Amigas

Mamãe, eu também estava morrendo de saudades de você e do papai! Onde ele está ?

- Filha, seu pai está fazendo uma de suas obras de caridade, há um velho, que mora aqui nos limites das terras, comum filho, neto não sei… Daí seu pai saiu hoje cedo, dizendo que ia conhecer as terras e conhecer estas pessoas que o Alencar, o antigo dono havia dado mil recomendações ao seu pai para cuidar deles,e tal… Parece que o velho passou mal, e seu pai levou o infeliz para o hospital. Diz Nazaré com inconformação.

- Mamãe… Você não muda nunca! O papai gosta de ajudar as pessoas, a senhora deveria aprender com ele! diz Jordana.

- Minha filha, se eu não mudei em todos estes anos casada com seu pai… Mas enfim! Deixa o Sebastião fazer as caridades dele, até amanhã ele deve estar aí… e você meu amor ? Como está?

Mãe e filha conversam, havia muitos anos  que Jordana havia ido morar no exterior, e não vinha ver os pais, apenas agora, depois de 8 anos ela volta, depois de concluir o curso, pelo menos era o que se pensava…

- Filha! Então… me diz! Como foi sua formatura? Sabia que nós ficamos muito chateados aqui por você não querer que tenhamos ido para sua festa de formatura, seu pai sempre fala com tanto orgulho da filha ser uma grande médica que nem ele!

Jordana desconversa um pouco, com um semblante meio tenso… dava para ver que a moça escondia algo.

- Mãe, eu tenho uma confissão para fazer para você e o papai, e espero que me ajude a convencer  ele…

- Convencer de quê filha? O que houve?

Nazaré já demonstra tensão e preocupação com a filha, vendo o nervosismo de Jordana, a moça de repente parecia ter perdido toda aquela alegria da chegada, Nazaré conhecia bem a filha, sabia que ela havia aprontado alguma coisa.

- Jordana, filha… me conta por favor.. me conta o que você aprontou…

Jordana se senta no sofá, e começa então a argumentar…

- Mamãe… Vocês sabem que o sonho de eu me formar em medicina, foi na verdade um sonho apenas seu e do papai, não sabe? na verdade mais do papai até que seu… argumenta a  moça.

- Filha, não estou entendendo onde você deseja chegar..

- Sabe sim mamãe! talvez você não queira admitir, o que estou tentando dizer, é que não cursei medicina, abandonei o  curso, não tinha nada haver comigo.

- Não tinha nada haver com você? Não tinha nada haver com você? Meu Deus do céu, você tem o que na sua cabeça? Pera! O que ficou fazendo todos estes anos nos Estados Unidos Então? Seu pai mandou dinheiro para você todos estes anos… Questiona Nazaré.

Jordana fica ainda mais receosa, na verdade ela esperava que a reação da sua mãe fosse mais receptiva, talvez não concordasse, mas fosse menos abrupta.

- Mãe, eu sou modelo! tá legal, não fiz sucesso, não decolei mas sou modelo…

- Modelo? Então você desfila… Meu Deus… seu pai, ele vai te matar !

- Eu vou devolver todo o dinheiro que gastaram comigo, tenho certeza que ele vai entender, assim como você também vai entender… Mãe, eu não posso fazer o que eu não amo, o que eu não gosto!

Nazaré estava inconformada com aquilo que a filha havia feito.

- Meu Deus… todos os nossos amigos da sociedade, falamos para todo mundo que você estava cursando medicina em Houston, meu Deus… 

- É assim, é sempre assim… o que importa é a maldita opinião das pessoas, vocês querem viver apenas de aparência! somente isso!

Revoltada Jordana sai de casa, deixando ainda as malas no meio da sala.

- Jordana! Onde você vai Jordana? Volta aqui! Estou mandando!

- Você não manda em mim! Não manda em mim!

A moça pega um cavalo selado, de um dos peões da fazenda e sai sem rumo pelas terras desconhecidas, Nazaré pede ajuda, mas o capataz da fazenda não estava, e tinha apenas dois peões na fazenda que foram colocados para procurar Jordana.

