Capítulo 2 - O Baile

Os dois estavam caminhando por um longo tempo a procura da casa da velha bruxa, e não conseguiam encontrar, talvez não fosse tão fácil como eles pensavam.

Unises começou a se cortar inteiro nos arbustos e tava ficando com raiva daquela situação, talvez dessa forma ele pudesse entender o que o Nino passava quando dividia o trabalho com ele.

— Por qual motivo você não estava todo cortado como eu estou agora Nino? Esses arbustos são um pesadelo, minha nossa.

— Bem, eu encontrei a fonte da cura e mergulhei dentro dela, assim consegui me curar totalmente de todos os cortes. — Nino responde dando gargalhadas.

— Acha mesmo que acredito nessas suas palavras, isso são apenas rumores de que existe essa tal fonte milagrosa, ninguém nunca a encontrou de verdade.

— Vai se arrepender da suas palavras quando a gente encontrar ela, não diga que eu não avisei. — Nino fala fazendo caretas.

Não demorou muito tempo depois que chegaram no bosque e adentraram mato a dentro, até que acharam a fonte e Nino correu até ela e pulou dentro de cabeça.

Unises ficou parado de boca aberta sem acreditar no que os seus olhos estavam vendo, pela primeira vez as palavras do Nino havia se cumprido. Era de se esperar já que o Nino tinha a sua reputação de ser um mentiroso nato.

— Tudo bem, agora acredito em você Nino, mas quero ver mesmo se essas águas tem poder de curar!

— Vai em frente, entra aqui e veja...

Assim que ele entrou e mergulhou e sua cabeça saiu de dentro da água, ele olhou ao redor e nada aconteceu, por algum motivo importante.

— Hahahah... sabia que você não era digno dos poderes da cura, hahaha... — Nino fala berrando de empolgação.

— Seu mentiroso! Você disse que curava, cadê então?!

— Ele disse a verdade meu jovem guerreiro! — Disse a velha bruxa ao se aproximar dos dois.

— Aah! Unises, olha atrás de você... é a velha!

— Olá, prazer em conhecê-la senhora. Meu nome é Unises, e o seu?

— Rapaz educado, é um prazer. Meu nome é Naila, acredito que um jumentinho carregando algumas frutas silvestres devam ser suas, não?

— Sim! Infelizmente o Nino deixou ele pra trás depois que se assustou com a senhora. Me desculpe a arrogância dele.

— Tudo bem, eu entendo o medo dele, as pessoas falam sobre mim coisas perversas. Mas, são coisas do passado, nada que importe ou mude a minha vida. O jumentinho está amarrado na minha casa, se puderem me acompanhar seria grata.

— Vamos Nino! Levanta daí.

— Oh! Unises, tem certeza que é bom confiar nessa velha? Ela da medo, olha os meus pelos todos arrepiados, quase tive um infarto quando vi ela atrás de você, pensei que ia te perder pra sempre e eu seria o próximo...

— Deixa dessa ladainha, ela não é perigosa, se fosse eu saberia, minha intuição diz que ela é gente boa, e você sabe que a minha intuição nunca erra, vamos.

Os três andaram lentamente pelo bosque até a casa da Naila, ficava bem pertinho daquela fonte de águas vivas, e apesar da humildade do lugar, era bem aconchegante.

— Oh! Senhora Naila, por que disse que o Nino falava a verdade sobre a cura da água? Pois nada aconteceu comigo, continuo todo cortado.

— Apenas os jovens de coração puro e de mente vazia podem ser curados por aquela fonte, ela corre das profundezas da floresta até ser derramada ali dentro, e passa molhando toda a terra do bosque.

— Espera um momento, quer dizer que eu não tenho um coração puro? Eu sou uma boa pessoa! — Unises fala intrigado.

— Você entendeu errado, quando quero dizer pessoas de coração puro, significa que precisa ser inocente quanto as coisas más desse mundo, se não habita no coração a maldade do universo então nada impede que a cura seja ativada.

— Então eu tenho maldade no meu coração? Isso é pior ainda...

— Hahaha... Você é engraçado Unises quando fica confuso, faz muito tempo que alguém não alegra o meu coração desse jeito. Mas entenda, por algum motivo você não tem nenhum rancor dentro do seu coração? Algum motivo que lhe deixa triste e com raiva do mundo ou das pessoas?!

— Hum... sim, infelizmente. Meus pais foram assassinados assim que o Nino nasceu, nunca perdoei os caras que fizeram isso com eles, fiquei sozinho e abandonado com o Nino ao meu lado. Nossa vida não foi fácil depois que eles faleceram, tivemos que trabalhar muito duro durante nossos anos de vida ao lado do nosso pai adotivo chamado Jhan.

— Foi como pensei meu jovem, você precisa perdoar as pessoas que fizeram isso com eles, só assim você encontrará a paz para a sua alma e só então o seu coração ficará leve e suave. — Naila diz derramando uma lágrima de seus olhos.

— Sem chance alguma! Eles não merecem o meu perdão, um dia pagarão caro pelo que fizeram e não terei misericórdia assim como não tiveram dos meus pais. Vão sofrer muito até que peçam a morte. — Unises fala com raiva em seu semblante.

