05| Longa viagem.

A semana passou rápido como um jato. Jasmine se manteve ocupada o tempo todo, mal tinha tempo para tomar um café, pois precisava adiantar tudo para sua viagem.

Ela planejava passar todo o final de semana e ficar até terça em Riad, não poderia demorar muito para voltar ao trabalho e nem mesmo quer ficar tanto tempo na Arábia.

A sexta-feira chegou, Jasmine trabalhou até o meio-dia e foi para sua cobertura, onde se arrumou, pegou suas duas malas e checou sua passagem.

Às uma da tarde, ela foi para o aeroporto, com Luna ao seu lado. Jasmine decidiu deixar seu carro com ela, se sentiria mais segura sabendo que sua amiga estaria cuidando de seu "xodó".

Luna: Faça uma boa viagem, amiga.— Abraçou Jasmine apertado.

Luna iria sentir muita falta dela, mesmo que fosse ficar fora por pouco tempo. Para ela, a campainha de Jasmine era incrível.

Jasmine: Obrigada, Luna.— Se afasta dela, sorrindo de lado.— Cuide bem do meu carro.

Luna: Fica tranquila, vou cuidar dele como se fosse meu filho!

Jasmine sorriu mais uma vez, ela sabia que a amiga seria cuidadosa. Luna é muito zelosa.

Se abraçaram mais uma vez e Jasmine deu embarque em seu avião. Seria uma longa viagem de doze horas.

[...]

O voo foi cansativo, Jasmine dormiu a maior parte do percurso, despertando somente quando pousou em solos árabes.

Ela saiu do avião, pegou suas malas e foi até o banheiro. Por mais que as coisas estejam mudadas pela Arábia Saudita, mais modernas, ela decidiu logo colocar seu hijab, tampando seus cabelos e orelha. Não se agradava com isso, mas não queria decepcionar seus pais.

Entrou em um táxi e saiu pelas ruas de Riad. Já eram por volta da meia noite quando o carro parou de frente a casa de dois andares.

Jasmine pagou o homem e saiu do carro. Bateu a porta de madeira e sorriu largamente ao ver sua mãe abrir a porta.

Latifa: Jasmine!— Abraçou a filha de imediato, sentindo seus olhos marejarem de tantas saudades.

Jasmine: Yáma!— Se afastou.— Como está linda.

Latifa sorriu alegremente e deu uma volta, mostrando seu véu rosa com pedras precisas.

Latifa: Gostou? Seu yába me deu, é lindo.

Jasmine: Adorei, yáma.

Latifa: Venha, entre filha!

Jasmine entra para dentro com sua mãe e deixa as malas em um canto.

Seu pai se aproximou, vindo da cozinha. Sorriu e deu abraço rápido na filha, seguido de um beijo na testa.

Jasmine: Yába, que saudades!

Farid: Eu também estava com muitas saudades, Jasmine. Como você está linda minha filha.

Jasmine: Obrigada. Estou tão feliz por estar aqui com vocês.— isso era verdade. Apesar de não gostar da Arábia, sentia falta de sua família.— E Said? Já dormiu?

Farid: A muito tempo, não aguentou lhe esperar.— Riu.

Latifa: E também, ele está animado para a festa de amanhã!

Jasmine: Imagino! Said me mandou mensagem, ele parecia realmente animado para seu aniversário.— comentou.— Tudo bem, amanhã lhe dou um abraço bem apertado!

Latifa: Faça isso, filha. Habibi, leve as malas de Jasmine para o quarto. E você, venha comer, deve estar morrendo de fome.

Jasmine: E estou mesmo, yáma.

Farid pegou as malas de Jasmine e subiu as escadas, enquanto ela foi para a cozinha com sua mãe.

Latifa a serviu com pratos típicos e os preferidos de Jasmine, kibe assado e tabule, uma salada refrescante com triguilho, tomate, pepino japonês, cebola, limão e diversos temperos.

Jasmine se sentou a mesa e agradeceu pela comida, logo se deliciando com ela. Sentia muitas saudades do tempero de sua mãe.

Latifa: Como vão as coisas em Nova York?

Jasmine mastigou e bebeu um pouco de água, logo respondendo:

Jasmine: Vai bem. A empresa está expandindo e se saindo melhor do que o planejado.

Latifa: Fico feliz por isso. E você tem feito o que em seu tempo livre?

A mulher sabia bem onde sua mãe queria chegar. Latifa quer saber se sua filha ainda é pura, se está se comportando ou trazendo desgosto para sua família.

Jasmine: Fico em casa, às vezes janto com a Luna, aquela minha amiga. Nada demais. E, antes que pergunta, não há rapazes mamãe.— mentiu. Odiava mentir, mas não queria ver sua mãe decepcionada consigo.— Os únicos são os dos trabalhos, mas nenhuma conversa pessoal.

Latifa não consegui esconder seu sorriso em alívio.

Latifa: Certo, continue assim, Jasmine. Temos muito orgulho de você filha, apesar de querer que você more conosco, não tínhamos outra opção a não ser deixar que tome conta da empresa.

Jasmine: Mãe, eu também sinto muita falta de vocês. Mas o yába ter deixado eu cuidar da empresa foi a melhor coisa que fizeram. Eu amo meu trabalho, a vida que levo.

Latifa: Eu sei, Jasmine. Mas, você já está na idade de se casar, ter filhos, talvez seja a hora de voltar...Ficar perto da sua família, conhecer um bom partido. Há o filho de um shake, o...

Jasmine: Yáma, por favor, não.— pediu, sentindo vontade de rir. Casamento não passa por sua cabeça.— Ainda não é hora de me casar e...Não sei se gostaria de casar com árabe.

Latifa: Lá, que besteira é essa? Você não pode se casar com um americano desprovido. Eles são haqir, iria te induzir a fazer atos obscenos antes do casamento, lhe engravidar e sumir.

Jasmine: Não exagere, mãe. Não é bem assim.

Latifa: Ah, Jasmine, pare de ser ingênua. Mas eu sei, tenho certeza que logo você estará de volta! Inshallah!

Jasmine achou melhor não responder, afinal, não concordava com a mãe e, por ela, nunca voltaria a morar em Riad.

Após jantar, ela lavou a louça rapidamente e se despediu de seus pais, indo para seu velho quarto. O cômodo ainda estava da mesma forma que deixou, com cortinas douradas, as paredes claras, a cama de solteiro com lençóis de seda também dourado, que lembram a ouro. Jasmine amava ouro e o luxo desde nova.

Ao se deitar, imaginava que o quarto de Khadija também estava da mesma forma que deixou. Sua irmã mais velha já era casada, mas seus pais sempre deixava o quarto arrumado a sua disposição. Jasmine está ansiosa para vê-la, afinal, Khadija sempre foi sua melhor amiga e confidente, não via a hora de conversar com ela.

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Inshallah- queira Deus.

Haqir- vagabundo.

Habibi- querido.

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