A festa

Durante a festa fomos recebidos por alguns conhecidos do Cesare, depois de alguns cumprimentos e apresentações sentamos em uma mesa, estava apreciando uma bebida que meu noivo me deu e ele me pediu que levantasse e fosse com ele cumprimentar o governador.

__ Boa noite, Sr. Governador, belíssima festa, essa aqui é Eduarda MARTINELLO minha noiva – o homem que tinha idade para ser meu pai olhou-me de cima a baixo e sorriu de forma grosseira.

__ Belíssima menina, um pouco nova para você não acha? Bem, se ele não te quiser, eu quero hein- ele tentou brincar, mas Cesare fechou a cara imediatamente.

__ Se o senhor quiser continuar dentro da nossa folha de pagamento ou vivo, tendo tudo que tem eu sugiro que não fale da minha noiva, ou amanhã pode aparecer outro homem apto a assumir seu cargo caso aconteça algo com o senhor, afinal está velho e gordo, vou relevar sua audácia hoje por estar no meio de civis, mas não dirija mais a palavra a nós, o Don saberá dessa sua afronta – o homem ficou branco e intervi chamando Cesare para dançar comigo.

__ Mi amore vamos dançar logo- ele puxou minha cintura e me deu um beijo na boca, foi o meu primeiro beijo e minhas pernas ficaram bambas.

__ Não se preocupe Duda, não sou cabeça quente, não vou matar o governador aqui, jamais aceitarei que falem isso de você, consegue me imaginar ouvindo calado esse tipo de coisa- ele disse.

Fomos dançar e depois sentamos em uma mesa, estava distraída com o movimento e Cesare estava conversando com o tio que ele me disse ser o consiglier.

Puxo a barra do terno e aviso que vou ao banheiro, a essas alturas ficaram apenas os associados e famílias da máfia, a organização finalizou com as outras pessoas.

__ Tudo bem, Arnaldo está aqui e te acompanha até a porta, não se preocupe que não tirarei os olhos da porta também- ele disse.

__ Eu sei, não me preocupo, essas coisas eu deixo para você- levantei e sai acompanhada do Arnaldo.

Cheguei ao banheiro e fui fazer xixi, estava terminando quando ouvi uma conversa:

__ Você viu o gato do Cesare lá, ele não fica feio nunca, a noiva dele é bonita, mas não está a altura dele, ela é sem sal, e tem outra parece que ele está meio obsessivo com ela, dizem que foi na escola e quase deu coisa feia com um professor- falou uma e fiquei horrorizada em como essas notícias correm.

__ pois é o Cesare que saiu comigo era bem de boa, não tinha obsessão nenhuma por ninguém, esse aí dizem que se olhar torto para ela ele mata- falou a outra.

Sai do banheiro e quando me viram ficaram preocupadas.

__ Eduarda, você está linda- falou nervosa.

__ Linda e sem sal né- falei debochada, eu nem reconhecia essa minha face, mas estar ao lado dele me dava a coragem que eu não tinha.

__ Querida, não é o que parece- ela falou e eu cortei na hora.

__ Não se preocupem que não pretendo falar nada para meu noivo obsessivo, ele me protege e faz o mundo por mim, não acredito que saibam o que é isso, mas enfim- finalizei e sai do banheiro furiosa, afinal as pessoas sempre julgariam o que acham certo ou não conforme o que pensam e não com o que é realidade.

Sai do banheiro e acabei esbarrando em um homem, que segurou na minha cintura, fui me desculpar e vi que era o primo do Cesare, Eduard eu acho.

__ Cuidado parente, podia se machucar – ele falou apertando com a mão, a minha cintura, não foi um aperto para me segurar e impedir de cair, foi um aperto para tocar e eu não gostei disso.

Eu ia responder quando ouvi barulho de arma e ouvi Cesare falando.

__ Larga a minha noiva Eduard, ou hoje seu pai fica sem filho e você sem vida – o olhar direcionado a ele tinha ódio.

__ calma priminho, sua noiva quase caiu eu fui apenas ajudar- ele falou soltando a mão e eu não consegui responder, por um instante achei que seria como meu pai, ele estaria furioso comigo e certamente me agrediria.

Cesare me deu o braço e fomos para a mesa, ele não falou nada até que sentássemos.

__ Você está bem? Vou avisar ao governador que iremos embora e você espera aqui, Arnaldo está ao seu lado, se precisar tá bem?- ele falou e eu só assenti com a cabeça.

Entramos no carro em silêncio e Cesare pareceu notar o meu desconforto então fechou uma janela que nos separou do motorista e disse:

__ Duda olha para mim, o que houve que ficou assim – ele foi colocar meu cabelo atrás da orelha e eu me encolhi por impulso, só quem já apanhou sabe os traumas que carrega e mesmo ele nunca sendo violento comigo, não consegui não sentir medo.