A filha de Sebastião e Nazaré, cavalga até a os limites das terras sem saber, chegando até a cabana abandonada… Que estava vazia, por conta de Sebastião ter levado Ramon junto com Daniel para o hospital.

- Meu… que lugar é este? Será que mora alguém neste local?

Curiosa, ela desce do cavalo, que se agita, Jordana não consegue acalmar o animal e ele dispara para a mata.

- Agora estou bem na fita! Não sei onde estou, meu pai vai me dar uma bronca daquelas, e não vou estar em casa quando ele chegar, portanto a mamãe vai contar a versão dela dos fatos… E não faço ideia de como voltar…

Ela se aproxima da cabana… curiosa para saber se havia alguém ali.

- Boa tarde! Tudo bem! tem alguém ai?

Mas ninguém respondia… Como não havia porta, ela entra na cabana, que tinha apenas duas redes, uma mesinha com duas cadeiras, um banquinho, um fogão de lenha, e um pote com água..

- Meu Deus… como alguém pode viver num local desses! Diz Jordana impressionada com o que via.

Ela decide então ficar ali, até alguém aparecer, se morava alguém ali, com certeza iria chegar a qualquer momento, e lhe ajudariam a voltar para a fazenda.

Enquanto isso no Hospital… Ramon havia sido já devidamente medicado e tratado, e também .

- Daniel, o seu avô vai ficar bem, ele vai ficar dormindo por um tempo, devido a medicação, amanhã cedo voltaremos para casa, me diga, seu avô faz uso de algum medicamento? Pergunta Sebastião.

- Não senhor, não usa… até então ele nunca tinha tido nada, apenas se queiava de estar cansado com facilidade, mas achavámos ser devido a idade!

- Ele vai prescisar tomar uma medicação Daniel, o coração do seu avô está fraco, fraco e cansado, ele prescisa de cuidados, gostaria de ajudar vocês, de que viessem morar comigo na fazenda, Daniel você ainda é jovem , pode estudar, prescisa estudar, e pode trabalhar para mim, morando mais perto de mim, posso ajudar principalmente caso o senhor Ramon sinta uma crise cardiáca. explica Sebastião.

Daniel embora até se empolgue com a ideia, afinal, ele sempre desejou trabalhar, mas sabe que convencer o avô não seria  tarefa fácil.

- Compreendo que dificilmente seu avô vai aceitar sair daquela pequena tapera, contudo, não estão sozinhos, Daniel, desde que nunca me traiam a confiança, sempre poderão contar comigo…

- trair a sua confiança senhor! jamais, O que o senhor fez pelo meu avô, nunca vou esquecer.

- Descanse, e não se preocupe, amanhã cedo, vamos pegar a estrada para casa, se quiser comer alguma coisa, pode ir na cozinha do hospital, eu mandei preparar um prato de comida para você, se quiser eu levo você até lá, o velho Ramon vai dormir e vai demorar acordar.

- Eu quero sim, na verdade estou com uma baita fome! 

Na tapera, Jordana via o dia escurecer, e estava começando a ficar com medo, já que ninguém aparecia, e o arrependimento de ter saído de casa daquele jeito… Na fazenda Nazaré estava assutada já com o sumiço da filha, mas como não conhecia nada da região, Os eões continuavam a caçar pela filha dos patrões mas sem sucesso.

No arredores da tapera, Jordana escuta pisadas… Alguém se aproximava, se era bom ou ruim, era um mistério.

- Daniel! Sr Ramon! chamava a voz do lado de fora, era uma voz de mulher, era Yasmin, que levava comida para Daniel e Ramon…

Ao ouvir que era uma mulher, Jordana resolve sair…

- Quem é Você? O que faz na cabana do Daniel e do Sr Ramon? Pergunta Yasmin.

- Daniel? Ramon? Quem são estas pessoas? Pergunta Jordana.

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