— Credo Unises, pra quê tanta fúria no coração, eu não sei por qual motivo eles mataram nossos pais, mas isso não significa que eles não mereçam o nosso perdão, quando perdoamos quem nos feriu a recompensa vem pra gente, somos os mais beneficiados tomando essa atitude. — Fala Nino com um sorriso no rosto.

— Sábias palavras meu pequenino, você é muito inteligente pra sua idade sabia? — A senhora diz acariciando os seus cabelos.

— Nino é só uma criança, tem muito o que aprender da vida ainda, não vamos mais perder tempo aqui, obrigado por cuidar do nosso burro, mas agora temos que ir, já estamos mais do que atrasados... vem Nino!

— Voltem mais vezes quando puderem, gostaria de lhes oferecer algo para comer. — Naila agradece com um largo sorriso no rosto por ter conhecido dois belos jovens.

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Bem longe dali, e muito distante num campo aberto e cheio de belas flores e rosas com pétalas coloridas, morava a jovem Jadita com sua irmã mais velha, as duas moravam sozinhas e trabalhavam na horta e plantações diariamente para se sustentar durante as semanas.

Elas plantavam diversos tipos de alimentos; batatas, cenouras, legumes, tomates, pimentão, beterraba e milho. Não apenas isso, eram enormes quantidades, o suficiente para suprir um vilarejo inteiro e ainda sobraria um pouco pra mais alguns dias.

A vida pra elas foi difícil no começo de suas idades, mas ficou mais fácil com o passar dos anos com o crescimento de suas vendas constantes no comércio do Reino da Planta. Era um lugar amplo e cheios de barracas vendendo todos tipos de utensílios, roupas e objetos diversos para cada gosto dos clientes.

Sua casa ficava um pouco distante das muralhas grandes da feira livre, onde chegava todos os tipos de pessoas para comprar e vender coisas únicas, tanto caras como baratas, de todos os preços.

— Hélia! Cheguei... você não vai acreditar no que aconteceu comigo hoje. — Jadita fala toda animada.

— Não me diga, você foi atacada por rebeldes e foi salva por soldados fortes e bonitos? Hahaha... — Hélia fala abraçando sua irmã.

— Não, não foi isso, foi melhor ainda. Você não vai acreditar!

— Então me conta, quero saber todos os detalhes dessa sua aventura incrível. — Hélia fala se jogando no sofá e caindo de braços abertos, pegando uma almofada e segurando em seus braços, toda alegre.

— Bom, eu estava caminhando tranquilamente pela estrada até que umas abelhas assustou o Gorky, então ele saiu correndo todo desembestado pra dentro da floresta. Então comecei a gritar bem alto pra alguém me ajudar, e quando menos esperava um rapaz lindo pulou de cima de uma árvore e me agarrou pelos braços e caímos no chão, eu em cima dele, e ficamos olhando um pro outro por algum tempo.

— Pelos espíritos! Minha nossa, e então o que houve? — Hélia fala jogando a almofada em Jadita.

— Bem, nada demais, nos levantamos e conversamos um pouco e tal. Sorrimos também de alguns assuntos e foi apenas isso, ele me convidou pra ir na fazenda que ele mora, mas como já ia ficar tarde eu recusei.

— Por que? Você podia ter ido, não podia despediçar uma chance como essa! Faz muito tempo que você está solteira, precisa urgente arrumar um marido forte e bonito.

— Acredito que teremos outra oportunidade como essa, sinto que nós dois ainda vamos nos encontrar bastante por essas bandas. — Jadita fala pegando um copo de água e tomando alguns goles.

— Se os espíritos concederem essa chance, eu vou torcer por você minha irmã querida, agora vem aqui, olha os vestidos que comprei hoje pra usarmos no baile de boas vindas do príncipe Fall! São lindos.

— Nossa, onde você os encontrou? São lindos mesmo, que tecido macio. — Jadita pega e estende o vestido. — Além de ser bastante leve e suave, minha nossa Hélia deve ter custado uma fortuna!

— Nem tanto, eu pechinchei com o velho vendendor e saiu por apenas dez moedas de ouro as duas, acabei usando nossas economias neles, um investimento que trará retornos significativos pra nós duas, acredite. — Hélia fala abraçando um dos vestidos.

— Espero que saiba o que está fazendo, estamos numa situação ótima financeiramente, mas não podemos abusar da sorte. A crise pode bater na porta a qualquer momento, você sabe disso.

— Relaxa, eu fiz as contas certinha, temos o suficiente pra durar vários meses. Além do mais, se eu conseguir um encontro com o príncipe Fall terei minha chance de conhecê-lo melhor e quem sabe de podermos ficarmos juntos... — Hélia conta com um largo sorriso no rosto.

— Eu não ficaria tão animada assim não, você sabe os rumores que falam sobre ele, que é arrogante, presunçoso e prepotente. Além de mimado e agressivo, imagina.

— Não acredito em tudo que falam por aí sobre ele, quero tirar minhas próprias conclusões a respeito dele, só assim vou aceitar a verdade, por mais que doa.

— Tá bem, agora vou tomar banho pra descansar, amanhã temos um longo dia pela frente.

— Verdade, estou indo dormir, boa noite.

— Boa noite!

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