A Saga de Lunizs - O Escurecer

A Saga de Lunizs - O Escurecer

Capítulo 1 - Uma feiticeira encrenqueira

Há muitos séculos atrás, exatamente seis mil anos, surge um pequeno lampejo de resquício de esperança, vindo de uma pequena cidadezinha no centro-oeste, mas ele acabou se perdendo no meio das grandes brisas suaves da neve.

No ano três mil seiscentos e pouco, ainda existia na terra de Lunizs as duas profecias relacionadas ao dominador, que seria escolhido para finalmente despertar o espírito elemental. Assim, cumprindo aquilo que estava reservado para o destino do mundo, onde o grande mal seria liberto nas terras e haveria guerras atrás de conflitos.

Mas, como em toda boa história, o bem não venceu o mal, e não houve paz e harmonia durante anos. Entretanto, séculos se passaram e as linhagens antigas foram esquecidas, e aqueles que tinham a missão em suas mãos para manter o bem se recusaram a tal honra, sucumbindo ao mal.

As histórias das dinastias das realezas se passaram com o tempo, e novas foram criadas, deixando de lado tudo aquilo que antes existia e que era mantido pelos antigos reis e rainhas. O mundo então se transformou em pura maldade, e as poucas pessoas que escolhiam o bem tinham que viver escondidas e longe de olhos perigosos.

Ainda existiam aqueles que tinham esperança de que o bem um dia retornaria a brilhar e reinar nas terras de Lunizs, mas havia uma profecia a respeito de um escolhido que iria completar de uma vez por todas o império do mal, deixando assim de lado qualquer pingo de mudança.

Essa não é uma história em que o bem venceu o mal, mas que o mal se tornou um bem…

— Queima ela! Queima ela! — dizem vários homens, dando gargalhadas.

Homens alvoroçados estavam gritando de alegria e felicidade por terem conseguido finalmente capturar uma mulher que estava causando prejuízos para a maioria dos comerciantes locais.

Ela era muito sagaz, mas ultimamente estava tão confiante em si mesma que acabou sendo imprudente demais e foi pega em flagrante delito.

Tinha uma péssima reputação com os homens e, por ser uma mulher vivida, sabia bem como funcionavam as coisas pelo mundo. Mas, fora isso, ela era muito esperta e inteligente, embora poucos soubessem dessa sua qualidade. O que conheciam dela mesmo era que era uma mulher totalmente do mal e que, quando ficava irritada, matava por puro prazer e satisfação.

— Sua bruxa malvada! Te pegamos, gracinha! Agora vai queimar até os ossos para nunca mais roubar na vida! — Todos presentes ali no local gritam em acordo com aquela atrocidade insana e cruel.

Mas, quando todos menos esperavam, uma flecha certeira atingiu em cheio a tocha que seria usada para acender a lenha. E, quando todos olharam para a direção de onde ela foi disparada, só havia escuridão.

Aos poucos, uma sombra começou a surgir de repente, vinda do mesmo lugar do objeto que acertou seu alvo com perfeição. Um homem de aparência meio jovem e velho ao mesmo tempo, usando um capuz negro com pelos escuros ao redor, apareceu dando passos lentos, se aproximando dos homens que ficaram assustados com o ato repentino.

Eles olharam entre si e começaram a rir e dar gargalhadas, quando o homem de casaco preto parou, levantou a cabeça lentamente e olhou atentamente para eles.

Um dos homens perguntou o que ele queria e se aquela flecha era dele, e por qual motivo estava atrapalhando o ritual de morte de uma bruxa. O velho homem não respondeu nenhuma palavra, apenas ficou observando a mulher com um semblante de medo em seus olhos intensos e penetrantes.

Passados alguns segundos sem falar nada para os homens, um deles decidiu matá-lo por falta de respeito, e então dois deles correram em sua direção para atingi-lo com um machado na cabeça. Quando se aproximaram, duas flechas atingiram as cabeças dos dois homens, que caíram para trás de costas no chão.

Os outros ficaram surpresos, mas com raiva do acontecido. Então, puxaram suas espadas da bainha e gritaram alto, dizendo para pegá-lo e matá-lo sem dó. Logo em seguida, o jovem de aparência velha rapidamente retirou sua espada das costas e cravou no chão com força, e uma onda de energia das trevas foi liberada, jogando os homens com força contra o chão e deixando-os desmaiados com o impacto do poder.

A mulher que estava presa ficou em choque com toda aquela ação, mas seu medo de morrer desapareceu instantaneamente. Sabia que ele não a mataria, pois as bruxas eram conhecidas como mulheres que não tinham pena de ninguém e matavam sem piedade alguma.

Se aquele homem a tivesse salvo, ele teria um bom motivo para ter feito tal coisa inusitada. Mas, graças a ele, a jovem iria sobreviver por mais tempo do que podia imaginar, e quem sabe tomar outro rumo na vida.

