Diversos Contos De Lobisomens
...Capítulo 1...
O começo de tudo…
O começo de uma linda e estranha história de amor…
Numa noite chuvosa e fria de inverno, um filhote de lobo andava desnorteado pela floresta. Ele estava faminto, pois fazia dias que não comia nada. O pequeno lobo havia sido abandonado por sua mãe naquela floresta, e agora ele vivia vagando por lá em busca de comida.
O filhote chorava de fome e de saudades da sua mãe. Ele sentia falta do colo acolhedor que ela tinha. Ele não conseguia entender o motivo dela tê-la abandonado naquela mata escura e sem proteção. Enquanto caminhava a passos lentos, ele ouviu o choro angustiado de um bebê.
Aquele choro manhoso chamou a sua atenção e atiçou a fome que tanto o atormentava. Motivado pela vontade enorme de comer, ele começou a correr e a farejar o local em busca daquilo que chorava. Quando finalmente encontrou, ele ficou pasmo ao ver uma cesta e era dela que vinha aquele choro.
Ele se aproximou com lentidão da cesta. A sua boca salivava e ele já sonhava com a carne que comeria naquela noite. Quando os seus olhos se bateram com os da pequena garotinha na sexta, ele ficou paralisado observando aquele pequeno ser.
O bebê esticou a mão sorrindo e do canto dos seus olhos escorria água. O lobo tentou atacar o bebê, mas não conseguiu, pois algo no seu peito o incomodava toda vez que ele tentava morder o bebê.
Ele até pensou em sair dali e deixar o bebê por sua conta em risco, mas então ele percebeu, que se pegar o bebê, ele não seria mais um lobo solitário e não sentiria medo de dormir sozinho. O lobo se aproximou novamente da bebê, ele cheirou ela e lambeu as suas lágrimas.
— Hum…é doce!
Ele disse num rosnado e sentiu a sua fome aumentar. A sua boca voltou a salivar, e quando ele ia abocanhar a cabeça da bebê, o seu peito voltou a doer. O lobo afastou-se da criança e a mesma começou a chorar, só que dessa vez mais alto que o normal. Ele rapidamente voltou para perto dela, tocou a sua face e a mesma riu enquanto agarrava a pata dele, a trazendo para si.
— Você é como eu…está sozinha e faminta…
O lobo pegou a sexta com o bebê, ele saiu daquele lugar e foi até a sua caverna. Lá era mais quente e mais seguro. Ele puxou a bebê pelo pé, cheirou ela toda, e ela gargalhou alto. A bebê estava tremendo e a sua roupinha estava toda molhada.
— Vermelho…você tem algo vermelho na sua cabeça.
O lobo falou e tirou o chapéu vermelho que ela usava, ele encarou ela e ficou encantado com a cor do cabelo dela. A pequena tinha cabelos negros como a noite e olhos castanhos encantadores. O lobo a puxou para perto dele, esquentando a bebê que tremia e reclamava do frio.
Daquele dia em diante, o lobo não se sentiu mais sozinho. Ele também começou a pedir ajuda a outros animais, ele queria alimentar a pequena bebê, a tal que ele apelidou como Chapeuzinho vermelho.
O tempo foi passando e os dois foram crescendo cada vez mais. O lobo não caçava mais, pois ele havia se acostumado a comer frutas e verduras. A caverna dele estava diferente, ela continha porta, janela e estava toda enfeitada e arrumada. Agora, a Chapeuzinho não era mais um bebê, agora ela é uma jovem de treze anos.
Chapeuzinho estava fazendo um cozido de legumes, quando ouviu a porta da casa sendo aberta. Ela rapidamente parou de mexer a panela e foi receber o lobo, que havia retornado para casa depois de passar três dias sumido. Chapeuzinho correu e pulou nos braços do lobo, ela estava tão feliz em vê-lo, que nem percebeu que o lobo estava com um olhar vazio.
— Lobo, onde você esteve? Eu senti a sua falta…pensei que você não iria voltar mais!
— Mm…eu acabei indo longe demais…desculpa, vermelho.
O lobo beijou a cabeça dela e ela sentiu um cheiro forte de sangue vindo dele.
— Lobo, você…tem algo para me dizer?
O lobo parou de andar, ele deixou a mochila com frutas e verduras no chão, encarou a Chapeuzinho e com um olhar muito tristonho falou:
— Eu…não consegui me controlar, vermelho.
Chapeuzinho colocou a mão na boca, ela estava olhando fixamente para o lobo na sua frente. Os seus olhos se encheram de água e ele continuou:
— Eu tenho medo de te machucar, faz dias que eu estou fugindo de você…
O lobo se aproximou da chapeuzinho, ele passou a ponta das suas garras nos braços dela, suspirou pesadamente e continuou dizendo:
— Você tem uma pele macia e cheirosa, e toda vez que você dormia comigo, eu tinha vontade de te morder…de te devorar, chapeuzinho!
— Lobo…
Ela começou a chorar e ele afastou-se dela, passou a mão na sua cabeça e completou dizendo:
— Eu preciso ir embora, eu não posso ficar aqui!
— Não! Você não pode me abandonar, você é a minha família Lobo!
Chapeuzinho agarrou os braços dele e o mesmo negou com a cabeça. Por mais que o seu coração estivesse partido por vê-la chorar, ele sabia que o melhor a se fazer era fugir para bem longe daquele lugar.
— Eu preciso ir, eu não sei controlar a minha fome por carne ainda e se eu ficar aqui, todos vocês estarão em perigo.
—Mas…pra onde você irá? Você vai voltar? Você vai voltar pra mim?
Ele ficou pensativo, o lobo não sabia se voltar seria uma boa ideia, já que ele nem sabia se iria conseguir controlar a fera que estava louca para sair de dentro dele. Sorrindo, ele abraçou a sua pequena e concordou. Ele sentia que precisava dizer sim, para ter coragem de sair daquela casa tão acolhedora.
— Sim, eu voltarei para você. Então, você vai esperar por mim, né?
Chapeuzinho concordou com a cabeça e então o lobo se afastou dela. Ele olhou nos fundos dos olhos dela e disse:
— Não importa o que disserem sobre mim, saiba que eu voltarei pra você e quando esse dia chegar, eu nunca mais sairei de perto de você, minha vermelho.
— Lobo…lobo!
Chapeuzinho começou a chorar enquanto ela via ele indo em direção ao quarto dele. Após alguns minutos, ele retornou com uma mala, a qual continha as suas roupas. O lobo beijou a cabeça dela pela última vez e então saiu da casa, deixando a sua pequena humana chorando no chão.
E assim começou a jornada dos dois. Ele iria procurar uma maneira de controlar a sua fera interior e ela ia tentar viver uma vida sem o lobo ao seu lado. Ambos passariam por momentos difíceis, mas iriam seguir firmes em frente.
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Atualizado até capítulo 70
Comments
Ezanira Rodrigues
Começando a ler hoje 23/10/24.
2024-10-24
1
juliana Sereno
Comecei a ler agora 14/10/24 às 15:51 e já gostando /Tongue/
2024-10-16
2