Capítulo 04 - Revelações, Confrontos e emoções

Maurício ergueu uma sobrancelha, relembrando os eventos daquela fatídica noite.

— Não. Foi Péssimo! André pegou a primeira mascarada que apareceu, você a segunda, e eu fiquei junto ao bar bebendo um copo atrás do outro, com a cisma de pegar a garota mais feia da festa. Até que chegou aquela garota que se juntou a mim no bar e começamos a beber juntos. Por alguma razão aleatória, bebemos todas, fomos parar em um quarto de hotel, mas ela fugiu de mim antes que eu abrisse os olhos e acordasse com aquela enxaqueca infernal no dia seguinte!

Lucas o interrompeu, zombeteiro:

— Isso já faz mais de dois anos e você ainda não esqueceu? Isso significa que não deve ter sido tão ruim assim. Além disso, está reclamando de quê? Apesar de não ver o rosto dela, você ficou caidinho por aquela garota e disse que não descansaria até encontrar o paradeiro dela. Pelo visto, não encontrou, não é? Ou encontrou e ela acabou fugindo de você outra vez?

Maurício ponderou sobre os acontecimentos daquela noite e confessou:

— Na verdade, eu a encontrei. Contratei um detetive para isso.

Lucas ficou surpreso:

— E por que não foi atrás dela? Ela era tão feia assim?

Maurício suspirou, revelando a verdade:

— Não, na verdade, ela era linda. Mas tinha cheiro de problema. Os detetives descobriram que ela era filha de um casal de criminosos famosos, especializados em grandes golpes aqui na cidade. Imagina eu, Maurício Fontana, me envolvendo com uma garota dessas? Certamente ela faria parte do mesmo ciclo criminoso, e eu seria mais uma vítima nas garras dessa gente.

Ao ouvi-lo, Lucas ponderou sobre a possível ameaça que a garota representava e expressou seu alívio:

— Que bom que você estava de máscara e ela não te viu, você poderia ter caído em uma enrascada!

Maurício, no entanto, soltou um suspiro, revelando a verdade:

— Ela me viu. Eu estava sem a máscara quando acordei. O que significa que ela viu o meu rosto.

Lucas ficou surpreso:

— Se ela te viu sem máscara e é de uma família de golpistas, por que ela não veio atrás de você então?

Maurício deu de ombros, sentindo um misto de alívio e confusão:

— Não faço ideia, mas sinto alívio por ela ter me deixado em paz.

Os dois ficaram em silêncio por um momento, até que Lucas quebrou o silêncio com a proposta para sair.

— Então, vai sair comigo e o André ou não? Quem sabe hoje é o seu dia de sorte.

Maurício hesitou, arranjando uma desculpa:

— Tenho muito trabalho para fazer, vou ficar até mais tarde no escritório fazendo hora extra.

Lucas o encarou com reprovação.

— Você que sabe, depois não reclame se acabar ficando solteirão para sempre. O amor da sua vida pode estar em uma balada por aí agarrado a outro, enquanto você escolhe ficar aqui no escritório.

Maurício suspirou após a saída de Lucas, permitindo-se cair em pensamentos. Por alguma razão, sua mente o levou de volta à dança ao lado de Olivia. Um sorriso involuntário surgiu em seus lábios ao recordar como ela parecia uma fada naquele momento. Mas então, uma onda de autocrítica o atingiu:

— Que merd*, Maurício! Olivia trabalha nessa empresa há anos, e por que de repente você se vê atraído pela secretária do seu irmão? Você realmente é um otário. Se importa com o fato dela ter pegado aquele buquê ridículo? Não. Isso é apenas coisa da sua cabeça. Que tipo de homem se importa com isso?

Ele se lembrou de sua paixão por Safira e questionou-se sobre o que estava acontecendo consigo mesmo.

— Não sei o que está acontecendo comigo. Acho que estou ficando louco.

