Capítulo 15

...Ao abrir a porta, deparei-me com Brenda, uma figura intrigante que frequentava meu círculo de relações noturnas. Seus olhos refletiam uma mistura de curiosidade e desejo. Mantendo a compostura, convidei-a sentar-se....

...— Lambert, querido. Estava com saudades suas, então vim até você. — Ela se aproximou, provocando com um sorriso malicioso....

...— Brenda, sempre é um prazer recebê-la. No entanto, algo inusitado aconteceu esta noite. Uma humana e uma criança invadiram meu jardim. Preciso cuidar disso antes que se torne um problema. — Expliquei, antecipando o possível desconforto em sua expressão....

...Brenda riu, como se estivesse ciente dos infortúnios que nossa espécie poderia enfrentar. Enquanto ela reagia, minha mente permanecia focada em Amélia e nas novas preocupações se ela encontrasse esses humanos aqui....

...— Lambert, sempre no centro de acontecimentos intrigantes. Cuide dos seus assuntos, querido, e depois talvez possamos desfrutar de uma noite mais... íntima. — Brenda sugeriu passando suas mãos por meu peitoral. ...

...— Talvez Brenda, esses dias não tenho saído. Estou mas afundado em trabalho, você sabe. — Falei....

...Ela franziu a testa e me encarou....

...— Trabalho? — repetiu. — Olha amorzinho, eu sei que aqui na sua casa, tem uma humana. Será que você não está me trocando por ela? Meu pai me disse que você só participa das reuniões com ela ao seu lado. — disse ela olhando para mim....

...— Não torne tudo mas difícil, Brenda. Amélia não tem nada a Ver com isso. — comecei a me irritar....

...— Então o nome dela é Amélia, e você está irritado só porque mencionei o nome dela? Parabéns. — disse saindo do escritório e bateu a porta....

...— Ah Amélia, porque tudo tem que ter você no meio? porque tudo tem que girar em torno de você? — soquei a mesa de vidro, e vi ela quebrando-se em cacos....

...Lembrei-me dos humanos no porão, caminhei até lá para resolver logo esse assunto. Assim que parei diante da porta, a mesma estava aberta....

...— Não, não...— falei indo em direção ao quarto de Amélia....

...Encontrei ela muito nervosa e apreensiva, caminhando para lá e para cá no quarto. Quando ela me viu tomou um susto. Nem precisava perguntar se foi ela quem ajudou os humanos fugirem....

...– Amélia você soltou os humanos que estavam no porão, porque? — indaguei tentando manter a calma....

...— Não fique bravo senhor, eles não são pessoas más. Aquela mulher me disse que é mendiga e que viu essa mansão e pulou o muro para pegar comida e dar ao filho. — disse ela tremendo as mãos enquanto falava....

...— Porque tem que se meter em tudo Amélia? porque sempre passa por cima de minhas ordens?...

...Não esperei ela responder, tirei as chaves da porta e tranquei a mesma. Escutei ela bater e pedir para destrancar a porta, mas não dei importância. Fui até a cozinha e dei ordens para que ninguém levasse nada para ela comer e nem beber durante dois dias....

...Os dois dias haviam se passado, não coloquei os pés no meu próprio quarto, nem para saber se Amélia estava viva. Esse era o castigo dela, vamos ver se depois desses dias, ela ficou mas mansa e mudou suas atitudes. ...

...Subo as escadas até chegar no quarto. Destranquei a porta e observei Amélia deitada na cama, olhando para o teto. ...

...— Dois dias na escuridão e no silêncio parecem ter feito você refletir. — Comentei, observando suas reações....

...Ela virou o rosto para mim, mantendo o olhar firme....

...— Não mudarei quem sou por causa disso. — Respondeu com determinação....

...— Vamos ver. — Falei, fazendo menção em trancar a porta novamente e deixa-la lá por mais três dias....

...Antes que eu pudesse fechar a porta, ela veio até mim se agarrado em minhas pernas. ...

...— Porfavor senhor, não me tranque mas. Me puna de outra forma, me mate, me bata novamente, mas me dê um pouco de água e comida. ...

...— Aprendeu alguma lição? — Perguntei, mantendo minha postura....

...Ela levantou o olhar para mim, seus olhos demonstrando cansaço e um pedido de misericórdia....

...— Aprendi que você é capaz de ser mais cruel do que imaginava. — Disse ela ainda me desafiando. ...

...Essa criatura pequena, não muda. ...

...Me agachei ficando da sua altura, já que ela estava de joelhos no chão. Ergo seu queixo fazendo-a olhar para mim....

...— Não se preocupe, Amélia. Sua lição ainda não acabou....

...Fechei a porta do quarto e deixei-a ali, refletindo sobre suas escolhas. Enquanto isso, eu retornaria ao meu escritório para continuar com os assuntos da bendita guerra que ainda não aconteceu. Mas não posso me dar ao luxo de me despreocupar....

...A persistência de Amélia em desafiar as regras e interferir nos meus assuntos estava começando a testar minha paciência. Estava na hora de reforçar as consequências de suas ações. Ao invés de bater nela, optei por deixa-la de castigo. vamos ver no que vai dar dessa vez. ...

...Enquanto as horas passavam, dias virou noites e os três dias passaram normalmente para mim. Se Amélia não se redimiu dessa vez, não tem jeito para ela....

...Sai do meu escritório em direção ao quarto novamente. Mas dessa vez clara estava comigo, levando uma bandeja de comida e água. Mas ela não entrou ainda. ...

...Entrei no quarto e Amélia estava sentada no chão, com as pernas encolhidas olhando para um ponto distante....

...— Então minha escrava, tem algo a me dizer? ...

...— Me perdoe senhor, eu prometo que nunca mas me meto em seus assuntos. — disse fraca....

...Ela implorava por perdão, mostrando arrependimento em seus olhos. A fraqueza física parecia ter trazido uma mudança em sua postura, mas eu precisava avaliar se esse arrependimento era genuíno. Mantive minha expressão séria....

...— Você precisa entender que as regras devem ser seguidas, Amélia. A partir de agora, espero que tenha aprendido a lição. — disse, autorizando Clára a entrar com a bandeja....

...Clára se aproximou, colocando a bandeja de comida e água na mesa ao lado. Amélia olhou para o alimento com olhos famintos, mas antes que pudesse tocá-lo, eu fiz um gesto para Clára retirar a bandeja....

...— Primeiro, precisa me responder. O que te fez agir dessa forma? Por que decidiu interferir nos meus assuntos ? — questionei, observando atentamente suas reações....

...Amélia soltou um suspiro profundo antes de responder....

...— Eu só queria ajudar alguém em necessidade, senhor. Eles eram humanos, assim como eu sou. Eu não consegui ignorar a situação deles. E além disso, também passei fome, e sei que dói....

...Eu a encarei por um momento, ponderando suas palavras. Finalmente, fiz um sinal para Clára devolver a bandeja....

...— Se quer provar que mudou, terá que demonstrar com ações, não apenas palavras. — disse, deixando-a com a bandeja e saindo do quarto....

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