Um jovem rapaz de rara beleza surgiu atrás do homem velho, sorrindo elegantemente e caminhando em direção à jovem mulher.

— Você está com sorte, bonitinha. Não é todo dia que o senhor Kelvisk salva uma bela dama das garras dos homens perversos.

— Humpf... quem são vocês? E por que me salvaram? — pergunta, sem entender os reais motivos dos dois.

— Não olhe para mim. Se dependesse da minha autoridade, você tinha morrido aqui mesmo. Se quiser agradecer, fale com ele — diz o jovem rapaz.

— Senhorita? Saia logo daqui enquanto esses homens não acordam. Você não tem muito tempo. Vamos, Vilkus — fala o homem, montando em seu cavalo marrom.

— Esperem! Não podem me deixar aqui sozinha. Mesmo que eu consiga sair dessa floresta, posso ser pega novamente por outros da mesma raça que esses imprestáveis.

— Isso não é problema nosso. Salvamos você da morte, agora siga o seu caminho — diz o homem, grosso e direto, dando ordem ao seu cavalo para andar.

— Tem certeza de que ela não pode vir com a gente, Kelvisk? Ela é muito bonita. Sabe quanto tempo estou esperando para encontrar uma mulher assim? Você não faz ideia, meu amigo! — Vilkus conta, todo animado.

— Silêncio... vamos indo! — Quando Kelvisk diz isso, ele bruscamente para o cavalo ao olhar de longe uma criatura horripilante, um escorpião-negro da Floresta Escura, do tamanho de um elefante gigante.

Vilkus, quando percebe, também fica calado e apavorado, e a jovem mulher, ao notar a presença do bicho, se aproxima rapidamente dos dois e toca em suas pernas, dizendo:

— Não se mexam!

A criatura então começa a se aproximar lentamente dos três, e quando Kelvisk se prepara para pegar sua espada, ele passa ao lado deles e nem olha, indo em direção aos homens caídos no chão.

Os três ficam aliviados, observando o escorpião comendo um dos homens. Até que eles começam a acordar, gritam alto com medo e começam a fugir, mas o bicho vai atrás deles para matá-los. Então, a jovem monta no cavalo de Vilkus e os três aproveitam para correr na direção contrária dos homens, escapando do animal.

Depois de alguns minutos correndo, eles conseguem deixar a floresta e caminham pela estrada que leva até uma grande cidade ali próxima, onde há muito movimento e comércio aberto o tempo todo.

Descendo dos cavalos, eles os deixam no celeiro e pagam algumas moedas para o capataz cuidar dos animais. E os três vão em direção à taberna mais próxima para tomar um drinque e aliviar a mente e o corpo.

— É estranho um elfo tão longe de suas terras. É a primeira vez que vejo um em minha presença — diz a mulher, tomando um gole de vinho.

— Não sou apenas um elfo comum, sou da realeza. Mas fui banido depois de ser flagrado beijando a princesa do reino. Nunca mais pude retornar para minha casa — Vilkus conta, também bebendo. — Qual é o seu nome, bela dama? E por que te chamaram de bruxa? O que fez?

— Me chamo Halayna. Os nomes de vocês são bem antigos, viu? Muito cafona. Seus pais deveriam ter escolhido nomes melhores.

— Três moedas de prata pelas bebidas. Vou querer aquele amolador também, se possível, por apenas uma moeda de ouro — Kelvisk pediu, entregando as moedas.

— Desculpe, meu velho, mas o amolador custa cinco moedas de ouro. Não vendo por menos do que isso — olhando de lado para o atendente, Kelvisk pega mais quatro moedas e entrega na mão dele, deixando o balcão e indo sentar em uma cadeira nos fundos.

— Agradece ao seu amigo por mim, dar bebida. Foi uma delícia. Mas agora tenho que ir a um lugar — Halayna diz, soltando um beijo e soprando com a mão.

Kelvisk apenas ficou observando a atitude dela e tudo que conversava com Vilkus. Por algum motivo, ela chamou a sua atenção, caso para tê-la salva da morte iminente.

— Eu não disse que ela devia ter vindo conosco? Ela é muito linda! Já pensou se ela fica comigo, Kelvisk?

— Se eu fosse você, abriria o olho em relação a ela. Acha que foi sorte aquele escorpião-negro ter passado do nosso lado e não ter feito nada?

— O quê? Acha que ela realmente é uma bruxa? — Vilkus pergunta, com os olhos arregalados.

— Ela é uma feiticeira. Diria que apenas uma aprendiz, mas tem talento. Você fica cego demais quando fica atraído por uma mulher. Isso ainda vai te matar qualquer dia desses — Kelvisk se levanta da cadeira e vai até o balcão pegar mais uma bebida, e Vilkus fica parado, pensando no que acabou de ouvir.

