasta nunca gostou dela, por ser uma moça simples.
Minha irmã Isabel tem nove anos. É a princesinha da casa — e isso a faz parecer comigo, o que deixa Ariela possessa.
Eu e Tomás aprendemos a gostar um do outro, para o desespero de sua mãe, que chegou a insinuar que havia algo mais entre nós. A acusação foi tão absurda que meu pai me levou ao ginecologista da cidade vizinha e me obrigou a fazer um exame que atestou minha virgindade.
Foi naquele dia que descobri algo ainda mais perturbador: eu estava prometida ao neto de um amigo dele, e nos casaríamos quando eu completasse vinte e quatro anos. Aquilo foi uma bizarrice.
Nunca me senti atraída por ninguém. Também não sou o tipo de mulher que chama a atenção dos homens — eles preferem as inocentes, as tolas que acreditam em tudo.
Enquanto algumas têm cérebro, outras têm apenas peitos e glúteos. Em vez de inteligência e boa conversa, ostentam próteses de silicone, procedimentos estéticos, roupas caras e cosméticos. São as “gostosas” que sabem tudo sobre aparência, mas nada sobre essência.
Na minha cidade, há muitas mulheres que usam o corpo como passaporte para o status. Não me considero uma moralista — sei me vestir, gosto de me cuidar e de me sentir bonita. Tenho uma amiga que é uma top model e, no último verão, ajudei-a a fugir de um velho tarado, dono do Solar.
Mendy Nilton foi enganada por aquele homem repugnante. Eu a escondi na fazenda por alguns dias, até conseguir convencer Tomás — que estava na cidade — a ajudá-la a sair do país. Um amigo dele acabou levando Mendy em seu jato particular. Desde então, ela me envia mensagens com ensinamentos preciosos sobre o mundo da moda, conselhos que guardo com carinho.
Como adoro aprender, salvei todas as suas dicas. De vez em quando, também recebo presentes dela. Agora que está noiva de um grego milionário, minha amiga vive uma fase linda — e eu fico feliz por vê-la tão realizada.
Meu nome é Ruth Souza, tenho 23 anos e 1,70 de altura.
Meu corpo é magro, o busto e os quadris são discretos. Tenho olhos cor de âmbar, cabelos pretos que caem até a cintura e calço 37. Minhas pernas são longas e bem torneadas. Tenho um sinal em um dos seios, em formato de coração, cortado por uma pequena linha que lembra a primeira letra do alfabeto.
O dia do meu aniversário se aproxima — e com ele, uma tristeza silenciosa.
A lembrança do acordo que meu pai fez ainda me pesa. Eu poderia ter me recusado a cumpri-lo, mas quando minha irmãzinha nasceu, ele precisou desesperadamente de dinheiro. Foi então que aceitou a ajuda de um amigo e assinou aquele maldito documento, comprometendo-me com um pacto estúpido entre os dois.
Nunca conheci o meu noivo.
Nunca quis saber quem ele era — se bonito, se feio, se jovem ou velho. Desde o dia em que descobri esse arranjo, tenho evitado pensar no assunto...
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Bernadete Lopes
O noivo não sabe quem é dua noiva 👰♀️ se tentar tirar onda vai se arrepender. kkkkkk
2025-04-22
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Gloria Souza
a beleza não e só na estética ela pode ser linda por dentro beleza não põe mesa
2025-04-20
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bete 💗
beleza não precisa ser de rosto e sim de coração humildade e carisma
❤️❤️❤️❤️❤️
2025-06-23
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