Oi, diário. Hoje foi mais um desses
dias comuns em que o sol se põe no horizonte de Nova York. Desci as escadas
para o jantar, e Clarisse já me esperava na sala de jantar, um lugar que eu
raramente visitava por causa das minhas reclusas atividades em casa. A mesa
estava elegantemente posta, com pratos que exalavam aromas de especiarias de
diferentes partes do mundo.
"Boa noite, Senhorita Eduarda.
Como foi seu dia?" perguntou Clarisse com um sorriso caloroso enquanto
servia o primeiro prato.
"Ah, foi... normal, sabe? Fui a
um parque, observei as pessoas, e depois, Clarisse, eu só estava pensando em
algumas coisas", respondi, hesitante em compartilhar demais.
Clarisse me olhou com uma expressão
que denotava uma mistura de curiosidade e preocupação. "Às vezes, pensar é
bom, minha querida, mas tenha cuidado para não se perder em seus próprios
pensamentos. Algumas coisas podem ser difíceis de compreender, especialmente
para alguém da sua idade."
Ela sempre parecia tão compreensiva,
como se soubesse mais do que dizia. Minha mente, no entanto, estava voltada
para o meu diário. Assim que terminei o jantar, agradeci a Clarisse e subi para
o meu quarto. Era hora de desabafar com meu fiel amigo de páginas em branco.
"Oi, novamente, diário. Estou de
volta depois de mais um dia na vida da Duda. Às vezes, acho que a Clarisse sabe
mais do que deixa transparecer. Você acha, diário? Será que ela sabe algo sobre
o trabalho misterioso do meu pai?"
O silêncio do diário me fez perceber
o quão solitária minha vida poderia ser. "Você é minha única companhia,
sabia? A única que não me julga, que não tenta mudar quem sou. Às vezes, me
sinto tão estranha em meio a esse mundo controlado."
A noite avançava, mas eu não
conseguia parar de escrever. Era como se as palavras estivessem transbordando
de mim. "Sinto falta da minha mãe, diário. Mesmo que ela tenha escolhido
se afastar, sinto falta dela. Às vezes, me pergunto se ela sabe sobre mim,
sobre a minha vida. Se ela se importa."
Eu estava em um estado de
vulnerabilidade, desabafando com o diário como se fosse um confidente real.
"E meu pai, diário? Esse trabalho misterioso dele me intriga tanto. Será
que ele é realmente um agente secreto, ou há algo mais obscuro por trás disso?
Clarisse... será que ela sabe? Eu deveria perguntar a ela?"
A lua brilhava fora da minha janela,
e eu continuei a escrever. "Hoje, no parque, observei um grupo de amigos
se divertindo. Eles riam, conversavam, eram livres. Eu queria ter isso, diário.
Amigos com quem eu pudesse compartilhar minhas alegrias e tristezas."
As palavras fluíam como se estivessem
esperando anos para serem liberadas. "Mas eu sou Maria Eduarda da Silva
Windsor, uma garota que vive entre mundos, constantemente mudando de lugar. Não
há espaço para amigos, não há espaço para uma vida normal."
Tive um momento de reflexão,
encarando o diário por alguns instantes. "Você é meu refúgio, diário. O
único lugar onde posso ser eu mesma, sem restrições. Às vezes, sinto que você é
meu único amigo, mesmo que seja apenas um objeto inanimado."
Enquanto escrevia, senti uma
necessidade crescente de entender melhor o que estava acontecendo ao meu redor.
"Diário, o que você acha que aconteceu com a minha mãe? Por que ela
escolheu se afastar? Será que ela se preocupa comigo, ou eu sou apenas uma
lembrança distante para ela?"
Ainda absorta em meus pensamentos,
ouvi um suave toque na porta. "Senhorita Eduarda, está na hora de dormir.
Amanhã será outro dia agitado", disse Clarisse, interrompendo minha
conversa com o diário.
"Estou indo, Clarisse. Boa
noite." Guardei o diário rapidamente, fechei a tampa do tablet e apaguei a
luz. Deitei-me na cama, mas minha mente continuava ativa. "Até amanhã,
diário. Espero que amanhã traga mais respostas do que perguntas."
Assim, em meio à incerteza e à
solidão, encerrei mais um dia na vida da Duda, a garota com um diário como
confidente e um mundo cheio de mistérios ao seu redor.
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Atualizado até capítulo 39
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