Primeiro Jantar

Após a apresentação bem-sucedida, Lucas voltou para seu estúdio, ainda saboreando o alívio e a satisfação de ter impressionado o cliente. Ele começou a arrumar seus materiais, refletindo sobre o quanto havia se dedicado nas últimas semanas. A proposta de Rafael para um jantar comemorativo parecia a maneira perfeita de relaxar e celebrar o sucesso.

Mais tarde, naquele mesmo dia, Lucas se preparava para o encontro. Ele escolheu uma camisa elegante, mas confortável, e um jeans que o fazia sentir-se bem. Queria estar apresentável, mas sem parecer formal demais. Enquanto se olhava no espelho, seu coração batia mais rápido, não apenas pela expectativa do jantar, mas também pelo que isso poderia significar para ele e Rafael.

Rafael, por sua vez, estava igualmente ansioso. Ele passou a tarde revisando detalhes da campanha, mas sua mente frequentemente voltava ao jantar que tinha planejado. Escolheu um restaurante aconchegante, conhecido por sua culinária requintada e ambiente acolhedor. Queria que fosse um local onde eles pudessem conversar tranquilamente, longe das distrações do escritório.

Às oito em ponto, Lucas chegou ao restaurante. Era um lugar encantador, com uma fachada de tijolos aparentes e uma entrada coberta por trepadeiras floridas. O interior era ainda mais convidativo: luzes suaves pendiam do teto, criando um brilho acolhedor, enquanto mesas de madeira escura e cadeiras confortáveis contribuíam para uma atmosfera intimista. Um garçom simpático o conduziu a uma mesa reservada perto da janela, com vista para as luzes cintilantes da cidade. Poucos minutos depois, Rafael apareceu, vestindo uma camisa social azul que realçava seus olhos e um sorriso caloroso nos lábios.

— Boa noite, Lucas. — disse Rafael, apertando a mão de Lucas e sentando-se em frente a ele. — Estou feliz que você pôde vir.

— Eu não perderia isso por nada. — respondeu Lucas, sentindo um calor agradável ao ver Rafael.

Eles começaram a conversar sobre assuntos triviais, pedindo vinho e compartilhando histórias do dia. Aos poucos, a conversa se aprofundou. Rafael queria saber mais sobre Lucas, sobre suas inspirações e sua vida fora do estúdio.

— Você mencionou que sua arte é muito pessoal. — Rafael comentou, olhando diretamente nos olhos de Lucas. — O que te inspira?

Lucas hesitou por um momento, tomando um gole de vinho antes de responder.

— Muitas coisas me inspiram. — disse ele, pensando cuidadosamente. — Minhas experiências de vida, as pessoas que conheci, os lugares onde estive. Mas, acima de tudo, acho que é a busca por entender e expressar emoções humanas. Minha arte é uma forma de explorar e compartilhar essas emoções.

Rafael assentiu, fascinado pela profundidade das palavras de Lucas.

— Isso é incrível, Lucas. Acho que é isso que torna sua arte tão poderosa. — ele disse, sinceramente.

A conversa fluiu naturalmente, e a conexão entre eles se aprofundava a cada momento. Rafael compartilhou detalhes de sua própria vida, falando sobre os desafios de gerenciar uma grande empresa e a pressão constante de atender às expectativas de sua família.

— Às vezes, sinto que estou sempre tentando provar algo para os outros. — confessou Rafael, sua voz carregada de uma vulnerabilidade rara. — É difícil encontrar um equilíbrio entre o que eu quero e o que esperam de mim.

Lucas ouviu atentamente, sentindo-se mais próximo de Rafael ao ouvir suas confissões.

— Eu entendo isso. — disse Lucas, suavemente. — Acho que, no fim das contas, todos estamos buscando esse equilíbrio. É importante não perder de vista quem realmente somos.

O jantar continuou, e a atmosfera ao redor deles parecia desaparecer. O restaurante, com suas luzes suaves e música tranquila, tornou-se um cenário íntimo para uma noite que prometia ser memorável.

Quando a refeição chegou ao fim, Rafael olhou para Lucas com uma expressão de gratidão e algo mais, uma intensidade nos olhos que Lucas não pôde ignorar.

— Esta noite foi maravilhosa, Lucas. — disse Rafael, sua voz baixa e sincera. — Sinto que estamos nos conhecendo de uma forma muito especial.

Lucas sorriu, sentindo o mesmo.

— Eu também sinto isso, Rafael. — respondeu ele, sua voz suave.

Ao saírem do restaurante, Rafael sugeriu uma caminhada pelo parque próximo. Era uma noite clara, com a lua brilhando no céu e as estrelas pontilhando a escuridão. Eles caminharam lado a lado, conversando sobre sonhos e ambições, rindo e compartilhando silêncios confortáveis.

O parque estava tranquilo, com apenas algumas poucas pessoas passeando e o som distante do tráfego da cidade. As árvores balançavam suavemente com a brisa noturna, e o ar estava perfumado com o cheiro de flores silvestres. Quando pararam em frente a um lago iluminado pela lua, Rafael virou-se para Lucas, sentindo um impulso irresistível.

— Lucas, eu... — começou Rafael, hesitando por um momento antes de continuar. — Eu sinto algo muito forte por você. Algo que vai além do profissional. Eu sei que pode ser complicado, mas não quero esconder mais isso.

Lucas olhou para Rafael, sentindo seu coração acelerar. Ele deu um passo mais próximo, sentindo a gravidade do momento.

— Eu também sinto isso, Rafael. — confessou Lucas, sua voz tremendo levemente.

Antes que qualquer um dos dois pudesse dizer mais alguma coisa, Rafael inclinou-se e os lábios dos dois se encontraram em um beijo suave e cheio de significados. Foi um momento que pareceu suspenso no tempo, uma promessa silenciosa de algo que ambos estavam prontos para explorar.

Quando se afastaram, ambos sabiam que o jantar havia sido apenas o começo de algo muito maior, algo que desafiaria suas vidas e carreiras, mas que valeria cada momento.

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