Terras novas.

Durante o café da manhã, Alan e Ferdinando estão sentados a mesa.

----Então, o que ela disse?

----Ela não é muito de falar , mas pelo menos disse que se chama Eliza!

Ferdinando joga o guardanapo sobre a mesa e diz

----Vou até o quarto, quero vê-la melhor!

Antes que ele pudesse levantar , Alan segura firme no seu ombro.

---Nem pense nisso! Ela ainda está muito assustada para dar de cara com um boêmio feito você!

---O... o quê está querendo insinuar? Acha mesmo que eu seria capaz de me aproveitar de uma mulher repulsiva como aquela?!

Alan levanta e fala num tom firme

---Fique longe daquele quarto!

---Até parece que eu sentiria atração por ela, aposto que deve ser mais feia que um dragão!

As horas se passaram e Eliza se limitou a ficar no seu quarto, de repente a porta se abre e Valkiria entra acompanhada de uma criada.

---Viemos trocar o curativo!

---Milady, não se dê ao trabalho, posso fazer isso sozinha!

---Estou cumprindo ordens do Conde!

A criada desenrola a faixa do ombro dela deixando o ferimento exposto, era um corte profundo.

----Ecaaa! Valkiria exclamou

A serva limpa a ferida e em seguida aplica a pomada de maneira brusca, Eliza por sua vez, morde os lábios para aguentar a dor. Valkiria assitia a tudo com um ar de satisfação.

----Como conseguiu esse ferimento, acaso foi pega roubando?

---Não! Não sou uma ladra!

----Então, me diga , quem é você e de quem está fugindo?!

----Eu..

"Tenho medo de contar, não posso confiar em ninguém!"

A secretária esbraveja

---Responda de uma vez!

Ela permanece em silêncio, então Valkiria senta na beirada da cama e a encara fixamente.

----Se pensa em tirar alguma vantagem do conde, esqueça! O meu trabalho é mantê-lo bem longe de oportunistas feito você! Assim que chegarmos na capital desapareça das nossas vistas! Eu fui clara?

----S-sim...! Milady, eu agradeço tudo o que fez por mim. As roupas e os remédios e ....

----Agradeça ficando bem longe de nós!

Dito isso, ela e a criada saem, enquanto Eliza fica pensativa e murmura.

----Como posso ir embora, se tenho uma dívida com ele?!

Três dias depois.

Eles chegam ao seu destino, o navio é atracado no cais da cidade.

A tripulação desce, Eliza está entre eles e assim que coloca os pés no chão , ela respira aliviada dando uma boa encarada no lugar. De repente , uma mão grande puxa o capuz da sua cabeça.

---Para onde pensa que vai? Alan perguntou

Ela engole seco e se vira.

----Eu vou embora!

---Para onde ? Acaso conhece alguém por aqui? Não vê que a cidade pode ser muito perigosa!

----Mas acontece que...

---Acontece que você tem uma dívida comigo! Pretendia ir embora sem me pagar?!

----Não sei como posso pagá-lo?!

Ele inclina a cabeça e sussurra no ouvido dela

----Eu sei exatamente como pode!

Ela fica em silêncio e os dois se encaram por alguns segundos, até Valkiria se aproximar com um semblante de surpresa, a essa altura , ela tinha certeza que Eliza já estava bem longe.

----Milorde, o que está acontecendo?

Ferdinando que havia descido antes se aproxima deles e diz.

---A carruagem acabou de chegar, vamos!

Puxando Eliza pelo braço, Alan se apressa até lá.

----Milorde, para onde está me levando?

---Fique quieta! Vamos conversar melhor durante a viagem!

Dito isso, eles sobem na carruagem, logo em seguida Ferdinando e Valkiria também entram.

No caminho, eles se encaram em silêncio, menos Eliza que está cabisbaixa.

----Não vai nos contar porque trouxe essa mulher? Ferdinando perguntou.

---Mal posso esperar para saber o motivo? Valkiria diz.

Alan volta a sua atenção para ela

---Alugue uma casa que fique distante da cidade, e contrate uma tutora para ela! Compre também vestidos e sapatos!

Ela range os dentes inconformada e se esforça ao máximo para não sair do controle, afinal , era apenas uma secretária e tinha que cumprir ordens. Ferdinando por sua vez o confronta

---Não nos deixe no escuro, meu amigo. O que tem em mente?

Ele dá um longo suspiro e responde

----Vou acabar de uma vez por todas com as tentativas do meu tio em me arranjar uma esposa!

---Você não pode estar falando sério?! Está dizendo que essa mulher será a sua esposa?

----Tenha mais respeito quando for se referir a futura condessa! Alan diz

Valkiria pressiona as mãos sobre a barra do vestido na tentativa de controlar a fúria que crescia dentro dela, cada vez que olhava para Eliza, ela teve vontade de arremessá-la pela janela.

----Milorde, está no seu juízo? O seu tio jamais vai aceitar uma mulher como essas como a sua esposa!

Alan cruza os braços e fica em silêncio.

Eliza por sua vez, encolhe os ombros em silêncio, por mais duras que aquelas palavras fossem, ela sabia que era a mais pura verdade.

"Talvez ele só esteja pregando uma peça em todos nós! Ela pensou"

A secretária chega no seu limite e esbraveja

----Em que mundo , uma vira-lata como ela , teria qualificação para ser a Condessa?

----Isso quem vai decidir sou eu! Limite-se apenas em cumprir minhas ordens! E não se atreva a ofendê-la novamente! Alan esbravejou de volta.

Ferdinando se surpreende com a maneira inédita que o amigo tratou Valkiria.

"Ele está fora de si!"

Eliza então abre a boca, ela teve medo daquilo realmente ser verdade.

----Milorde, sou muito agradecida pelo que fez por mim, mas creio que casar com o senhor é uma grande loucura!

----Pois eu digo que é a única maneira de pagar a dívida que tem comigo! Você não tem escolha a não ser aceitar!

Dias depois.

Castelo do Conde.

Enquanto passeavam pelo jardim, Margareth( tia de Alan) e Dayane ( sua filha) se questionam sobre o comportamento dele.

----Não acha que o seu primo está agindo de maneira estranha?

---Sim, até mesmo os criados notaram a sua mudança!

Margareth dá um longo suspiro e diz.

---Isso me preocupa! Há dias que não vejo nenhuma criada saindo dos seus aposentos, sem falar que ele não chega mais tarde da noite, como antes!

---O meu pai sabe o motivo dessa mudança?

---Não ! Ele está tão surpreso como nós! Bom...ao menos ele aceitou o meu convite para o chá da tarde. Você chamou a sua amiga?

Ela revira os olhos e responde a mãe.

----Sim! Olivia chegará em breve!

No escritório, Alan está examinando alguns documentos, quando Raymond bate na porta e entra.

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