Conhecendo os meliantes, quero dizer os meus pais

Quanta mentira nessas palavras, não existe felicidade nenhuma em me ver acordada, e tenho certeza absoluta que a febre que este corpo sofreu tem haver com você e o outro meliante, não sei por que ele gosta de ser chamado de mãe, porém tu não deveria se denominar mãe nem aqui ou em qualquer mundo paralelo possível, só não te dou umas porradas porque não tenho tamanho e tenho que fingir que te amo como a sua antiga filha fazia, vou ter grandes dificuldades para segurar o meu temperamento e principalmente as minhas expressões faciais, se a minha boca não fala o meu rosto revela. Tento ao máximo sorrir de forma fofa olhando para esse nojento enquanto eu falo.

*- Graças aos cuidados da mamãe e do papai, eu sou muito sortuda por ter os melhores pais da galáxia inteira — Nisso abro o sorriso mais fingido que alguém poderia ter, tentado expressar felicidade.

Posso dizer que esse safado é lindo, ficaria orgulhosa de o ter como mãe se ele prestasse, mas é totalmente o oposto ele não ama de forma alguma a criança que está a sua frente, o engraçado é que na minha vida passada a minha mãe me causou traumas que não sei enumerar quantos foram, porém, eu conseguia ver a sua preocupação e amor, mesmo nos seus erros, e ela sempre tentou fazer e dar o melhor que podia, ela entregou bem mais do que poderia como ela poderia criar uma filha da forma correta se ela não aprendeu com a minha avó como fazer, sim, minha mãe também tinha problemas em relação a minha avó, mas diferente de mim ela não procurou ajuda para tratar traumas da sua criação e morte do meu irmão mais velho, pois segundo ela o seu psicólogo era Jesus, mas esse ser minha frente ele só é um progenitor.

Começo a ficar tensa conforme ele se aproxima, e para esconder essa situação coloco a minha cabeça de lado, sorrio e aperto os meus olhos, ele abaixa-se e fica de frente para mim, me faz um carinho na cabeça, que de carinho não tem nada, parece aquelas pessoas que não gostam de pets e da batidinhas na cabeça deles, mas que p@rra e me fala:

*- Que filha maravilhosa que tenho, tanto eu quanto o seu pai ficamos extremamente preocupados com você meu amor, e eu fico aliviado em saber que não está chateada com nós, você nos perdoou? — fala olhando em meus olhos

Olho para ele, continuo a sorrir, você quer saber o que esses dois irresponsáveis fez com essa criatura adorável que eles chamam de filha, pelas memórias que consegui recuperar, parece que eu sou uma criança com algum problema de saúde, mesmo que eu consiga constar nas minhas lembranças que essa criança é totalmente saudável,  então o cuidado com a minha saúde tem que ser redobrado segundo eles, porém isso não existe, o fato desse corpo adoecer foi porque esses idiotas a deixaram plantada em frente a escola durante horas e para ajudar o tempo não era o melhor naquele dia estava frio e no processo da espera começou a chover, a menina com medo dos pais não conseguirem a encontrar ficar parada no local para ficar visível aos olhos dos seus pais quando eles chegassem, mas mesmo assim essa criança não adoeceria, tem algo muito estranho.

Porém  eu não estou chateada de forma alguma eu estou tão p@ta de raiva que se eu tivesse uma arma nesse momento eu atiraria nele, e não essa não é a primeira vez que isso acontece, é algo recorrente na vida dessa garotinha ser esquecida por seus pais, por isso a desconfiança de que a doenças foi causada por eles, sem falar que ela tem que se virar sozinha na alimentação já que eles nem disso cuida, como uma criança saberá o que é o melhor para se comer sem a orientação de algum responsável, já que ela por ter algum tipo de doença que ainda não sei o que é tem que seguir a alimentação de forma regrada, sorte que tem aplicativo onde ela compra comida congelada, pelo menos ela não é viciada em fast-food, não que eu não comesse, só não sou completamente fã, não existe ninguém que cuide dela quando está em casa, poderia ter algum robô ou babá, mas não essa criança fica totalmente sozinha, e tem que agir como uma adulta fingindo que entende a ausência dos pais já que eles vivem fora, a e se quer saber o nome desse bosta é Otto, então eu o respondo.