Ao fim do expediente, Olivia estava organizando suas coisas para ir embora quando Maurício se aproximou de sua mesa, anunciando que os dois ficariam até um pouco mais tarde para fazer hora extra. Olivia retrucou, expressando sua insatisfação, mas Maurício foi incisivo:

— Não adianta resmungar, Olivia. Eu preciso de você aqui na empresa, e não se fala mais nisso. Você tem que me obedecer, a menos que queira ficar sem trabalho.

A fumaça quase saía das narinas de Olivia quando ela respondeu com indignação:

— Não sei se você sabe, mas isso que está fazendo é muito baixo.

Maurício respondeu com calma, mas com autoridade:

— Baixo ou não, poupe sua opinião sobre mim. Se quiser, pode ir embora, mas já sabe as consequências.

Olívia respirou fundo, tentando conter sua raiva diante da imposição dele. Ela perguntou, com um tom contido de indignação:

_ Ok, Posso pelo menos fazer algumas ligações antes?

Maurício, com seu tom provocativo, respondeu:

— Você sabe que não deveria estar fazendo ligações pessoais aqui. Estamos no ambiente de trabalho, afinal.

No entanto, ele rapidamente adicionou:

— Mas entendo que você precisa avisar a seus pais que chegará um pouco mais tarde do trabalho.

Olívia respirou fundo, controlando sua frustração e respondeu sarcasticamente e com um tom irônico:

— Muito obrigada!

Ela discou o número do seu melhor amigo Eduardo, que trabalhava como motorista de aplicativo.

Enquanto Olivia posicionava o celular no ouvido, Maurício se dirigiu de volta à sala da presidência. Contudo, seus passos frearam quando ouviu Olivia conversando com alguém ao telefone.

— Oi, gatinho. Vou sair um pouco mais tarde do trabalho hoje. Te mando mensagem quando for pra vir me pegar.

Eduardo assentiu do outro lado da linha:

— Tá certo, gatinha. Estarei atento ao telefone. Até mais tarde então.

Maurício entrou na sala, agora com uma mistura de irritação e inquietação, enquanto Olivia do lado de fora, fez outra ligação para a babá Mag, avisando que ficaria por mais tempo na empresa hoje. Ela também mandou uma mensagem para Lila informando para a amiga ir encontrá-la um pouco mais tarde.

Minutos depois, Olivia entrou na sala onde Maurício estava, um tanto cismada. Ele a provocou, sugerindo que não se preocupasse, pois não faria nada que ela não quisesse.

— Não tenho medo algum de você. Temer ser atacada por você seria como temer ser atacada por outra mulher.

Maurício ficou possesso:

— Acha que sou gay, é isso?

Olivia respondeu calmamente:

— Não acho que seja Gay não.

Maurício ficou atordoado com a resposta, questionando-se sobre o que ela quis insinuar. Vendo sua expressão confusa, Olivia acrescentou:

— Tenho certeza de que você não é gay, relaxa. Só quis dizer que, para mim, é como se fosse, já que nada neste mundo me faria ficar com você. Não sei o que está acontecendo com você ultimamente mas, tenho um conselho para te dar, Maurício Fontana: não se apaixone por mim, senão, você vai cair do cavalo.

Maurício ficou em silêncio, sua mente em turbilhão. Percebendo a confusão estampada em seu rosto, Olivia apenas sorriu, sabendo que havia deixado sua mensagem bem clara.

Maurício, sentindo-se desafiado pelas palavras de Olívia, a pressionou contra sua mesa, olhando profundamente em seus olhos. Com uma voz rouca e cheia de intensidade, ele perguntou:

— Se isso é verdade, então por que você fica nervosa toda vez que eu me aproximo?

Os hálitos deles se misturaram no ar carregado de tensão, enquanto Olívia respondeu com determinação:

— Eu só fico nervosa porque todas as vezes em que você se aproxima, eu sinto...

Maurício a interrompeu, ansioso para ouvir sua resposta:

— O que?

Olívia olhou fixamente para ele, seu coração batendo mais rápido do que nunca. Ela respirou fundo antes de continuar:

— Sinto vontade de fazer uma coisa.

Maurício, intrigado, questionou:

— Que coisa é essa?

Olívia, decidida, segurou-o pela nuca e o beijou, perdendo-se completamente naquele momento de intensa paixão.

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