AQUI
Ana entra em seu quarto. A jovem ainda segurando o trinco da maçaneta se encosta na porta.
A jovem respira fundo. Ao olhar tudo ao seu redor acaba derramando uma lágrima. A bela se contém, enxuga o rosto e caminha em direção a cama onde esta a uma pequena mala. Tudo está pronto para a sua partida. Ana sem sono olha para a janela e vê o seu reflexo no vidro dela. A melancolia de sua alma invade o Vicente. Ela sente um frio no estômago. Ana caminha em direção a janela e olha para o céu. As estrelas se esconderam e naquele dia não deram brilho e nem luz a noite. Nem isso a jovem pode ter como acalento para a sua alma. Apesar disso ela abre a janela e sessenta no beiral. O céu está negro e a noite fria. O vento congelante parece uma navalha que ao bater no rosto de Ana a faz se sentir mais só.
Ana encosta a sua cabeça na janela e abraça suas pernas. O choro quer vir, mas ela o engole e se mantém com os olhos fixos para o nada. Ela não consegue dormir. Um filme passa diante de seus olhos. E ela começa a se fazer perguntas que não consegue responder. Sem saber da onde veio e nem para onde vai, Ana se sente angustiada. O seu peito dói, como se uma faca tivesse a perfurado. Um frio em sua espinha a faz respirar com dificuldade. Mais do que triste, ela esta sem saida. Sem saber o que fazer e pra onde ir.Sentada ali ela fica durante várias horas. As cores do céu aos poucos vai mudando. O que era completamente negro passa atingir um tom azul escuro em seguida um tom alaranjado. No horizonte o sol começa a nascer e Ana a temer. Ela escuta batidas na porta.
ALMERINDA- Ana....Ana.....
Uma senhora entra no quarto, seu olhar carinho e gentil avista Ana na janela.
ALMERINDA- Ana? Ana? Está pronta?
Ana se levanta e fecha a janela. A jovem coloca seu cabelo atrás da orelha e olha para a senhora que tem como mãe.
ANA- Por favor me deixa ficar mais um pouco aqui....
Almerinda não é mãe de Ana, mas ama como se fosse. Ela também está triste com a partida da jovem, mas infelizmente não pode fazer nada para que ela fique.
ALMERINDA- Ah! Minha querida....É as regras ...você sabe! Aqui você não pode ficar..... Você já completou 18 anos e não pode mais ficar no orfanato...
ANA-Eu...eu trabalho aqui....Eu...eu... Eu cozinho....limpo....Eu lavo, passo, faço qualquer coisa....mas não me manda embora daqui!
ALMERINDA- Sente- se Aqui..... Eu vou lhe explicar mais uma vez.....
As duas se sentam na cama. Almerinda pega na mão de Ana e acaricia.
ALMERINDA- Aqui como em qualquer outro lugar possui regras ....Nem eu e nem ninguém daqui pode te contratar.... É o governo que envia os funcionários... Eles fazem uma seleção para isso, além do mais, não estamos precisando de mais nenhum funcionário.
ANA- AQUI...AQUI...AQUI É A minha casa.... Eu cresci aqui....pra onde eu vou agora? Eu não tenho para onde ir .... Não tenho amigos, só tenho vocês..... Me deixa ficar....ninguém vai saber....
Almerinda com dor na alma abraça Ana. Ela já com os olhos marejados de lágrimas tenta esconder sua tristeza. Juntando forças em seu ser ela fala otimista para que Ana não se sinta abandonada e só.
ALMERINDA- Você disse bem! Tem a nós...fique certa disso...No que precisar. pode contar conosco. Você sempre estará em meu coração. Fique certa de que nunca, jamais e em tempo algum isso que está acontecendo irá mudar o sentimento que tenho por você. Pra mim você é como uma filha.....saiba que se eu pudesse fazer algo, eu o faria! Mas infelizmente Já chegou outra menina...E ela vai ficar aqui no seu quarto....em seu lugar.... Ela nesse momento está precisando mais do que você de carinho e abrigo. Me desculpe... Eu tentei...
ANA- Eu sei....
Ana engole mais uma vez o choro. Almerinda passa a mão nos cabelos de Ana. Ela acaricia seu rosto.
ALMERINDA- Pegue.... Essas são minhas economias .... Isso servirá para você pagar por um tempo um lugar para ficar....
ANA- Eu...eu não posso aceitar....
ALMERINDA-Aceite.... É de coração... De uma velha que não tem ninguém....para uma jovem linda que considera como filha.
As duas se abraçam e nesse momento não conseguem mais segurar o choro. Elas choram muito até que novamente a porta se abre e a diretora do orfanato entra.
DIRETORA- VAMOS...VAMOS.... Vida que segue...Olha! pra você não dizer que te colocamos pra fora daqui com uma mão na frente e outra atrás.....eu vou te de esse cartão.... E de uma pessoa que está procurando uma empregada....ligue para ele ..... Quem sabe você não se encaixa no perfil e consegue o trabalho....hã?! Ânimo! ninguém morreu! Todo mundo tá vivo! Vamos ..pegue sua mala....
Ana sai dos braços da mulher que a criou e cuidou durante todos os seus anos de vida. Ela se levanta pega a sua mala e vai em direção a diretora do orfanato. Ela pega o cartão com o número do telefone da pessoa que está oferecendo um trabalho. A jovem olha para Almerinda mais uma vez. Ela funga o nariz e sai do quarto.
DIRETORA-Ah! Por favor ...para de choro...toda vez é assim! Sempre quando uma tem que ir embora você chora... Vamos... você tem que fazer amizade com a novata....ela tá fazendo um escândalo no meu escritório....Eu não aguento mais tanto grito! A única que pode conseguir acalma-la é você ... anda... Vem....você está aqui é pra isso!
Ana vai em direção a saída do orfanato. O porteiro abre a porta de entrada e saída. Ela engole seco, com suas mãos suando frio e com um vazio em seu estômago sai sem olhar para trás.
Um homem todo de preto caminha até a varanda de sua casa fumando um charuto e com um copo de whisky na mão. Ele olha para o céu negro e enquanto escuta a música 🎶Low Tide- Tom Rhodes
🎼Down here in the rain fields
Outside of the glow
My world's getting smaller
Oh, no, oh, no
Blue skies in daylight
Where do they go?
Count me in the wreckage
How long, how low?
Ooh, we're falling down, ooh
Ooh, we're falling down, ooh🎼
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Atualizado até capítulo 96
Comments
Jane Silva
😭😭😭😭😭
2024-11-21
0
Joseleide Galvincio
começando hoje 20/11/2024
2024-11-20
0
Danea Maria Pithan Santos
eu, 18-11-2024
2024-11-18
0