__ Duda eu nunca vou te tocar de forma que te machuque, não sou o stronzo do seu pai, eu gosto de você e quero só te proteger- ele beijou a minha mão, braço e foi subindo beijos que estavam alertando algo dentro de mim, o calor estava tomando conta de todo meu corpo então eu respondi para quebrar o desejo que se formava na minha intimidade.

__ Eu não fiz nada, tinham duas meninas no banheiro e falavam algumas coisas sobre mim e como você era lindo e perfeito tal, que eu era sem sal ou não estava a sua altura, fiquei meio desnorteada e quando sai do banheiro esbarrei nele que me segurou, ele é do colégio e hoje que se apresentou a mim como seu parente, me segurou de uma forma que eu não gostei sabe, mas eu nunca faria nada por trás de você, ou esconderia nada, eu achei que você ia me culpar e me agredir como meu pai fazia, desculpe- desenrolei a falar e ele me olhou com calma e disse:

__ se ele te tocar novamente me diga na hora, eu mato aquele infeliz, e é bom saber que você que conta tudo e que posso confiar em você, geralmente meu irmão me escolhe para essas festas, pois sabe que eu tenho paciência para isso, porém quando o assunto é você eu perco toda a paciência– ele voltou a distribuir beijos e eu sorri.

__ E aquelas meninas não sabem, mas sou eu que sou pouco para você, você é perfeita na medida e linda na medida, eu me arrisco a dizer Eduarda, que amo você, que o nosso casamento seja eterno enquanto dure e que dure para sempre- ouvir aquilo me deixou emocionada e comecei a retribuir seus beijos levada pelas palavras ditas.

Cesare me convidou para ir até a praia caminhar ao seu lado, aceitei, pois seria nosso primeiro passeio romântico, afinal andar na praia com essa lua em uma noite tão estrelada é sim muito romântico.

__ Arnaldo, Stefano aguardem aqui que já voltamos- meu noivo falou e eles concordaram.

__ Não é perigoso? Estar sozinhos aqui- perguntei e ele riu.

__ Posso cuidar de nós dois, amor, está segura comigo e não quero que ninguém veja os amassos que quero dar, vamos lá, prometo que não vou te atacar- ele falou me deixando vermelha.

Fomos em direção à praia e ele tinha tirado o terno, começamos a conversar sentados na areia.

__ Me diga Sr. Cesare, me conte algo sobre você, vamos casar em alguns meses e podemos ser os melhores amigos do mundo- falei com a cabeça escorada em seu ombro, era a primeira vez que tínhamos um momento mais íntimo, tirando o beijo na escola e as jantas no apartamento onde a minha irmã está morando.

__ Sou o irmão do meio da família Mansur e futuro consiglier, sou extremamente ciumento e possessivo, gosto de carros e armas e nunca sai com uma prostituta na minha vida, nada contra, mas eu gosto de meninas que são frágeis, delicadas e doces, essas que a bochecha fica vermelha ao mínimo toque- falou passando a mão em meu rosto.

__ sou ótimo com armas brancas também e com planos estratégicos, amo lasanha e vinho, gosto muito de qualquer sobremesa que tenha chocolate, ah e também sou frequentador assíduo da academia do complexo- ele foi prático e objetivo e gostei disso.

__ Uau, agora sou eu, sou a irmã do meio de três irmãos, o oposto da Sofia que não queria e tinha um plano de fuga desde cedo, eu sempre almejei um casamento perfeito, sabia que era praticamente impossível pela experiência que tínhamos em casa, meu pai sempre foi um monstro, ele me beliscou tantas vezes na minha vida que não posso contar- falei isso e vi o maxilar do meu noivo trincar

__ eu amo dançar, comer sorvete, salgado pizza e macarronada, amo exercícios e sonho em ser mãe, quero poder me apresentar na formatura com a dança que ensaiamos o ano todo e mostrar meu potencial, tenho medo de cobras e filmes de terror, e amo cachorros, meu sonho era um Pug, mas meu pai nunca quis me dar, nunca toquei em uma arma e não pretendo, após casar quero poder ajudar famílias carentes, na escola tem alguns bolsistas que não levam nem lanche para comer, sempre ajudo algumas delas mesmo que as meninas da escola digam que eu não deveria, quem sabe virar assistente social após terminar o colegial- fui 100% verdadeira no que disse e ele sorriu.

__ Nossa mãe tem um projeto social incrível amor, vou te levar lá quando nos casarmos, vou cuidar de tudo para que se apresente, sim, sua proteção é em primeiro lugar, e seu pai pode esperar a punição que virá para ele - ele finalizou e me beijou.

Nossos beijos e amassos ficaram quentes e resolvi intervir antes que fizéssemos uma besteira.

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