Um novo amnhacer.

Alan fica em silêncio, observando aquele semblante desesperador. Nesse momento, Ferdinando e Valkiria tentam se aproximar mas desistem ao sentir o odor horrendo vindo daquela parte. Depois de pegar o seu relógio das mãos dela , Alan levanta e anda até eles, Ferdinando coloca o lenço no nariz e o repreende

---Acaso perdeu o juízo? Nunca devemos nos aproximar desses mendigos!

Valkiria por sua vez, olhou enojada para ela e sussurrou

---Repulsiva!

A mulher que estava sucumbindo no chão, dar um gemido forte e desmaia, o capuz que ele leva na cabeça cai deixando o ferimento do seu ombro exposto. Alan se apressa para ajudá-la.

Horas depois.

Incrédulo, Ferdinando o confronta.

---Seu louco! Como foi capaz de trazê-la? E se ela tem algum tipo de doença contagiosa?!

----Aqueles não são ferimentos causados por doença!

Valkiria também se opõe

----Devo concordar com ele! Acho que foi muito arriscado trazê-la conosco, não fazemos ideia de quem é essa mulher!

Alan lança um olhar de reprovação para ambos.

----Ela é só uma pobre coitada que com certeza está fugindo das pessoas que lhe fizeram mal! Onde raios, vocês deixaram sua humanidade?!

---Que seja, mas isso não é problema nosso! Você não pode consertar as mazelas da sociedade, como nobres devemos manter distância desse tipo de gente!

Alan se aproxima do amigo e coloca a mão direita no ombro dele.

---Você sabe que existem muitos tubarões nesse mar, não é mesmo?

----Sim...mas onde quer chegar com essa pergunta?

Ele pressiona a mão e Ferdinando sente uma leve dor .

---Se não quiser virar a comida deles, fique de boca fechada!

Em seguida , Alan encara Valkiria

---Providencie remédios e roupas para ela!

A secretária não soube explicar , mas a preocupação do Conde em relação aquela mulher lhe despertou um sentimento de irritação.

Dito isso, Alan vai para um outro lado do navio e fica pensativo, olhando para o horizonte.

Valkiria e Ferdinando se encaram .

---O conde disse que pretendia arranjar uma esposa, mas parece que seus planos foram arruinados. Sabe o que ele quis dizer com isso?

Ele olha de relance para o amigo e responde

---Não faço a menor ideia! Mas notei que ele vem agindo estranho há alguns dias...Na verdade , o meu amigo nunca foi mais foi o mesmo depois que descobriu as verdadeiras intenções do seu tio.

Horas depois.

Toc...Toc..

---Conde , posso entrar? Valkiria perguntou

----Sim!

Ela entra e muda o seu semblante quando o vê somente de sobretudo sentado na poltrona.

---O que foi milady , sente-se desconfortável?

---Mas é claro que não! Já o vi assim diversas vezes.

Ela senta de frente para ele e encruza as mãos sobre as pernas.

---Só vim dizer que aquela mulher já está apresentável. Argh...o seu odor era repugnante!

----Ela falou alguma coisa?

----Não! Parece mais um bicho assustado.

Alan traga a sua taça de vinho e diz

---Típicos sintomas de quem sofreu maus-tratos! pela quantidade de ferimentos que tem, deve ter sido torturada por muito tempo!

---Torturada?

---Sim.... Infelizmente, ainda há muitos nobres que mantêm escravos nos calabouços de duas mansões!

Valkiria franze a testa

---Pensei que sua majestade , o imperador , havia abolido essa prática do país!

----Isso não quer dizer que de fato tenha acabado! Os próprios membros do conselho mantém mulheres e homens como escravos sexuais! Fazem isso por ouro desejo de posse, infelizmente, essas pessoas são tratadas como objetos de diversão até não aguentarem mais e morrerem!

----So de me imaginar sendo torturada , sinto calafrios por todo o corpo!

---Nem imagino os sofrimentos que ela deve ter passado! Alan diz.

----Milorde, o que pretende fazer com essa mulher?

Ele levanta e responde.

---Agora...irei vê-la!

Ela se coloca na frente e diz.

----Acho imprudente fazer isso vestindo apenas um sobretudo, vai deixá-la ainda mais assustada!

---Você tem toda razão, que cabeça a minha!

Observando a secretária imóvel na sua frente, Alan a encara e sorri

----Milady, não pretende sair para que eu possa me trocar?

Constrangida , Valkiria se apressa até a porta e sai.

Minutos depois.

Toc ...Toc..

Alan entra no quarto e não vê ninguém na cama, mas quando vira o rosto , avista uma mulher escolhida no canto da parede com a cabeça enfiada nas pernas. Ele se aproxima com cuidado e diz

----Sente-se melhor ?

Sem receber nenhuma resposta, o homem se agacha e fala num tom sereno

----Não tenha medo! Lhe dou a minha palavra de que ninguém irá machucar você, não somos esse tipo de canalhas!

"Ele está falando sério? Acho que sim...do contrário, não teria me ajudado! E mesmo que esteja mentindo, estamos em pleno mar, não tenho para onde fugir!

Então, ela ergue o rosto e o encara.

"Que olhos lindos e, ao mesmo tempo amedrontados!" Ele pensou.

----Como se chama?

---E...Eliza !

---É um prazer Eliza, me chamo Alan!

----Estamos em um navio?

----Sim...estamos navegando para o sul do país, onde fica o meu condado!

Ela lembrou que já havia visto desenhos de navios em um livro, mas nunca se imaginou dentro de um.

De repente, um ronco é ouvido, ela aperta o estômago envergonhada.

---Você deve estar faminta ! Perdão por não ter notado antes!

----Milorde, eu...

O seu estômago ronca mais alto e Alan cai na gargalhada.

----Hahaha! Para alguém tão pequena, você tem um estômago bem barulhento! Vamos...

----Isso mesmo , posso comer aqui mesmo no chão!

---Ele esfrega o rosto e diz.

----Está bem, vou pedir para uma criada lhe servir!

---Obrigada! Se não fosse por vossa generosidade, há uma hora dessas já estaria morta!

Alan muda o seu semblante e a encara fixamente.

---Não fiz isso porque sou generoso! Eliza , agora você tem uma dúvida comigo!

Dito isso, ele sai deixando-a pensativa.

Horas depois .

Já era de Madrugada e mesmo com o corpo ainda fraco, Elisa teve vontade de explorar o lugar, então ela sobe até a parte de cima do navio. Ao se deparar com a imagem deslumbrante do mar , ela segura firme na borda do navio e respira fundo, de repente o seu nariz é inundado pelo cheiro agradável e úmido que vinha da maresia, e os seus ouvidos são tomados pelo agradável som que as ondas faziam. Aquilo proporcionou-lhe um sentimento inédito de liberdade.

—--Que sensação maravilhosa! É como se todas as minhas correntes tivessem desaparecido, pela primeira vez não sinto mais medo!

Diante daquele espetáculo lindíssimo, Eliza permaneceu imóvel contemplando o nascer do sol, como um brilhante e novo amanhecer.

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