*- Claro que não estou chateada com vocês mamãe, eu sei o quanto são ocupados por conta do trabalho, e não tenho o que perdoar vocês são maravilhosos. — falo tentando não transparecer a raiva e nojo nas palavras.

Vejo um olhar de desdém antes dele me responder, que filho da p@ta:

* Otto — Como eu sou feliz por ter uma filha tão boazinha como você meu amor, eu tirei a sorte grande — e assim ele me abraça de uma forma tão fingida que até às pessoas falsas que passaram pela minha vida sabiam disfarçar melhor.

Infelizmente tenho que retribuir, antes de me separar do abraço o outro meliante entra no meu quarto, e fica nos olhando antes de se aproximar e me pegar no colo, como esse homem é alto seguro forte no pescoço dele vai que ele me deixa cair de forma proposital, ele é tão lindo quanto o outro e o que me chamou atenção é que não sou de forma alguma parecida com eles, sei que genética é algo fora da cabeça, quem na árvore genealógica dessa família era ruiva, cada criança que cresce no útero artificial tem todas as informações dos pais ou mães, então não ocorreu nenhuma troca, será que sou adotada ou tem algo a mais nesse angu, porque se eles queriam tanto uma criança para ser seu(sua) filho(a) eles deveriam se sentir feliz e realizados por conseguir isso e amar essa criança como se tivesse o seu sangue, mas é totalmente o oposto, porém esse aqui consegue disfarçar melhor que o Otto, ele se chama Daemon.

* Daemon — Parece que a minha princesinha melhorou, deixa o papai ver se ainda está febril — diz ele encostando a sua testa na minha — Que alívio minha pequena, você não sabe o quão preocupado eu fiquei, você teve uma febre altíssima por três dias, você está magoada porque o papai ficou preso no trabalho e não conseguiu te buscar a tempo?

*- Claro que não papai, eu sou muito feliz por ser sua filha, sei que trabalha muito para dar o melhor para mamãe e eu — termino de falar dando o sorriso mais brilhante que tenho.

Com a minha resposta ele me dá um beijo na bochecha, tentei ao máximo manter o sorriso e não fazer cara de nojo, nisso Otto fala:

* Otto — Vejo que tenho uma filha tão responsável, não precisou com que eu e seu pai falasse e já foi tomar banho, que orgulho da minha menina, você está com fome ou prefere voltar a dormir já que está tarde? — me pergunta me olhando com uma certa raiva ele tenta se aproximar para tentar me tirar do colo do Daemon.

Mas que p@rra de reação é essa, tu tá doido seu bosta de me olhar com raiva, toma vergonha nessa cara seu ridículo, finja ao menos ser uma família feliz, olho de canto de olho e vejo a forma que Daemon o olha e eu não queria de forma alguma receber esse tipo de olhar, então Otto se segura deixando com que eu continue no colo do Daemon e tenta demonstrar preocupação, que ser mais ridículo, Daemon é esperto tenho que me preocupar mais com ele do que com o outro, mas é uma palhaçada eu só queria sossego, mas do que adianta reclamar agora eu só tenho que seguir o fluxo, a é eu tenho que responder esse idiota:

*- Eu estou com fome mamãe, mas também me sinto cansada — Isso literalmente é verdade, estou morrendo de sono e fome.

* Otto — Ainda bem que a mamãe te preparou uma sopinha deliciosa, vamos descer para a sala de jantar — fala e sai sem esperar a minha resposta e nem a do Daemon.

E assim sou carregada até a sala de jantar, nem nos meus sonhos mais loucos eu me imaginaria em uma ter minha alma no corpo de uma criança e ainda por cima no futuro, em que ano será que estamos, porém o que está me deixando de alguma forma preocupada é que eu conheço esses nomes de algum lugar, porém não consigo me lembrar, como a sopa como se não houvesse o amanhã, desejo boa noite aos dois e da forma mais falsa digo que os amo, volto para o meu quarto faço minha higiene e vou dormir, amanhã eu tento me lembra do porque eu tenho a sensação de saber sobre uma família com esses mesmos nomes.

Daemon

Otto

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