Estava voltando de uma viagem estressante e nada produtiva, queria apenas chegar em casa e olhar para a minha filha, dar o seu beijo de boa noite e dormir um pouco.
Mas tudo não passou de um desejo que logo foi interrompido por uma mulher que parecia a ponto de infartar, apenas por conta de uma pequena turbulência no vôo. O medo que ela emanava me lembrou a minha irmã quando adolescente, eu tinha que passar o vôo inteiro segurando a mão dela e pedindo que ela me contasse as coisas mais banais possíveis.
E acabou sendo isso que distraiu a bela mulher ao meu lado, o que me fez sorrir foi a facilidade e o medo com que ela contava as coisas mais absurdas possíveis, até me esqueci da dor de cabeça que vinha sentindo desde o fim da reunião.
Quando o avião pousou, foi que pude ver a cor dos seus olhos, que permaneceram fechados o tempo todo, a sua surpresa ao ver o "estrago" que fez em minha mão, me fez sorrir e sair o mais rápido possível.
Em casa, a minha princesa de olhos coloridos já estava dormindo, como previ, mas não deixei de lhe dar um beijo nos seus cabelos ruivos, iguais aos da sua mãe, fiz um pequeno carinho e fui para o meu quarto, que se encontrava frio.
Pela manhã, acordei com a voz mais doce que conheço nesse mundo, e mãozinhas curiosas me cutucando, abri um sorriso e mordi um dos seus dedinhos, a fazendo soltar uma gargalhada fofa.
— Bom dia, meu amor.
— Budia, papai.
— Se comportou com a vovó?
— Sim.
— Muito bem.
A puxo para os meus braços, e lhe encho de carinho, Raila é uma menina doce, sorridente e muito inteligente, mas a falta de uma mãe a faz ser de certa forma, um pouco carente.
Quando a Aubrey faleceu, quatro anos atrás, no nascimento da nossa pequena, uma parte de mim se foi, mas não pude permitir que o luto de perder a minha esposa me privasse de dar todo o amor e carinho que a minha filha precisa.
Por isso faço questão de cuidar tão bem dela, evito trazer outra mulher para casa, pois, não estou pronto para outro relacionamento, quando os desejos da carne falam mais alto, prefiro fazer isso fora de casa, e depois, volto para os braços da minha pequena.
— Papai.
— Oi, princesa.
Estamos tomando café, e antes de ir para a empresa, sempre deixo a Raila na escolinha.
— Eu quelia uma festinha da Valente — mesmo já tendo quatro anos, ela ainda fala algumas palavras errado.
— Valente?
— Sim. A princesa do cabelo igual o meu, papai.
— Você gostou dela?
— Sim!!! E ela tem o olho vede, igual esse da Lalá — ela aponta para um dos seus olhos, que por serem de cores diferentes, são um verde e outro azul.
— Tudo bem, filha. O papai faz uma festinha da Valente. Agora que tal escovar os dentinhos?
Ela sorri e se joga nos meus braços, eu a ajudo escovar e já sigo com ela no meu colo, para a escola. Na empresa, assim que entro, sinto um perfume que fez minha memória viajar, logo sinto a minha mão que está com um pequeno curativo, formigar.
Quando levanto o olhar, vejo a moça do avião, mas o que ela está fazendo aqui? Interrompo a pequena discussão que a recepcionista está causando, ao exigir que a moça use roupas de acordo com as normas da empresa, o que quase me faz rir, já que não temos normas rígidas, a única restrição é que usem roupas adequadas ao ambiente profissional.
Percebo quando ela me reconhece, e apenas pelo silêncio dela, posso imaginar que ela esteja lembrando de tudo que me falou devido ao medo. Vê-la se embaraçar toda ao me pedir que esquecesse o que houve ontem me faz rir, claro que não vou esquecer, mas também não sou tão desumano a ponto de difama-la.
Estou na minha sala, um tempo depois, quando ouço uma batida na porta, e ao permitir, o mesmo perfume invade minhas narinas, levanto o olhar, e lá está a "moça do avião" que agora, sei, se chama Helena Jones.
— A nova diretora de finanças.
Observo ela com um sorriso discreto no rosto, estávamos realmente sem una diretora, só não imaginava que fosse ela, a substituta, já que estamos passando pelo "rodízio" de funcionários. Uma troca semestral que fazemos, onde vários funcionários são transferidos entre as empresas.
— Bem vinda, senhorita Helena — vejo quando ela se arrepia, os olhos levemente arregalados, o peito subindo e descendo mais rápido — o Tyler já lhe apresentou a empresa, suponho?
— Si... Sim, senhor Salavitta.
— Ótimo! É um prazer conhecê-la, Helena.
Estendo a minha mão — que não está enfaixada — e ela aceita, o toque é delicado, ao contrário de ontem, que continha medo, e uma certa brutalidade, agora é suave, e posso sentir uma pequena corrente atravessar os nossos corpos, me fazendo sentir um grande arrepio, o que dispara o meu coração.
Soltamos as mãos como se um raio houvesse atravessado, nos causando choque, o seu sorriso vacila ao olhar nos meus olhos.
"O meu gatinho tem os olhos com cores diferentes, como é o nome que dá? Tá na ponta da língua"
"Heterocromia"
A sua voz soa em meus ouvidos, pois, a sua pergunta é a mesma que a minha pequena sempre faz, "Papai porque temos olhos de cores diferentes?" "É um detalhe para nos deixar mais bonitos, filha" "É tipo um super poder?" "Não... Mas..." "A vovó também tem, não é papai?"
— Você tem olhos lindos, senhorita Helena.
— Obrigada, senhor.
Ela baixa o olhar, os olhos iguais ao da minha pequena, verde e azul, enquanto os meus, um é verde e o outro, castanho como mel.
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Atualizado até capítulo 24
Comments
Deise
Mulher para de arregalar os olhos ou eles vão cair daqui a pouco 🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣
2025-02-27
2
Deise
Fofa🥰🥰
2025-02-27
2
viviane
/Heart//Heart//Heart//Heart/
2025-02-13
2