— É ele! — Halayna diz em voz alta, apontando com o dedo para Kelvisk. Os soldados começam a rodeá-lo com suas espadas nas mãos, dizendo:

— Você vem com a gente, seu velho! Tem algo de muito precioso com você que nos interessa muito. Vamos, rapazes! — dizendo isso, os homens levam Kelvisk, amarrando suas mãos e derramando a sua bebida no chão. Vilkus fica apenas parado, olhando para Halayna pelo seu ato de ingratidão.

Deixando a taberna, Vilkus vai atrás de Kelvisk, mas andando um pouco longe, apenas para saber onde iriam levá-lo e deixá-lo preso. Depois de alguns minutos caminhando, ele chegou a uma prisão que ficava no centro da cidade, repleta de bandidos e assassinos.

Halayna, depois de beber algumas, decidiu parar antes que ficasse tonta e desnorteada com o efeito do vinho, deixando a taberna. Ao caminhar pela cidade, ela avistou um comerciante rico que tinha deixado o cofre cheio de moedas aberto em cima da bancada. Então, se aproximou, pegou o objeto e saiu correndo para fora da cidade, sem ninguém perceber a sua fuga.

O dono da riqueza notou rapidamente a falta, olhou para os lados rapidamente, mas não viu ninguém com o cofre na mão. Então, começou a gritar que tinha sido roubado, e alguns guardas que estavam ali por perto se aproximaram dele, perguntando o que havia acontecido.

Com alguns minutos passados, Halayna já tinha deixado a cidade e estava caminhando pela estrada que levava a um vilarejo pequeno, que ficava a algumas horas dali. Toda sorridente e alegre, ela parou por um momento para contar as moedas e ver quanto havia lucrado, mas, quando menos esperou, uma pessoa surgiu na sua frente.

— Ah! Kelvisk?! Como, como conseguiu fugir da prisão? E como apareceu aqui do nada?

— Se acha muito esperta, não é, Layninha? Mas o Kelvisk é um bruxo e tem a capacidade de se teletransportar. Você não faz ideia do que ele vai fazer com você agora, não é? — Vilkus conta, todo alegre e debochando.

— Eu não podia ficar sem fazer nada com você! Você tinha a espada da lâmina de Coldbreath. Sabe quantos imperadores morreram tentando achar essa espada?! Muitos! — Halayna conta, assustada.

— E você pensou que, me entregando, a espada seria usada para o bem, pensou? — Kelvisk indagou, olhando dentro dos olhos de Halayna.

— Eu... eu não sei quem você é! Pode ser um homem tirano e horrível. Sua aparência é de maldade nos olhos. Vai saber por qual motivo você me salvou, mas a intenção não foi boa da sua parte — Halayna diz, olhando para o chão com raiva.

— Hmm... eu sei que você é uma feiticeira. Tem a capacidade de ficar invisível, além de tudo aquilo que toca. Um poder de nível comum entre os sobrenaturais. Mas você não faz ideia de quem eu sou, então não tem o direito de falar qualquer coisa ao meu respeito. Estava livre para viver a sua vida como bem entendesse, mas agora é minha prisioneira!

— Ah! Temos uma prisioneira em nossas mãos! Se ferrou, Layninha! — Vilkus diz, todo contente.

Kelvisk vai até o seu cavalo, pega algo na sua mochila e coloca no braço de Halayna. Era um bracelete que anula qualquer poder sobrenatural a ser usado pelo usuário. Um objeto muito raro de ser encontrado.

— O que é isso? Sua marca? Agora sou sua propriedade particular ou escrava? — Ela pergunta, toda irritada.

— Silêncio... Vamos indo!

— Não vai me contar?! Como conseguiu essa espada? Quem é você? Me responda!

— Ele não vai falar. Kelvisk só fala o necessário. Já tentei muitas vezes puxar assunto com ele, mas não sai nada daquela boca fechada. É bom guardar sua saliva — Vilkus fala, acompanhando os dois. — O que vamos fazer com ela, Kelvisk?

— Não percebeu? Ela gosta de roubar. Vamos nos aproveitar disso por um tempo. Assim que chegarmos no vilarejo, compre uma carroça. Vamos precisar.

— Pode deixar! — Vilkus concorda, todo sorridente.

E assim, os três viajaram juntos, um do lado do outro. Foi uma rápida aventura entre eles, mas ainda havia muito mais para acontecer. Será que algo bom pode vir desse trio esquisito? Apenas o tempo poderá responder.

— Sério, pensei que você fosse cortá-la em pedacinhos para depois assar a carne numa brasa quente para os cavalos comerem...

— Vilkus? Fica calado.

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